Edifícios e locais ligados à religião judaica em Maputo, Moçambique

Nesta mensagem apresento edifícios ligados à comunidade judaica/hebraica/israelita em Maputo, antiga Lourenço Marques. Para pôr um pouco de contexto procurei sites na Internet relacionados (que apresento em baixo) e dos quais rápidamente fiz uma resenha para o que me interessava no âmbito do blogue.

Sinagoga de 1926
Rua dos Lusíadas do lado poente = oeste 
 perto da Escola Sec. Josina Machel, antigo Liceu Salazar
clique nas fotos para aumentar

Foto mais recente: terreno mais limpo da vegetação
 "em estilo barroco clássico 
reminiscente de sinagogas da diáspora Ibérica"

Segundo um dos textos o arquitecto foi um português não judeu e funcionário do Estado Português por isso deve-lhe ter sido definido o pretendido. Mas também diz um dos textos que parece mais uma igreja católica e de facto pode estar tudo interligado.

Muro e portões dos anos 90
Feitos quando o local foi devolvido pela R.P. Moçambique ao reconhecer os cultos

Damos agora um salto de alguns quilómetros para a zona dos antigos cemitérios no centro da cidade. Vamos ver a entrada do cemitério judaico na Av. da Maguiguana, antiga Latino Coelho, no cruzamento com Av. Magaia, antiga Paiva Manso. Fica ao lado do cemitério Muçulmano num talhão do outro lado dessa rua onde está o muito maior cemitério cristão São Francisco Xavier.
Ao fundo está a "capela"*
Foto original do HoM - clique para aumentar

* NB: Impressionantes imagens do interior actual deste cemitério, por exemplo da campa da conhecida família Rygor, que foi recuperado (parcialmente) após ter sido vandalisado depois da independência de Moçambique, estão em (para Samuel CAGI - ver FOTO 100. Aqui o local da firma CAGI no prédio dos beirais"):
http://jewishphotolibrary.smugmug.com/AFRICA/AFRICAEast/MOZAMBIQUE/MZMaputoJewishCemetery/

Resenha histórica:
A comunidade judaica tem sido muito minoritária em Moçambique e nunca teve mais de 500 membros. De notar que enquanto Portugal expulsou os seus judeus no século XV/XVI que tinham sido relevantes nas descobertas ou achamentos ultramarinos, o Reino Unido recebeu-os com uma política de acolhimento liberal e a partir do século XIX judeus britânicos começaram a atingir posição de destaque na economia e na política (Disraeli foi primeiro ministro e Cecil Rhodes idealizou a expansão imperial do Cairo ao Cabo). O mesmo se passou com a Holanda, e por acaso ou coincidência acabaram por ser estas as duas potências colonizadoras da África do Sul e também interessadas no Sul de Moçambique (e a Holanda também interessada em Angola e no Brasil). 
Por motivos de proximidade geográfica e do notável peso da comunidade judaica na economia da África do Sul, os indivíduos que vieram formar a comunidade judaica em Moçambique estavam principalmente ligados à África do Sul e não a Portugal. Segundo o que li muito rápidamente nos sites indicados e que dão bastantes informações, estas pessoas vieram para Moçambique por 4 motivos principais: 
(i) exilados pelo presidente do Transvaal P. Kruger (boer) durante a guerra anglo-boer por serem considerados pro-britânicos;
(ii) refugiados de "pogroms" frequentes na Rússia e na Lituânia (Vilnius) nos inícios de 1900 que ficaram por Moçambique principalmente depois da África do Sul ter introduzido quotas para alguns emigrantes; 
(iii) profissionais relacionados com a actividade portuária desde que se fez a ligação ferroviária à Africa do Sul; (iv) refugiados do holocausto nazi durante a 2a Grande Guerra que chegaram a Portugal e daí seguiram para Moçambique e mesmo neste caso o seu objectivo poderia ser ir para a África do Sul. 
Esta comunidade práticamente debandou Moçambique no periodo 74//75 mas reconstituiu-se recentemente com alguns antigos e com novos membros.

- Ver relação entra a comunidade judaica de Lourenço Marques e da África do Sul na criação do Hotel Polana

Fontes:
Documento que deve ter a maior parte da informação histórica:
African jewish congress

Parte do escrito em cima bem como muito mais informação pode ser lida em inglês em:
https://jcomfriends.wordpress.com/history-of-our-community/
https://jewishmozambique.wordpress.com/restoration/ 
- o site actual da comunidade com a descrição pormenorizada da reconstrução quase completa da sinagoga e sua história, mas aqui repetindo o que se lê noutros lados;

http://www.africanjewishcongress.com/Mozambique7.htm 
- imagens da "re-consagração" da sinagoga em 2013

http://www.iajgsjewishcemeteryproject.org/mozambique/maputo-formerly-laurenco-marques.html 
- história e o cemitério

http://www.kulanu.org/mozambique/maputo.php 
- explicações de arquitecto sobre a sua especialidade e a necessidade de reconstrução da sinagoga, mas de 2005/6 por isso em parte desactualizado. É o único desta lista que fala do Geological Museum mas não conclui nada sobre se tinha alguma coisa ver com judeus em Moçambique ou não. 

http://www.clubofmozambique.com/solutions1/sectionnews.php?secao=mozambique&id=27512&tipo=one 
- informação de como o edifício da sinagoga foi salvo por "almas de boa vontade".

http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/vjw/Mozambique.html 

- informação interessante principalmente sobre as separações iniciais na comunidade

https://delagoabayworld

- o site delagoabayworld apresenta um relatório sobre a evolução e membros da comunidade.

E muito mais informação parece disponível na net. O interesse que parece haver por esta pequenissima comunidade surpreende (ou não?). 

Comentários

Anónimo disse…
O interesse não é nenhuma surpresa dado que há comunidades judaicas em todo o mundo
Anónimo disse…
Pelo que leio leva-me a pensar que os judeus dessa comunidade eram ashkenazim, não eram sefarditas. Consegue obter essa informação? Muito obrigada.
Rogério Gens disse…
Cara leitora: Não sei responder muito concretamente, talvez com as ligações consiga algo mais. Como digo parece-me que seria uma combinação de judeus ingleses e holandeses (dos quais uma parte será sefardita pois remotamente originários da península Ibérica) e de asquenases lituanos/russos que por algum motivo escolheram em massa a África do Sul como destino pelo que alguns ficaram por Moçambique. Cumprimentos.