Guindastes com haste em forma de "L" do porto de LM

Nos artigos sobre os armazéns especiais (aqui o primeiro de quatro) do porto de Lourenço Marques (LM), actual Maputo tinhamos falado duns guindastes com haste em forma de "L" que operavam nas suas proximidades. Como encontramos à venda no site delcampe.net uma foto melhor deles e resolvi pensar melhor no assunto, individualizo aqui o tema.

FOTO 1
Cerca de 1910 em Lourenço Marques, Moçambique
Temos então na foto o que eu chamo guindastes em "L" em actividade numa vista do porto para poente = oeste dado que o navio está acostado do lado esquerdo da foto.
Pela primeira vez consegue-se ver que a parte horizontal do "L" era a haste do guindaste e servia para conduzir a peça móvel donde era suspenso o gancho que pegava na carga e que a içava ou descia e movia da esquerda para a direita e vice-versa. Essa parte horizontal do "L" servia então de "calha" para a peça móvel do gancho.
Em baixo, outra foto da ponte-cais Gorjão em LM em sentido contrário à de cima e com dois destes guindastes ao fundo:


FOTO 2
Foto de cerca de 1907 com navios acostados do lado direito da foto
Na FOTO 1 não vemos onde o "L" tem o cotovelo (ângulo recto) mas na FOTO 2 vê-se que o comprimento da sua base era equivalente ao da largura do cais, pois vai do extremo a sul dos armazéns "especiais" ao ponto do cais onde o navio está acostado. Quer isso dizer que se tudo fosse fixo a base do "L" teria de ser mais comprida do que era para poder cobrir a totalidade do cais mais o que fosse necessário dentro do navio, de modo a poder colocar a carga num ponto do porão do navio que fosse afastado do cais. Mas se o o "L" rodasse sobre si próprio levando a sua base para cima do navio teríamos o problema resolvido, como mostro no esquema em baixo:
I: guindaste pega na carga sobre o cais, chegada nos vagões ou retirada dos armazéns
II: "L" roda na horizontal e carga fica sobre o porão onde é descida e depositada
Encontro uma foto recente de guindastes parecidos com estes:

FOTO 3
Parece-me que estes não rodavam sobre o eixo (original de dreamstime.com)

Para que serve a parte vertical do "L"?  Como o gancho do guindaste é movido por uma corrente, esta precisa de circular por algum lado e em vez de estar 100 % na horizontal a parte que não pega em carga é colocada na vertical onde causa menos inconveniente, parece-me. 

Voltando ao porto de Lourenço Marques, vemos a seguir outra foto com os guindastes em "L" em frente aos armazéns especiais. Noto que os dois mais próximos tinham um poste que podia ser para suportar uma antena de comunicação via rádio com um posto de comando (seria?).

FOTO 4
Quatro guindastes com haste em "L" a funcionar nos armazéns especiais de LM

Nas FOTOS 2, 3 e 5 a parte horizontal do "L"  está do lado oposto aos navios e o mesmo acontece na primeira foto aquiNo entanto na FOTO 1 a ponta da parte horizontal do "L"  está sobre o navio. Também numa das fotos deste artigo e que repito em baixo vê-se que em três dos guindastes em "L" a parte horizontal do "L"  não estava na mesma direcção das cabines. Estas parecem estar todas na mesma posição, o que me leva a concluir que a cabine e a sua estrutura de base eram fixas (penso que há guindastes para os quais em certas posições do cais se instalam carris em círculo para que a estrutura de base possa rodar, o que não seria o caso aqui) e por isso que só a parte superior rodaria mas ... 

FOTO 5
"L" do guindaste #7 muito mais virado para a esquerda do que a do #10
Nota-se os diferentes ângulos das hastes em relação ao cais (mas no mesmo plano horizontal) com cada uma das cabines nos três casos na mesma posição mostrando que o que rodaria seria a parte superior da estrutura com o "L". Como se faria isso? Não sei mas se o ângulo variava digamos uns 30 graus como se vê na foto também poderia variar os 180 graus (no plano horizontal) que seriam precisos para o meu esquema de cima ser verdadeiro.
Outro ponto que continuo também a não saber esclarecer é porque, vemos na maioria das fotos antigas os guindastes com haste em forma de "L" estavam próximo dos armazéns "especiais". 

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