Ver depois importante mensagem complementar.
Instituto de Apoio à Criança Nosso Futuro (I.A.C.N.F.)
na Av 25 de Setembro (localizado frente ao quarteirão entre a Rua Massavanhane e a Av. Barre) |
FOTO 2 - Actual |
Verde claro: I.A.C.N.F. Verde escuro: Antigas vilas de residência de funcionários dos C. F. L. M. Vermelho: Pormenor dos I.A.C.N.F. para comparar com a Foto 3 de 1929 |
As FOTOS 1 e 2 em cima foram tiradas do exterior do recinto do Porto para o seu limite norte.
Vamos agora ver que estes edifícios já existiam em 1929, através da sua comparação com fotos antigas tiradas do interior do recinto do Porto próximo do seu limite norte. Começamos pelas vilas que eram um grupo de casas semelhantes, neste caso um correr de casas encostadas de 2 pisos que podemos ver na FOTO 3 em foto do suplemento O Ilustrado do jornal Notícias de Lourenço Marques das colecções da Biblioteca Pública Municipal do Porto.
FOTO 3
Duas das vilas por trás da linha férrea separadas do recinto do porto por um gradeamento |
Podemos agora ver para além das vilas os edifícios que correspondem ao actual I.A.C.N.F.
Noto que na FOTO 4 só se vê o segundo piso mas vê-se que à esquerda (visto daqui) do actual I.A.C.N.F. havia armazéns de R/C dos quais se viam os tubos de respiro nos telhados das traseiras.
Pelo menos algumas construções apareciam numa foto de 1907 tirada junto ao Matadouro Antigo.
FOTO 5 de cerca de 1907 (Barué)
Sombra do Matadouro Antigo à direita. As vilas de 2 pisos ao fundo e uma ou mais cantinas mais próximas da objectiva |
As foto actuais do I.A.C.N.F, as fotos antigas do Matadouro Velho e as tiradas por Santos Rufino no interior do recinto do Porto permitem visualizar uma passagem do Livro de Ouro de M. Helena Bramão sobre a fundação em 1924 do Clube Ferroviário:
«Junto do Matadouro (velho) havia uma cantina onde se jogava o chinquilho (HoM: ou Jogo da Malha em que se atiram discos de metal para acertar num pau), e ali se reunia, nas horas vagas, o pessoal de Tracção que cultivava aquela modalidade de jogo. Perto havia o campo de futebol do Sporting Clube de Lourenço Marques («mais tarde campo de treinos do 1.° de Maio») onde se disputavam os campeonatos da Associação local. Um dia do mês de Setembro de 1924, à porta dessa mesma cantina, abria-se uma quota entre indivíduos para a compra de uma bola e respectiva bomba. ....Da compra da bola nasceu a ideia de se fundar o Clube . . Eis o teor da 1 .a Acta: «Aos 13 dias de Outubro de 1924, pelas 20 horas, reuniu-se na casa n.° 13 de Vila Mousinho, um grupo de ferroviários que deliberou fundar em Lourenço Marques uma associação desportiva, denominada «Clube Desportivo Ferroviário» ...
Das Vilas temos agora ideia de onde ficavam e como eram exteriormente e interiormente. A cantina do jogo do chinquilho pode muito bem ser a que se vê na Foto 5 logo por trás do senhor com cajado (havia aqui terreno à farta para atirar as malhas!).
Das Vilas temos agora ideia de onde ficavam e como eram exteriormente e interiormente. A cantina do jogo do chinquilho pode muito bem ser a que se vê na Foto 5 logo por trás do senhor com cajado (havia aqui terreno à farta para atirar as malhas!).
Com estes elementos e mesmo passados quase 90 anos não nos custa muito imaginar um grupo de maquinistas e fogueiros ao fim dum dia de trabalho sairem para comer e espairecer, andarem uns 100 metros para vir à cantina, confraternizarem jogando ao chinquilho, como havia campo de futebol perto decidirem comprar uma bola (e era preciso fazer uma sociedade para isso!), começarem a dar uns chutos, lembrarem-se de que podiam formar um clube e reunirem-se à noite onde residiam pelo menos alguns deles para formalizar a ideia.
Esta decisão de fundar o Clube Ferroviário veio da base e não do topo da empresa. Até hoje teve impacto na vida de centenas de milhares de pessoas se incluirmos atletas, funcionários, adeptos e os familiares deles. Com esta resenha ficamos com uma muito melhor ideia de quem eram as pessoas simples que tiveram a iniciativa (na Foto 4 temos o pessoal da Tracção), de como viviam (nas Vilas), de como se divertiam (nas cantinas e jogando malha e futebol na zona) e genéricamente em que duro contexto físico se moviam - no trabalho sofrendo muito calor e respirando o pó de carvão das máquinas a vapor e nos tempos livres vivendo neste sitio na altura arenoso, sem árvores e afastado do centro da cidade.
Regressando ao presente e ao que resta deste passado.
Regressando ao presente e ao que resta deste passado.
FOTO 6 - há uns anos
Vista da baixa para poente ao longo da Av. 25 de Setembro Verde escuro: as vilas à distância. Verde claro: Edifício do actual IACNF |
Na Foto 6 pode-se ver os 3 pavilhões das vilas ainda bem demarcados. Nas traseiras têm um pátio que deviam servir para pequenas hortas dos trabalhadores residentes..
Para o fundo depois do edifício do I.A.C.N.F não se
consegue ver tão bem que alterações é que houve desde a foto do Matadouro Antigo mas
devem ter sido bastantes.
No centro direita vemos um edifício branco (a fachada lateral do lado nascente e um pouco mais acima a torre de esquina) da sede actual do Clube Ferroviário construida em 1944 que dizer vinte anos depois da sua fundação e aí já com o forte apoio da empresa. |
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