A visita do Príncipe Real e o Batuque Indígena - localização na Baixa (3/6)

Voltando à questão inicial donde se efectuou em 1907 o Batuque Indígena (BI) para o Príncipe Real  (PR) D. Luis Filipe (ver mensagem anteriorretomamos uma das fotos do acontecimento.

FOTO 1 - clique para aumentar
Localização geral - com o porto ao fundo. Provas:
Vermelho: Uma chaminé e uma proa de navio no cais, 
mas que provávelmente não são de um único ou mesmo navio
Azul: Balizas para o porto
Localização particular - na actual zona do Alto Maé B. Provas:
Cinzento: ao lado do Ramal de caminho de ferro 
que ia ao longo da actual Av. Manganhela para a Baixa
Amarelo: actual Av. 25 de Setembro. 
Observando esses elementos da FOTO 1 fica demonstrado que esta é uma vista para sul, confortando a ideia de que as fotos do BI tiradas da Tribuna de Honra (TH) para a encosta eram vistas para norte como temos estado a assumir. Em termos de logística pode-se compreender que se efectuou pela actual Av. 25 de Setembro o acesso do PR etc à TH (ver a FOTO 2 com o PR a sair).  
Vamos rever a posição na cidade actual do que se via na encosta a partir da TH nas fotos tiradas para a encosta = norte.

FOTO 2 - clique para aumentar
Se a localização da actual Av. Romão Farinha, antiga João de Deus
estiver correcta, vê-se os participantes do BI para poente = oeste dela

Assim da FOTO 1 (haver necessidade de bom acesso por trás à TH que seria pela actual Av. 25 de Setembro, sua posição relativa ao ramal de combóio a cerca de 150 metros) e da FOTO 2 (participantes para poente = oeste da Av. Farinha) conclui-se que o BI desenrolou-se na zona limitada a preto no mapa de 1903 (ver em baixo) com a Tribuna de Honra localizada na zona do traço preto mais grosso, mais dezena menos dezena de metros. 


MAPAS de 1903 e 1909 da Baixa de Lourenço Marques
Norte para cima
Preto grosso: posição da Tribuna de Honra (TH)
Preto fino: Terreiro do Batuque Indígena (BI)
Cinzento e preto: ramal de caminho de ferro ao longo 
da actual Av. Manganhela para a Baixa
Amarelo: actual Av 25 de Setembro
Rosa: Av. Fernão de Magalhães, ficava abaixo das casas alinhadas da encosta
Carmesim: actual Av. Josina, passava acima dessas casas
Azul escuro: actual Av. Luthuli, a rua das casas do lado centro-direita
 da FOTO 2 que estão marcadas no Mapa de 1909 a azul claro
Laranja: actual Av. Farinha, a rua das casas do lado esquerdo 
da FOTO 2 que estão marcadas no Mapa de 1909 a roxo
Vermelho: actual Av. Guerra Popular
Quanto à FOTO 1 uma pesquisa mais apurada dos edifícios que rodeiam a TH poderia levar ao reconhecimento de alguns deles. No entanto resolvi concentrar-me na procura das Vilas Gorjão e Mousinho que se vêm pintadas a castanho no mapa de 1903 ao sul (no canto inferior esquerdo) da actual Av. 25 de Setembro e que já existiam aquando do BI em 1907. A TH tinha o telhado (de pano ou lona) às riscas, o que se vê acima dele na FOTO 1 são telhados de construções definitivas existentes que estavam então por trás da Tribuna de Honra (TH). Tentei assim ver se seriam aí as vilas mas é difícil a esta distância e com estas fotos em que só se vêm os telhados. 

Como não há fotos antigas da fachada principal dessas vilas seria interessante descobri-las aqui e por isso tentei ver na foto seguinte de participantes no BI se o grande edifício de alvenaria, neste caso com a fachada bem à vista, seria uma delas:

FOTO 3
Grupo de senhores africanos negros participantes no batuque
 (a legenda do postal de há quase 110 anos tinha linguagem actualmente inaceitável)
A foto é um pouco estranha pois pode tratar-se de uma montagem e não se percebe bem a posição do grupo em relação ao edifício (estariam ao mesmo nível, a um nível mais elevado?). As vilas pelo que se conhece na maior parte eram de 2 pisos e o edifício por trás, embora seja longo como elas eram, só tem 1 piso. Quanto ao que se vê por cima do telhado (refiro-me à segunda faixa horizontal com telhas acima da faixa preta) não sei se ainda faz parte do telhado do primeiro edifício ou se é o telhado doutro edifício que fosse mais alto e recuado. Em princípio a foto terá sido tirada nas redondezas donde se realizou o batuque mas sabe-se que houve participantes que pernoitaram já em Lourenço Marques em zonas distantes da que vimos em cima. Com todas essas incertezas não consigo localizar de onde é esta última foto ou seja se o edifício na retaguarda seria uma das vilas Gorjão e/ou Mousinho ou outro já referenciado no HoM.
Apesar disso nestas três mensagens conseguimos localizar o Batuque Indígena para o que não havia indicações directas. No processo conseguimos ainda ter uma segunda visão à distância da Casa de Ferro no local original e ver os primeiros passos das avenidas "verticais" abertas da Baixa de Lourenço Marques para o Alto Maé e da urbanização dessa encosta para as quais não conheciamos fotos.

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