Paisagens e construções antigas na Ilha da Inhaca, baía de Maputo

Vamos ver imagens da lIha da Inhaca no limite leste = nascente da Baía do Espírito Santo, actual de Maputo do início do século XX. Começamos com uma amostra de foto de alamy.com, com a devida vénia, dum edifício surpreendente com ameias. 

FOTO 1

Ilha da Inhaca/Inyack Island. Baia do Espírito Santo/Delagoa Bay

Havia na Inhaca por essa altura um quartel que poderia ser o edifício de cima, que ainda existe como veremos ao fundo no lado noroeste da ilha. 
Por trás da torre central via-se uma construção mais alta com aspecto de ser um farol. Sabemos que o farol actual da Inhaca de 1921 fica na ponta nordeste da ilha virado para o oceano mas já em 1894 havia um farol na ilha. Subentendi que tivesse sido uma substituição no mesmo local mas pelo que mostra a FOTO 1 pode não ter sido ou pode ter existido um segundo farol deste lado noroeste da ilha virado para a baía.

Segue-se a aldeia dos pescadores também num postal à venda no site delcampe.net.

FOTO 2

Aldeia dos pescadores na Inhaca no início do século XX (20) 

Desde 1823 existiu litígio entre a Inglaterra e Portugal sobre partes do sul de Moçambique e durante certo tempo a ilha esteve ocupada pelos ingleses (wikipedia em inglês, baía e ilha). O francês Mac Mahon chamado a arbitrar decidiu que as ilhas da Inhaca e dos Portugueses (Maputo) e o território continental da Catembe à Ponta do Ouro (Tembe) pertenciam a Portugal, o que explica que pertençam agora a Moçambique e não à África do Sul. O Transvaal independente em 1869 também teve a mesma pretensão mas chegou rápidamente a acordo com Portugal. Pessoas que estiveram envolvidas do lado português na disputa e por isso foram homenageados na tiponímia da cidade de Lourenço Marques: ministro Andrade Corvo, com nome de avenida (ver instituto goano a meio dela); preparador do relatório português Paiva Manso, com nome de avenida e de escola, para além do nome de Mac Mahon ter sido atribuido à praça dos Caminhos de Ferro. Todos estes nomes foram obliterados depois da independência mas o território que eles conseguiram não foi abandonado. Pois.
Agora um postal da Inhaca referindo um Port Melville que deve vir da influência ou ocupação inglesa e que se trata da mesma aldeia dos pescadores vista em cima.

FOTO 3

Port Melville na Inhaca, provávelmente com recife de coral em primeiro plano.

 Outra foto interessante do mesmo local com uma perspectiva um pouco diferente é: 

FOTO 4

Port Melville na Ilha da Inhaca

Para a FOTO 4 não é tão fácil encontrar a correspondência com as de cima mas teve de ser tirada dum local elevado e próximo da aldeia, o que se coaduna com a colina que se vê à direita da FOTO 2. 
Com a preciosa ajuda do leitor Paulo Oliveira podemos localizar o que foi aqui mencionado através de imagem do Google Earth. É numa parte um pouco mais elevada da ilha e para sul da mencionada colina que presumivelmente se encontra o edifício da FOTO 1, fazendo parte do centro administrativo da ilha. 

IMAGENS GE

Vermelho (ponta noroeste da ilha): centro administrativo no alto da colina,
pontão (oferta da cooperação Italiana) e zona turística (hotel) ao nível do mar
 Laranja: edifício das ameias com torre central da FOTO 1, presumívelmente
Roxo: Hotel da Inhaca
Amarelo: farol oceânico

Seria interessante ver o aspecto actual do edifício das ameias. Faz lembrar o quartel do Alto Maé, uma das primeiras construções da expedição das Obras Públicas que chegou a Lourenço Marques em 1877 e que Pereira de Lima supôs que tivesse sido desenhado pelo Eng. militar Joaquim Lapa. Se se soubesse em que altura foi este edifício construido na Inhaca podia-se tentar aferir essa possibilidade.
Para terminar, diz a legenda da FOTO 4 que à distância se vê o farol mas nessa reprodução acho que não se vê e de facto ele estaria bastante distante, a uns 7 ou 8 km em linha recta como se vê pelas posições vermelhas e amarela nas IMAGENS GE.
Mais fotos históricas da aldeia dos pescadores aqui.