Nos álbuns de Santos Rufino (SR) de 1929 aparece a imagem em baixo de chalés (casas individuais) na Praia da Polana de Lourenço Marques (LM), actual Maputo. No texto SR dizia: "Ao longo da praia, junto ao pitoresco palmar que constitui um agradável retiro, local que muitas famílias da cidade e em especial os visitantes aproveitam para realizar picnics, foram construidos pequenos chalés que têm bastante procura durante a estação quente (HoM: a chamada season pelos sul-africanos).
Olhando bem para os chalés não eram novos ao tempo desta foto e não pareciam muito cuidados por isso devemos dar certo desconto ao que SR dizia, mas adiante ...
FOTO 1 - Santos Rufino de 1929
Chalés na Praia da Polana de LM em vista para norte |
Vê-se no mapa em baixo que eram 8 chalés no total mas pela na foto de cima podiam ser mais. Segundo a brochura turística "Lourenço Marques Golden Mornings Silver Nights" que foi publicada pelos Portos e Caminhos de Ferro Sul-Africanos antes de 1936 (o texto refere que os carros eléctricos ainda circulavam) havia 10 chalés municipais (beach cottages) cujo aluguer custava 7 GBP por mês pagos adiantados. Por mais 2 GBP podiam ser fornecidos uma cama dupla, quatro cadeiras, uma mesa, um lavatório (wash stand) e um armário. Os inquilinos tinham de trazer roupa de cama, talheres, e louças. Estes "bungalows" providenciavam conforto apropriado para férias dispondo de luz e água.
Era também referido que tinha sido acrescentado um troço de estrada à do Caracol, a que inicialmente ligava o Pavilhão de Chá à parte alta, bairro da Polana. Tinha sido então traçada através dos terrenos usados para campismo perto do pavilão uma nova estrada passando por entre as palmeiras, jacarandás e outras árvores indígenas que subia para perto do Hotel Polana onde se juntava a outra estrada. Mas não se percebe bem esta descriçâo dado que refere que no topo do promontório estava o "Sea Point" onde havia um bar e perto estava o Peter's, enquanto que eu supunha que o Peters e o SEaPoint eram a mesma coisa eque que ficam à beira mar e não na alta.
Voltando à foto de cima pode-se intuir dela que a estrada marginal passava entre os chalés e a praia, para norte pois era limitadado lado desta pelas palmeiras que c. de 1926 estavam ainda pequenas.
Na imagem seguinte vê-se ao centro por cima da falésia o Hotel Polana o que permite localizar a zona da praia de que estamos falando:
Na imagem seguinte vê-se ao centro por cima da falésia o Hotel Polana o que permite localizar a zona da praia de que estamos falando:
FOTO 2 - HoM juntou duas fotos (clique para aumentar)
Amarelo: dois dos chalés, presumindo-se que os outros
estavam para a direita quer dizer para norte destes.
Verde: explicação em baixo
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No mapa de 1925/26 aparecem os chalés (e quase não havia construções na cidade mais a norte do que eles).
Mapa de 1925/26
Norte em cima Vermelho: Hotel Polana, aproximadamente. Amarelo: Posição dos dois primeiros chalés, em relação ao Hotel Polana mais ou menos correspondente à da FOTO 2. Roxo: Pavilhão de Chá e Recinto de Banhos Verde: estrada para os chalés que começa no Caracol |
No mapa podemos ver que havia 8 chalés no total mas parece-me que estão desenhados um pouco mais afastados do que na realidade estavam, se olharmos para a foto. Também podemos ver que a estrada para os chalés saía do Caracol e ía passar entre eles e a praia. Se olharmos para a FOTO 2 (clique na foto para aumentar) por baixo das marcas verdes pode-se ver a estrada na ligação entre o Caracol e os chalés. A primeira curva do Caracol devia estar a uns 10-12 metros de altura em relação à praia por isso essa curta estrada para a praia não era muito inclinada como se pode ver na FOTO 2.
Cerca de 1929 esta era a foto da zona que vimos em cima, a certa distância.
FOTO 3
Vista para norte da Praia da Polana
Roxo: Pavilhão de Chá e Recinto de Banhos
Vermelho: Hotel Polana
Verde: por baixo vai a estrada (quase) marginal a sair do Caracol e a descer para os chalés |
Na FOTO 3 só se vê o início da estrada para os chalés mas estes não se vêm pois suponho estão para lá da ligeira curva que a beira mar faz para a esquerda onde parece acabar o arvoredo mais denso e alto. Vê-se no entanto muito bem o passeio marginal pedestre (a linha mais clara ao lado da praia) que como explicamos em baixo chegaria próximo do primeiro chalé.
Do Pavilhão de Chá ao primeiro chalé a distância era de quase 400 metros e há bastante fotos do passeio marginal pedestre que os ligava junto à areia da praia. Esse passeio suponho que terminava pouco antes dos chalés pois aí surgia pela esquerda a estrada que descia da última/primeira curva do Caracol.
Estas duas fotos foram tiradas nesse passeio mas em locais diferentes.
A construção que se vê à direita da FOTO 4 (que não é um dos chalés pois esses estavam mais longe do Pavilhão de Chá e num terreno mais livre) aparece noutras fotos sem se ver muito bem.
FOTO 5 - Santos Rufino de 1929
Passeio marginal pedestre - foto tirada mais perto dos chalés Pavilhão de Chá ao fundo. |
Na imagem de baixo que penso ser posterior a 1929 e que foi tirada a partir do Recinto de Banhos vê-se a praia da Polana para norte, com o passeio marginal elevado em relação à praia como se via na FOTO 5. Infelizmente não se vê o Hotel Polana para se ter a certeza mas penso ver-se também outros elementos interessantes.
FOTO 6
Ao longo do Passeio marginal pedestre
Rosa: Penso ser a construção que se via à direita na FOTO 4
Amarelo: Penso ser pouco antes da zona onde começavam os chalés,
embora talvez aqui com construções maiores
que veremos noutra mensagem.
que veremos noutra mensagem.
À esquerda da foto, por cima da bóia da prancha de saltos: Caracol
Ficámos nesta mensagem a conhecer chalés da Praia da Polana de Lourenço Marques (actual Maputo, a primeira curta estrada marginal que saíu do Caracol em direcção a norte e que teria cerca de 400 m a descer até ao primeiro e mais 600 m em plano até ao último chalé e o passeio marginal de cerca de 400 metros entre o Pavilhão de Chá e os chalés. Podemos também relacionar a posição deses elementos com o Hotel Polana, com o Caracol e com o Pavilhão de Chá. Na altura esta era a praia usada pela população porque devia estar limpa (noto que em meados dos anos 60 já não era usada normalmente, talvez porque para se abrir a estrada marginal se tenha construido uma muralha ou por causa de poluição) mas principalmente porque era a única a que a cidade tinha acesso por automóvel (público ou privado) ou por carro eléctrico, esse a partir dos anos 20.
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