Depois de termos visto algumas imagens dos tramways/carros eléctricos na Av. 24 de Julho de que não conseguimos identificar o local exacto temos agora uma relativamente inédita em que isso é possível, confirmando o conhecimento dum dos edifícios com o declive da avenida nesse local.
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| Cruzamento da Av. 24 de Julho com a Av. Cabral, antiga Pero de Alenquer que talvez não estivesse traçada ainda, mas estava a abertura preparada. |
Nas fotos da mensagem citada sobre a Av. 24 de Julho via-se que as primeiras habitações eram do lado norte da avenida. O mesmo acontece aqui, o que penso se explicará por os habitantes assim terem a frente das casas viradas para o estuário beneficiando de vistas mais bonitas e da brisa vinda de baixo.
Assim do lado direito (norte) da avenida, que nesta altura parecia não estar ainda pavimentada em toda a extensão, estavam três edifícios e o que ficava mais para poente = oeste era a conhecida primeira Igreja Anglicana de 1899. De facto a legenda do postal diz "Av. Francisco Costa showing English Church"
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| Primeira igreja anglicana de raiz em Lourenço Marques de 1899 Foto de Alfredo Pereira de Lima (APL) |
À esquerda está a fachada virada para sul e à direita um grande alpendre que aqui se vê era para a entrada e que na foto de cima era também perceptível para a direita.
Diz APL no livro Edifícios Históricos de Lourenço Marques (actual Maputo) que a missão anglicana deve ter sido fundada em 1893 e APL apresenta uma carta do primeiro bispo dizendo que em 1894 alugou uma casa já nesta zona elevada da Maxaquene. Depois este terreno foi comprado e esta igreja foi erguida entre 1897 e 1899 como sede da diocese dos Libombos. Embora se possa pensar que o estilo seja próprio da religião anglicana, o primeiro bispo referiu-se ao facto de a lei portuguesa da altura (monarquia) estipular que só edifícios da Igreja católica podiam parecer igrejas por fora, regra essa que deve condicionado bastante a sua traça.
Primeiro edifício da Igreja Anglicana
Em relação à foto colorida de cima vê-se que a frente é a mesma e que o edifício das traseiras em cima não se via mas podia estar escondido pela fachada. Mas vê-se na foto colorida de cima um coberto do lado direito que não existia aqui, por isso o conjunto teve fases diferentes.  |
| Fachada Principal da igreja - não era tão pequena como podia parecer na primeira foto. |
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| Traseira e fachada lateral poente = oeste |
Sobre o edifício que se vê do lado esquerdo ver aqui.
Esta igreja anglicana existiu até 1919 quando terá sido demolida e construída a actual para dar resposta ao crescimento da congregação. APL a certo ponto fala em reconstrução mas os dois edifícios parecem totalmente diferentes. APL inclui no seu texto uma reportagem do Jornal LM Guardian sobre a inauguração da actual e que em relação à anterior tem factos diferentes aos adiantados por ele próprio, situação que APL não comentou. Básicamente disse o jornalista que o novo edifício substituiu um temporário feito em 1899 de madeira e ferro. É evidente que o edifício dessa data que APL mostra e que vemos no postal colorido era de tijolo, talvez o jornalista se referisse à casa das traseiras vista na foto de cima mas convenhamos que estaria a ser muito impreciso. O resto da reportagem diz que a primeira igreja em 1893 foi na Baixa num prédio da firma McIntosh & Finlay e que depois serviços religiosos foram sendo realizados em partes diferentes da cidade até que a igreja de ferro (di-lo de novo) foi aqui construída em 1899. No entanto APL, e nisso é confirmado pelo primeiro bispo, dá a entender que os missionários ingleses vieram quase directamente para este local.
Nota: Diz APL que quase todo o tampo do altar de 1899 (que provávelmente foi transferido da primeira igreja destas imagens para a igreja anglicana actual) é, segundo o que lá estava gravado, feito de madeira de teixo (yew) vinda do norte do País de Gales na Europa e que era da árvore de S. Germano de Auxerre. Este santo comum aos vários ramos cristãos agora existentes, entre 429 e 447 foi um dos destacados bispos lutando pela expansão da religião entre a França e o Reino Unido actuais. Segundo APL a árvore, que está na gravação supõe-se ser do ano de 446, é uma relíquia profundamente venerada no País de Gales, mas a sua história fica contada por APL em meias tintas. Na wikipedia há um longo artigo sobre S. Germano de Auxerre em que se fala duma árvore na sequência do abate da qual o futuro S. Germano passou de duque a religioso (a tonsura é o corte do cabelo no topo da cabeça tradicional nos religiosos cristãos, em forma redonda ou de coroa), mas isso aconteceu no ano de 418 o que não coincidia com o ano de 446 de APL. Mas segundo transli noutro lado, por essa altura era crença tradicional considerar árvores como divindades e os primeiros prelados cristãos podem ter consagrado novos templos junto a tais árvores, o que a ter sido feito por S. Germano pode ser a origem religiosa da madeira do altar que suponho seja ainda o da igreja anglicana na actual cidade de Maputo.
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