Paiol de Lourenço Marques de cerca de 1887 (3/4)

Alfredo Pereira de Lima (APL) no livro "Pedras que já não falam" de 1972 tem informação interessante sobre o paiol de Lourenço Marques, actual Maputo de que já vimos aqui um artigo e que mencionamos recentemente nos artigos sobre a remoção das elevações na zona ocidental da barreira da Maxaquene para se fazer o aterro da enseada.
O paiol foi uma construção em pedra em estilo manuelino desenhada pelo Condutor (Engenheiro Técnico) Joaquim Lapa que fez parte da Expedição das Obras Públicas que chegou a Lourenço Marques em 1877. Foi edificado sobre uma duna de 1885 a 1889 e com o portão de entrada voltado para o estuário, próximo donde depois foi construído e edifício dos Paços do Concelho, actual Tribunal. O portão era encimado pelas armas reais (ver aqui foto da DMO). 
O paiol servia para armazenamento de pólvora e munições militares e desde 1892 a câmara foi pedindo que fosse retirado por haver perigo de explosão para as casas próximas. Não se deu seguimento e só em 1917 no contexto da Grande Guerra contra a Alemanha no norte de Moçambique se construiu um novo paiol ao lado do cemitério de S. José de Lhanguene. 
A certa altura pensou-se fazer deste paiol velho um museu mas acabou por ser demolido quando a duna/colina/elevação em que assentava foi removida, o que aconteceu até 1920. Seria interessante saber onde foram aplicadas as pedras do paiol, se para alguma construção especifíca ou se foram simplesmente deitadas no aterro.
Começamos com duas vistas do paiol de ângulos pouco usuais:


FOTO 1
Paiol ao fundo visto do lado do jardim botânico, para leste
Na FOTO 1 a entrada do paiol que era virada para sul seria do lado direito. Ela era encimada por dois pequenos torreões (vê-se um deles na foto) que se adicionavam aos quatro maiores colocados em cada canto do edifíco. 
Na FOTO 2 a faixa azul à direita mostrará o estuário próximo do local porque ainda não havia aterro. Esta imagem seria então uma vista do paiol para sudeste.

FOTO 2
Paiol da pólvora, Lourenço Marques
O paiol como veremos nas fotos seguintes aparece sempre com uma pequena construção adjacente colocada para noroeste. Estranhamente na FOTO 1 essa construção não é visível e na FOTO 2 parece mais para baixo = sul do que esperaria, para além de não parecer uma construção separada como de facto era. 

FOTO 3
Foto de Manuel Romão Pereira de c. 1890. Devia ser de construção muito recente.
Agora algumas vistas mais comuns do topo da barreira da Maxaquene para a baixa da cidade na direcção poente, podendo-se ver a pequena construção adjacente para noroeste. Penso que as ordenei da mais antiga à mais recente:


FOTO 4
Gravura a partir da foto de Fowler de c. 1887. Paiol ainda em construção,
sem telhados interiores e com os dois torreões a norte incompletos.
FOTO 5
Gravura posterior a  c. de 1890 com a Cadeia Civil à direita
FOTO 6
Vista semelhante à de cima mas de mais acima na barreira
Mais um artigo específicamente sobre o paiol aqui
Mais imagens semelhantes do paiol em vários artigos no HoM: outras vistas da Maxaquene para o lado oriental da baixa, Paços do Concelhobarreira da Maxaquene com duas com o paiol e casa do alambique.

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