Sobre a função das dragas no porto de Lourenço Marques (LM), actual Maputo falámos já a propósito da draga Matolla. Como no estuário e na baía desaguam 4 + 1 rios que transportam pedra e areia que acabam por se sedimentar devia ser necessário um esforço contínuo para manter o fundo do mar sob controle. Temos agora a foto duma outra draga, a Inhaca, publicada por Santos Rufino cerca de 1929.
Um rebocador atracado e a draga Inhaca |
Na primrira foto é difícil perceber o desenho da draga. E o mesmo acontece noutra foto dela do Documentário Trimestral que tem muito má qualidade:
Inhaca dragando o canal de acesso do porto de LM em 1936. |
Vista do estuário para montante = oeste com a estação de caminhos de ferro a estar algures para a direita |
Não é o caso da de cima mas parece que as dragas mais usuais nesses tempos eram de escada de baldes ("buckets ladder") que eram mecânicamente muito complexas:
Como se vê melhor na foto da direita neste tipo de draga do centro da proa para trás (numa certa distância) a draga não tem fundo para se poder variar a posição da escada. A draga Inhaca também devia ter uma abertura embora não fosse de escada de balde. Há outro tipo de draga também com balde que podia ser a grande peça saliente na proa da Inhaca. Pelo que vejo poderia subir e descer comandada pela estrutura com a bandeira por cima e tinha uma garra para raspar o fundo e encher o balde quando a draga avançasse. A seguir o balde seria içado para despejar o material dragado. Pode parecer uma operação muito mais lenta do que com a escada de baldes e podia não funcionar exactamente assim na draga Inhaca, mas estas ideias ajudam a entender um pouco melhor a primeira foto. Noto que a draga Matolla também não era do tipo "buckets ladder", talvez fosse de sucção.
A última foto vem do livro de Alfredo Pereira de Lima (APL) História do Caminho de Ferro - Volume III.
Anotei que APL diz tratar-se dum rebocador a vapor de 70 toneladas vindo da Alemanha em 1899 mas pelo que vimos em cima parece tratar-se duma draga "buckets ladder".
A última foto vem do livro de Alfredo Pereira de Lima (APL) História do Caminho de Ferro - Volume III.
TEREDO (que é o nome dum molusco de águas tropicais) em LM em 1914 |
De facto diz Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras que já não falam" que o Teredo era uma draga do porto e que foi afundada em 1914 (data da foto) a meio do canal da Polana próximo da praia na baía de Lourenço Marques tendo-se afogado alguns tripulantes. A causa foi a colisão com o vapor alemão Feldmarschall que era um navio da DOAL que depois da primeira grande guerra foi redominado Field Marshal.
Sobre os rebocadores do porto de Lourenço Marques, actual Maputo ver aqui.
Sobre os rebocadores do porto de Lourenço Marques, actual Maputo ver aqui.
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