Depois de termos visto a construção cerca de 1890 (um e dois) e imagens mais recentes aqui, vou agora utilisar imagens do Documentário Trimestral e do sítio Facebook Alto-Maé para completar o tema.
A primeira foto é da visita do presidente da República Portuguesa a Moçambique em 1964.Américo Tomás frente à porta de armas com estilo de castelo medieval |
Outra foto da porta de armas do quartel do Alto-Maé (Foto Facebook CPM 3428) |
O texto "Essas poucas páginas ....." inscrito na porta de armas foi retirado duma carta que Mousinho de Albuquerque escreveu ao Príncipe D. Luís Filipe em 1898, se bem me lembro desiludido com o clima de intrigas que minava a monarquia portuguesa.
A foto seguinte foi tirada do depósito (torre) de água do quartel para sul vendo-se para lá do quartel, à esquerda, um combóio de prédios na Av. 5 de Outubro, actual Josina na borda da barreira. Antes deles, o terreno arborizado também à esquerda era do Liceu António Enes.
Campo de jogos em primeiro plano e parada principal do quartel em segundo plano |
Parada principal do quartel. Ao centro, mais elevado, o edifício que na foto anterior se via de traseiras. |
À esquerda e ao fundo da foto de cima vê-se o prédio dos quadrados (Versalhes) localizado mais para o centro do Alto-Maé.
Agora uma foto antiga do exterior do quartel reproduzida do livro de Alfredo Pereira de Lima "Edifícios Históricos de Lourenço Marques" onde se viam ainda os postes da linha de alimentação e os carris do carro eléctrico que serviu a zona até 1936. Ver imagem semelhante ao fundo desta mensagem sobre esta linha.
Esquina sudeste do quartel, na face sul que ficava mais próxima do pântano |
Segue-se uma foto ainda mais antiga que serve para relembrar que o quartel foi das primeiras construções da expedição fundadora da cidade do depois General Joaquim José Machado.
Quartel à esquerda no Alto-Maé feito para a Polícia. Cerca de 1895, vista para poente = oeste |
Como se vê o quartel dominava o horizonte ao olhar-se da Maxaquene para poente. Seguindo agora o texto de Alfredo Pereira de Lima no citado livro, para a sua construção foi usada pedra da Ponta Vermelha e as obras tiveram início em 1887 para se concluirem (completamente) em 1893. A localização era próxima da estrada do Lidemburgo ou Real para o Transval o que protegia o lado oeste da cidade para onde ficavam as "terras da coroa". A água para abastecimento vinha do fundo da barreira e era aspirada por uma máquina a vapor para um tanque nos terrenos do quartel.
Em 1890 Mousinho foi muito crítico das instalações. O Alto Comissário (Governador) António Enes também disse que não mandaria para lá tropas e só não retirou a Polícia que estava no quartel desde 1891 porque não tinha onde a alojar. Para ele o problema principal era a proximidade do pântano e o cheiro fétido deste que era considerado causar doenças que reduziam os efectivos.
Mas em 1894 foi nos redutos de defesa criados em torno do quartel que foi parado o ataque à cidade feito por tribos rebeldes. E em 1895 foi nele, pois tinha sido entretanto melhorado, que o inovador esquadrão de cavalaria formado por Mousinho de Albuquerque em Portugal se instalou e daí partiu para as campanhas decisivas de 1895 a 1897 no sul de Moçambique.
A polícia saíu do quartel em 1905 (para instalações provisórias até ir em 1909 para a Andrade Corvo) e partir daí deve ter sido exclusivamente para o exército. O principe real visitou-o em 1907. Em 1924 foi aí criado o Esquadrão de Dragões que por tradição prestava escolta aos chefes de estado que visitavam LM. Em 1946 a unidade passou a designar-se Grupo de Esquadrões, que foi desmembrado em 1961. Então passou a chamar-se Esquadrão de Reconhecimento de LM e tinha Mousinho como patrono e para além da célebre frase na porta de armas, havia uma estátua dele no átrio de comando na parada principal.
Lisandra Mendonça no artigo As Obras de Saneamento e o Traçado Das Primeiras Avenidas em Lourenço Marques escreveu:
"... a secção de Obras Públicas edificou, perto do cemitério real Mpfumu, entre 1887 e 1893, o Quartel da Polícia do Alto Maé, como posto avançado da cidade a oeste. O Quartel devia comportar uma força de polícia de cem homens de infantaria, vinte e cinco de cavalaria e acomodações para nove famílias de oficiais. Esta era uma obra urgente, pois o Corpo Policial tinha sido alojado precariamente numa caserna de madeira situada na rua D. Luís I (atual Consiglieri Pedroso), bem perto do pântano. Em meados de 1888, as febres palustres tinham já obrigado ao internamento, no Hospital Civil e Militar da cidade, de cerca de três quintos do Corpo de Polícia (91 elementos), parte dos primeiros contingentes do Corpo Policial desembarcados em Lourenço Marques, vindos da Metrópole em meados de 1888. Este Corpo Policial foi recrutado pelas Obras Públicas para as obras em curso, dada a falta de mão de obra e visto que, “por toda a parte se escavava o terreno para a formação das avenidas e ruas e fabricações das casas”.
Noto que Alfredo Pereira de Lima no livro "Edifícios históricos" é sobre o quartel do Alto-Maé (para onde a Polícia foi em 1891 com ele ainda incompleto) que fala dos "miasmas" e da más condições. Sobre as primeiras instalações da polícia (na casa da viúva Fonseca) APL cita Mousinho como tendo dito em 1891 que tinha para lá mandado uma bateria militar comandada pelo seu capitão Caldas, pelo que suponho que não fosse um alojamento tão pernicioso como Lisandra relata. Enfim, ponto a observar com mais atenção.
Noto que Alfredo Pereira de Lima no livro "Edifícios históricos" é sobre o quartel do Alto-Maé (para onde a Polícia foi em 1891 com ele ainda incompleto) que fala dos "miasmas" e da más condições. Sobre as primeiras instalações da polícia (na casa da viúva Fonseca) APL cita Mousinho como tendo dito em 1891 que tinha para lá mandado uma bateria militar comandada pelo seu capitão Caldas, pelo que suponho que não fosse um alojamento tão pernicioso como Lisandra relata. Enfim, ponto a observar com mais atenção.
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