Igreja católica de Santo António na Polana (1/4)

Wikipedia: A Igreja de Santo António da Polana ou Igreja da Polana, é um edifício emblemático do estilo de arquitectura modernista, construído em 1962 na cidade de Maputo, capital de Moçambique. Foi projectado pelo arquitecto Nuno Craveiro Lopes (HoM: faleceu em Moçambique em 1972, filho da Dona Berta). Tem a forma de flor invertida, e é conhecido popularmente como o "espremedor de limão".
Foto original do HoM - clique para aumentar
Na época da construção cerca de 1962
Três fotos do interior mostrando que o tecto da igreja auto suporta-se sem precisar de colunas:
Nos anos 60 ou início dos 70
Recentemente (foto da wikipedia alemã)
Ao fundo, um dos sete altares ao fundo. Foto Jorge Villar
Agora uma vista geral da envolvente para norte ao longo da praia com a Costa do Sol e a ilha da Xefina em frente ao fundo
Foto tirada a partir do Prédio Parque 
Ver interessantíssimo filme da RTP  mostrando a igreja em construção em Novembro de 1960.

Pormenores de duas conceituadas fontes
SIPA Monumentos: Igreja de Santo António Polana / Igreja da Polana, IPA.00027239
Arquitectura religiosa modernista, do século 20.
Descrição
Planta circular e volumetria cónica, constituída pela sobreposição sequencial de 16 membranas poligonais de betão aparente, dispostas radialmente, intercaladas com contrafortes, com os vazios fechados por vitrais policromos, coroada por cruz latina. Inferiormente é percorrido por alpendres triangulares com vãos também triangulares, correspondendo três dos virados a Este a portais.
INTERIOR com pavimento de ladrilho castanho, circundado por nichos triangulares criando espaços funcionais: no enfiamento do portal, fica a capela-mor, com altar sobre plataforma circular, deixando visualizar o vitral representando Santo António no sermão aos peixes. Lateralmente funcionam seis capelas dedicadas a Santo António, São Salvador, Sagrada Família (lado do Evangelho, onde se situam a pia batismal e o confessionário), de Nossa Senhora de Fátima e São Francisco Xavier, do Presépio (lado do Epístola, onde se situam o cadeiral e o acesso à casa paroquial), cada uma com representação alusiva no vitral. O interior da cúpula, com vitrais policromos, resulta numa iluminação cromática do espaço central. O baptistério surge num dos nichos do lado esquerdo da porta principal.

Enquadramento
Urbano, isolado. Ergue-se sobre plataforma adaptada ao declive do terreno, formando adro, vedado por muro e gradeamento, com portões em ferro. Junto à igreja, ergue-se a Residência Paroquial de Santo António da Polana (v. MZ910201000003), com a qual se interliga por túnel subterrâneo. Nas imediações, ergue-se o Liceu D. Ana de Portugal / Escola Secundária da Polana (v. MZ910201000055).

Cronologia
1958 - Projecto da autoria do arquitecto Luís Possolo (Direcção dos Serviços de Urbanismo e Habitação - Direcção Geral de Obras Públicas e Comunicações do Ministério do Ultramar), nunca executado (*1); 
1959 - a Ordem Franciscana atribui a execução do projecto ao arquitecto Nuno Craveiro Lopes (*2)  na sequência de falta de comunicação com a metrópole associada a um ritmo lento da execução dos trabalhos;
1962 - construção da igreja segundo projecto do arquitecto Nuno Craveiro Lopes.

Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes autónomas.

Materiais
Estrutura em alvenaria de betão em bruto; portas de madeira; vitrais.

Intervenção Realizada
1992 - restauro da igreja.

Observações
EM ESTUDO.pelo SIPA *1 - O projeto de Luiz Possolo encontrava-se originalmente localizado num lote de terreno distinto (no gaveto da Avenida dos Mártires de Machava com a Avenida Agostinho Neto), a cerca de 500 metros daquele onde a igreja efetivamente se construiu.
*2 - Nuno Craveiro Lopes completou o curso de Arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa, em 1945, e esteve em vários países africanos a estudar urbanizações tropicais antes de ser colocado em Lourenço Marques, como Chefe do Gabinete de Urbanização das Obras Públicas de Moçambique, em 1952. 
Craveiro Lopes não cobrou honorários pelo projecto à Ordem dos Franciscanos (HoM: e não deve ter sido favor pois ele era funcionário público e a Igreja católica tinha pedido ao Governo um projecto, por isso ele fez a sua obrigação, penso eu de que), mas as alterações que estes fizeram ao projecto original, desgostaram-no tanto que ele cortou as relações com a congregação. De facto, a Ordem substituiu o pavimento de mármore branco por ladrilhos castanhos e alterou a disposição interior do altar-mor, que ficava no centro da igreja, directamente debaixo da cúpula, e não onde hoje se encontra, junto a uma das paredes. Ou seja, segundo o projecto, durante as cerimónias, os crentes sentar-se-iam em círculo à volta do altar-mor, iluminado pelos vitrais policromos da cúpula. Além disso, a Ordem modificou o enquadramento da igreja, construindo junto à mesma dois corpos, para a casa paroquial e salão de festas.
Os principais projectos de Craveiro Lopes foram o projecto tipo de estação de serviço, difundido em Portugal continental e colónias, o Campo Militar de Santa Margarida, o conjunto de prédios da Avenida do Brasil, em Lisboa, a Barragem de Cambambe, em Angola, e a Igreja do Sagrado Coração de Jesus do Chibuto, em Moçambique.

Arq André Renga Ferreira (em que a wikipedia se baseia): 
A nova Igreja da Polana assume-se como um elemento de referência na paisagem urbana, à imagem dos modelos mais arrojados da arquitectura Moderna brasileira um objecto destacado do solo – ou simplesmente pousado sobre 16 vértices - elevando-se numa estrutura piramidal de “pétalas” em betão armado, como uma flor invertida.
O seu interior corresponde a um espaço único de planta circular, caracterizado pela presença esmagadora do betão, atenuada por entradas de luz multicoloridas que lhe escorrem pelo topo, ou que sobem entre os encontros da estrutura com o solo.
O espaço central tem capacidade para 600 pessoas sentadas (ou 900 em pé), estando rodeado por sete altares e uma pia baptismal, que ocupam com intervalos constantes os 16 espaços periféricos junto às entradas de luz.
A simplicidade interior é acentuada pela escolha minimal de materiais de revestimento: para além do betão – rebocado e pintado de branco – e dos painéis de vidro – alguns abertos em persianas, para permitir a ventilação – restam a “pastilha” e o mármore branco, nos pavimentos (HoM: isto devia ser o previsto, nas fotos vê.se que é o pavimento é de ladrilho castanho) e altares. A unidade conceptual desta obra ultrapassa a sua dimensão arquitectónica, e extende-se ao desenho do mobiliário e aos elementos figurativos dos vitrais, cumprindo a vocação Moderna de integração das várias artes.

O texto de André Ferreira também explica que a igreja era incialmente para ser no actual Parque dos Continuadores na esquina da Av. Mártires da Machava com a Av Agostinho Neto (mas não sei se aí ainda é parque) e que seria com este projecto feito em Lisboa.
Projecto do Arq. Luis Possolo, não construido

Comentários

Anónimo disse…
Verdadeira obra de arte