Nesta mensagem vamos principalmente tentar perceber o assunto de transbordante actualidade da lógica dos bilhetes do eléctrico de LM.
A. Bilhetes dos Tramways/eléctricos de Lourenço Marques
À primeira vista parece-me que nestes primeiros dois bilhetes cada um tinha um certo preço e nele estavam definidos todas os percursos possíveis para esse preço.
Estavam marcadas as paragens de partida e chegada, e a linha escolhida aparecia através de informação adicional, por exemplo se o percurso passava pela Av. Central, se passava pelo Quartel do Alto Maé, etc. O cobrador marcava com um buraco o percurso escolhido no bilhete vendido.
As cores adicionadas correspondem
a percursos nas linhas com essas cores As cores das linhas e os percursos são relembrados em baixo .(e foi mais explicado na mensagem) Assumo que os dois bilhetes são da mesma altura por isso podem-se comparar sem tomar em conta a inflação |
B. Exemplos de percursos e preços nos dois bilhetes
Amarelo marcado no bilhete cinzento: O bilhete de 100 Réis pagava a viagem da Estação CF na Baixa ao Quartel do Alto Maé pelo caminho mais directo (via Av. D Manoel, actual Josina).
Verde marcado no bilhete castanho: Essa mesma viagem se fosse pelo caminho mais longo passando pela Av. Central (actual Marx) quer dizer subindo até à Av Francisco Costa (actual 24 de Julho), já custava 150 Rs.
Conclui-se que o preço dos bilhetes estava relacionado com a distância a percorrer no eléctrico.
Viagens para a Polana
Central e Polana |
Azul marcado no bilhete castanho: Pelos mesmos 150 Rs se se quisesse ir para o Governo-Geral no sentido dos ponteiros do relógio via Av Central só dava para se chegar à paragem Machaquene na Av. Francisco Costa, actual 24 de Julho que devia ser algures entre o Hotel Santa Cruz e a Pastelaria Cristal como indico no mapa/diagrama. Daí para chegar ao Governo-Geral se fosse essa a intenção tinha de pagar mais. Isso era ir pela linha azul que relembro usava os mesmos carris que a linha vermelha mas ia em sentido oposto.
C. Paragens interessantes que se vê nos dois bilhetes
Estação Central era o Depôt frente ao actual Cine Africa;
Hospital ainda era onde agora é a Catedral Católica;
Praça Mousinho era a depois Praça 7 de Março, actual 25 de Junho;
"Polana esquina Av. Francisco Costa" era no "Piri-Piri" actual.
Linha preta: Embora no mapa a bola preta que seria o fim desta linha é entre os muito mais modernos Dispensário e Cinema Infante/Charlot, pelas paragens parece que acabava no Cemitério pois nestes dois bilhetes não aparecem outras paragens na Av. Pinheiro Chagas.
Noto ainda que no bilhete cinzento a paragem "Estação" está mal escrita pelo menos duas vezes, pelo que deduzo que estes bilhetes deviam ser do tempo inicial dos ingleses da Delagoa Bay Co.
D. Paragens nas fotos dos eléctricos
Na Baixa
Na Polana/Ponta Vermelha |
Linha da Polana na Avenida da Polana Vê-se uma marca de paragem como a de cima no poste da linha aérea à esquerda |
Estranhamente tanto a paragem de cima como esta não aparecem "de caras" nos bilhetes pelo que o sistema de preços podia ser mais complicado do que o explicado em A/B.
Nestas fotos vêm-se muitas vezes um senhor, nalguns casos com um ferro na mão, que era o responsável por manter as linhas.
E. Outros bilhetes com zonas
O esquema dos bilhetes explicado em A/B com tudo marcado era muito claro mas só era eficiente com um número limitado de paragens e de combinações de percursos possíveis.
De facto houve também bilhetes só com zonas (nesse sistema conta-se as zonas que se atravessa na viagem, nesse caso a dificuldade para o utente é saber-se onde começa e acaba cada zona mas tal também deveria estar marcado nos postes como as paragens) e outros bilhetes combinando percursos e zonas como se pode ver aqui.
Para percorrer até duas zonas Parece que este bilhete servia tanto para os eléctricos como para autocarros. |
Para percorrer até três zonas e indicam-se alguns percursos, suponho que para orientação do utilizador. Original Emídio Gardé |
Vales ou coupões de 2 e 2.81 centavos |
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