FOTO 1
Casas em semi-círculo num largo na Ponta Vermelha em Maputo, antiga Lourenço Marques (serão 12 ou 14?) |
A foto com a devida vénia vem do blog mosanblog e deve ter sido tirada cerca de 2011. Foi numa destas casas que a autora residiu e elas ficam num pequeno largo frente ao quarteirão da presidência da República, antigo Governo Geral e que mostrámos aqui mais precisamente numa foto de Jorge Coelho Borges de 1968.
A autora é uma cidadã brasileira que esteve em Moçambique algum tempo e pensava "segundo a lenda" que as casas tinham sido construídas por cubanos depois da independência. Se bem me lembro o mesmo Jorge Coelho Borges que por lá viveu no período provincial português desmentiu a "dita lenda" noutro espaço e análise posterior levou-me a concluir que são projecto de Pancho Guedes,
Deduzo pelo que a autora diz que as casas são cómodas e de boa qualidade e posso acrescentar que como o local é de acesso restrito deve ser seguríssimo, está o mais longe que é fisicamente possível do "bairro do caniço" e das vias de acesso a ele e em termos de natureza e vistas não terá havido local mais agradável na cidade desde a sua fundação, como poderemos ver em duas panorâmicas a seguir. A Ponta Vermelha é a verdadeira "zona nobre" dos anúncios das imobiliárias em Maputo e os preços dos aluguéis (?) serão correspondentes.
Numa coluna que o seu blog tem à direita a autora colocou uma frase dum tal Che Guevara: "Só se é revolucionário quando se está disposto a deixar todas as comodidades para ir lutar em outro país". É óbvio que este lema não fala de abdicar de comodidades no país para onde se vai "lutar" e assim a autora não deve ter achado uma contradição o facto de no tal país da "luta" ter ido viver para o "luxo" da Ponta Vermelha em vez de ir para uma modesta palhota na Mafalala ou Xipamanine onde vive o povo por quem ela "lutaria". Pois.
Não sei se este caso de "esquerda caviar no seu meu melhor" dá mais para rir e/ou para chorar, mas deixando a "sociologia de pacotilha" de lado, temos mais duas imagens das casas da FOTO 1 no largo em duas panorâmicas tiradas das Torres Vermelhas. O que veremos aí não é muito positivo em termos de preservação da zona.
A primeira tem vista para o núcleo da Ponta Vermelha com a sua bonita vegetação e surgindo a ligação entre o estuário e a Baía ao fundo:
FOTO 2
Branco: casas do largo com a árvore de "bendita sombra" em frente e jacarandás em flor por trás Outras cores: telhados de prédios para poente do antigo Governo-Geral de que já falámos aqui |
Segue-se uma panorâmica mais recente do que a FOTO 2 já com as últimas grandes torres construídas ou em construção na zona entre a Ponta Vermelha e a Polana, outra zona altamente e merecidamente presada da cidade.
Pode-se ver que esta área é muito mais verde que o resto da cidade, mesmo fora dos jardins do Governo. Esta FOTO 3 foi tirada de mais alto e olhando mais para a esquerda = norte do que a FOTO 2 e por isso aparecendo ao fundo dela mais da baía de Maputo, antiga do Espírito Santo:
FOTO 3
O que parece um armazém foi construído em 2009/2010 onde tinha sido o Governo-Geral. Foi projectado pelo gabinete do qualificado Arq. José Forjaz mas não é por isso que me deixa de parecer um armazém, inapropriado para esse local. É o Salão de Banquetes (pdf) da presidência e temos mais fotos de pormenor e informação dada pela firma construtora aqui. Penso então que a FOTO 2 é anterior a 2009 pois não me parece haver ainda sinal dele.
Podemos rever como era parte da zona no início dos anos 40 em foto aérea da colecção do General Bettencourt e tirada no sentido oposto ao das FOTOS 2 e 3. É assim uma vista da Ponta Vermelha para poente e já a tinhamos visto:
FOTO 4
Seta branca: onde começa agora o largo das casas "dos cubanos" Laranja: inicialmente edifício da Repartição do Gabinete do Governo Geral e Conselho Legislativo da Colónia de Moçambique que foi demolido
Vermelho: onde está agora o "armazém"
Castanho: Palácio da Ponta Vermelha, antiga residência do Governador
Outras cores: local onde agora estão os três prédios.
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Como já disse algures não sei o que foi o sensacional palácio de madeira e zinco que se via no terreno que fica entre os três prédios e a rua que limita a poente o quarteirão do Governo. Este prédio deve ter sido demolido nos anos 40-50 e parece estar lá actualmente um edifício mais ou menos anódino dessa época.
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