Depois da criação dos grandes liceus na capital, primeiro o Salazar, actual Josina e depois o António Enes, actual Manyanga e nas maiores cidades de Moçambique, o governo português deve ter optado por escolas mais pequenas e mais espalhadas. A essa nova estratégia educativa deve ter correspondido uma nova estratégia construtiva e em vez dos liceus monumentais projectados na "Metrópole" passamos a escolas projectadas localmente pelas Obras Públicas.
O responsável foi o Arq. Fernando Mesquita que definiu os princípios de base para cada tipo de escola que se iam adaptando de forma modular, com grande preocupação com o clima e para serem de construção rápida e relativamente económica (ver o exemplo mais complexo da Escola Joaquim de Araújo). Estes princípios foram sendo aplicados por outros arquitectos tanto do Estado (caso da Escola comercial de 1972) como contratados localmente em regime de profissão liberal.
A arquitecta Zara Ferreira (ZF) fez em 2011-2012 a dissertação "O MODERNO E O CLIMA NA ÁFRICA LUSÓFONA - Arquitectura escolar em Moçambique: o programa de Fernando Mesquita (1955-1975)" que pode ser descarregada daqui. Impressionante é o número de escolas criadas dos anos 60 até à independência de Moçambique por todo o território e que como é óbvio continuam a funcionar sem terem sido sujeitas aos trabalhos de reabilitação que seriam necessários ao atingirem mais de 40 anos de vida.
Uma destas escolas de segunda geração é o Liceu Dona Ana da Costa Portugal (originalmente esse era o nome da parte feminina do Liceu Salazar) que foi projectado cerca de 1969-1970 pelos Arqs. João José Tinoco, o mais veterano, e José Forjaz, o mais jovem, e que foi construído até 1973. Segundo ZF os princípios de Mesquita foram aqui seguidos com adaptações que ela detalha. No seu trabalho este projecto é explicado das páginas 207 a 213 no pdf (177 a 183 no papel) e sumarizado nas páginas 342 a 344 no pdf. É actualmente chamada Escola Secundária da Polana e veremos aqui algumas imagens.
Num à parte neste mestrado (ou dissertação?) ZF teve 19/20 o que para mim como Curioso é merecido e me deixa satisfeito porque mostra que alguém (a estudante e os professores do IST, que neste caso louvo mas noutros critico por causa dos pixels e de não procurarem o suficiente) andam a utilisar bem os impostos que eu pago. Que a ZF tenha uma brilhante carreira.
Tentando adivinhar pela minha experiência da escola Joaquim de Araújo, à frente ficariam a secretaria, o gabinete da direcção, a sala de professores e dos contínuos, a enfermaria e a biblioteca.
A entrada e a administração, por trás ficam os edifícios maiores com as salas de aulas. original wikipedia |
Escola vista de outro ângulo. O telhado aqui era ainda o de fibrocimento original, foi agora substituído pelo material castanho/vermelho suponho que plástico. |
Galeria de ciculação principal e um dos pavilhões de salas de aula |
Escadas ao centro dos pavilhões e ligada da galeria de circulação |
Um recanto da secção com as escadas |
Corredor num andar dum dos pavilhões com salas de aulas |
A escola vista do lado esquerdo e localizada num local previlegiado da cidade, com a secção administrativa já com o telhado mais recente
Na imagem de cima da escola secundária vê-se à direita o edifício da entrada e os pavilhões por trás com dois acrescentos laterais (piiii!). A escola tem ginásio separado que não consigo descobrir aqui. À esquerda, frente à Avenida, está a escola primária "A Luta Continua" e a embaixada em primeiro plano mais para a direita é construção pós independência.
O antigo bairro dos cronistas/Sommerschield fica em frente na foto por trás da escola e tudo isto fez parte até aos anos 50 do campo de golfe da Polana.
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