A Estrada da Polana (vulgo Caracol) foi a primeira via de acesso rodoviário da cidade de Lourenço Marques, actual Maputo à praia da Polana. Caso raro na cidade podemos ver como foi há mais de 100 anos a sua construção através da reportagem do fotógrafo A. Cunha e podemos comparar com a actualidade os pontos principais.
Vou tentar localizar as fotos. Para as primeiras é dificil pois na base do Caracol foi preciso construir uma plataforma de suporte e uma parte da plataforma não é visível actualmente para que se possa comparar. Mas podemos fazer uma boa ideia. Parecendo que não e com os meios da época os poderes públicos e os executantes fizeram um grande esforço para um trabalho bastante complexo e concerteza de custo elevado.
FOTO 1 - anos 50 de Carlos Alberto Vieira para referência
Em 1910-11 o Caracol era a única estrada na zona. Começava no Nível 0 e passando pela Entrada subia para a Polana. |
As estradas A, B e C foram construidas depois, a A e/ou a B talvez em parte utilizando a plataforma feita para o Caracol. O que na foto (e actualmente) é a Entrada na altura era a "Curva 0" do Caracol.
FOTO 2 - trabalhos junto à praia |
Deve ter sido tirada de onde era Curva 0 e agora é a Entrada olhando para a Catembe |
Para se ascender do Nível 0 até esta cota donde se tirou a foto, vê-se ao fundo que se construía um grande um muro de pedra que teve de subir até este ponto (à direita temos o declive para a praia). O muro teria cerca de 0.8 m de largura (a única referência é a altura das pessoas talvez de 1.5 m a 1.6 m). O espaço até ao muro foi depois aterrado e por cima foi construída a via (penso que também em pedra). Dá ideia que embora menos construído nessa altura haveria outro muro mas menos forte quase encostado à barreira que tinha sido desmatada e alisada.
FOTO 3.a. - a plataforma vista de mais longe
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Vê-se aqui da praia a plataforma construida com o muro de pedra e aterros para se subir do Nivel 0 para a Curva 0 (mais um pouco da estrada a caminho da Curva 1). Estimo que a altura máxima da plataforma (à direita nas fotos) seja por volta de 8 metros.
Do lado esquerdo na FOTO 3.a. e ao centro da 3.b. e em cima vê-se uma estrutura que como se pode verificar na FOTO 6 em baixo servia para fazer descer a pedra clara com que o muro foi construido. Na FOTO 3.b. pode-se também ver o volume do trabalho de terraplanagem e aterro necessário (zona desbravada em cima, lisa em baixo para encostar terra à parede interior do muro) - ver mensagem com mais detalhe sobre a plataforma.
FOTO 4 - trabalhos já na barreira acima da plataforma
Trabalhos entre a Curva 0 e a Curva 1 (ao fundo à direita) já acima da plataforma das FOTOS 3. Escavações e aterros mas nesta cota mais elevada já não era preciso muro de suporte. |
Na foto seguinte pode-se ver esta zona, com várias curvas no Caracol quando pelo menos esta parte estava concluída.
FOTO 5 - mais acima
Carro a sair da zona da FOTO 4 e chegar à Curva 1. Vai-nos acompanhar no resto da subida. Repare-se no riquexó parado à esquerda. |
FOTO 6 - mais acima
Carro a chegar à apertada Curva 2 com a palhota no meio do cotovelo. Vê-se a estrutura inclinada referida na legenda das FOTOS 3 ao fundo. |
FOTOS 7
Carro na Curva 3, tendo saído da Curva 2 que se vê à direita com a palhota
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FOTO 8 |
Estamos na Saída do Caracol para a antiga Av Duques de Connaught / Engels. O carro ainda vem na Curva 4 em baixo |
O Caracol foi projectado ou ou seu projecto pelo menos acessorado pelo major Freire de Andrade que foi entre 1906 e 1910 Governador de LM e Geral de Moçambique e do ramo Engenharia. Segundo o Eng. Lopes Galvão, Freire de Andrade teve de intervir por haver dificuldades com o projecto e daí resultou "uma estrada magnífica que venceu o grande desnível da falésia em lacetes graciosos e bem delinerados".
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