Jardim botânico, actual Tunduru: + sobre lagos e vala na faixa sul, parte a (30/)

Sobre o jardim botânico de Lourenço Marques (LM), actual Tunduru de Maputo, com a ajuda de plantas antigas umas gentilmente cedidas ao HoM e outras retiradas com a devida vénia da tese de doutoramento de Lisandra Franco de Mendonça (LFM) intitulada "Conservação da arquitetura e do ambiente urbano modernos: a baixa de Maputo" (descarregar daquipodemos voltar ao assunto dos lagos ou na prática bacia de retenção e da vala de drenagem colocadas na faixa sul do jardim e completar algumas ideias de artigos anteriores.
Primeiro a conhecida foto de Fowler mostrando os trabalhos iniciais do jardim cerca de 1886/87 (primeiro artigo aquie que agora compreenderemos melhor porque veremos o formato completo do lago longo que muito cedo foi aí escavado (foto aqui ampliada verticalmente).

FOTO 1 (1886/87)
Árvores plantadas na encosta, jardim em zona plana, lago longo, terreno ainda não completamente enxuto do pântano e ao fundo a povoação dentro da "ilha"
Temos agora uma planta de pormenor para a Av. Aguiar, actual Samora em 1887 da tese de LFM e uma das versões do plano global, ambos do Major Engenheiro António José Araújo que definiram a cidade de LM. Aos elementos de origem acrescentamos outros importantes que marcamos com uma estrela vermelha:

DUAS PLANTAS com a zona inicial do jardim
Azul: lago longo inicial em forma de rim com polos A e B
Preto e roxo: avenidas actuais, vertical = Samora e horizontal = Manganhela 
abertas cerca de 1890 (a última foi acrescentada ao plano da Av. Aguiar)
Preto (quase vertical): estrada das Mahotas que acabou por desaparecer 
quando a actual Av. Samora foi aberta (acrescentada ao plano Araújo)
Traço verde: vala de esgoto ou canal de drenagem (acrescentada ao plano Araújo)
Círculo carmesim (em cima)ponte sobre parte estreita do lago
Círculo laranja claro: estátua de Vasco da Gama, posição muito aproximada
Amarelo: entrada no jardim e caminho principal no seu interior 
quando ele era limitado a oeste pela estrada das Mahotas
Creme (plano Araújo): extensão do caminho para oeste 
desde que a actual Av. Samora foi aberta
Estrela vermelha: acrescentado mútuamente entre as duas plantas, aprox.
O desenho do lago é semelhante ao dum rim (ou feijão ou cornucópia) e varia um tanto nas duas plantas mas em comum tem dois polos arredondados nas extremidades as quais marquei com A para a/o que fica a noroeste e com B para a/o que fica a sudeste. A sua colocação deve ter procurado o máximo de captura de água que sem ele desceria para o pântano (i.e. que o lago cobrisse o máximo possível da encosta no eixo oeste - oeste), que talvez seguisse algum perfil do terreno para facilitar a sua escavação e/ou com escolha estética. 
Com o que observamos do lago longo na FOTO 1 e nas duas plantas de cima, vejamos de novo a foto publicada na revista Ilustrated News de 1894 e no livro de Montague Basset de 1899 e tentemos agora localizá-la em função do que vemos na FOTO 1 e nas DUAS PLANTAS. 

FOTO 2 (de cerca de 1894) 
Polos do lago longo: A, o mais próximo estaria a noroeste; B, 
que em função da ponte seria para o fundo à esquerda e estaria a sudeste
Laranja claro: estátua de Vasco da Gama
Oval carmesim: ponte que em princípio estaria 
sobre o segmento estreito do lago junto ao seu polo B
Com esta localização para a FOTO 2 de c. 1894 confirmar-se-ia que os eucaliptos que tinham sido planeados à direita das DUAD PLANTAS para ficarem a leste do polo B do lago foram plantados.Também se nota que o desenho do polo A está mais fechado do lado interior do que em qualquer uma das DUAS PLANTAS. 
Ficamos agora com melhor ideia da posição do lago escavado nessa faixa a sul do jardim e do que o rodeava e assim voltamos à FOTO 1 colocando-lhe marcas, incluindo o essencial das DUAS PLANTAS:

FOTO 1 com marcas
Polo B e seta para o polo A: extremos do lago longo escavado a sul do jardim
Linha azul: zona mais estreita do lago ligando os dois polos
Laranja claro: estátua de VG
Elipse carmesim: ponte sobre zona mais estreita do lago
 entre a estátua de VG e o polo B
Verde escuro: estimativa da posição da vala de esgoto ou canal de drenagem 
Preto e roxo: estimativa donde foi aberto o passeio a norte da actual Av. Manganhela (ao fundo e na perpendicular indico também a direcção da actual Av. Samora)
Noto que explicámos em artigo anterior as possíveis razões porque não se vê bem a vala de esgoto e daí termos de estimar a sua posição nesta foto. 
Com melhor ideia do lago em 1886/87 (FOTO 1 em cima e a foto que mostro na MONTAGEM em baixo à direita) e cerca de 1894 (FOTO 2 em cima) podiamos tentar descobrir como terá sido tirada em 1889/90 a FOTO 1 do artigo do jardim de aclimatação partindo do princípio que não teria havido grandes alterações físicas desde 1886/87. Tento então verificar a hipótese dessa foto de MRP ter sido tirada da ponte do lago como se via na FOTO 1 para o lado nascente.


MONTAGEM de fotos e planta da mesma altura
Terá a foto de MRP à esquerda sido tirada da ponte
sobre o lago longo junto ao polo B, sim ou não?
Há pontos que indicariam o sim à hipótese e outros que nem tanto, por isso questão interessante que fica em aberto.

Nos próximos artigos, utilisando outra carta do local um pouco posterior às de das DUAS PLANTAS, indicarei primeiro em imagens de Google Earth e depois em fotos recentes da faixa sul do jardim por onde estiveram estes elementos que vimos aqui em fotos de há mais de 114 anos pelo menos - seguinte aqui.

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