Continuando este artigo aqui algo mais sobre a primeira Estação de Incêndios da Baixa de Lourenço Marques, actual Maputo.
FOTO 1
Como se pode observar esse edifício à primeira vista parecia diferente do que tinhamos visto no artigo anterior da estação de bombeiros na foto de c. de 1929 que relembro a seguir:
FOTO 2
Segunda Estação de Incêndios em 1929, tinha ligação com a de cima? |
E vejamos ainda uma foto de Carlos Alberto Vieira mais recente que as anteriores e com uma perspectiva diferente do quarteirão:
FOTO 3
Estação de Incêndios no final dos anos 50 ou início dos 60 Rua da Imprensa, na continuação da actual Lenine. |
Na FOTO 3 aparece uma torre que não se via na FOTO 2 onde só aparece o edifício com dois pisos. As torres nos bombeiros servem para ver os incêndios ao longe, para ter a sirene para apelar os voluntários, para treinar a escalada de prédios e acho que para deixar as mangueiras dessa época penduradas para não se estragarem, por isso parece-me que são essenciais nas estações.
No terceiro artigo desta série esclareceremos um pouco a sequência de construções dos bombeiros da cidade neste quarteirão e veremos que a torre foi erguida a partir da parte do edifício com dois pisos que se via mais à esquerda na FOTO 2, a que tinha uma janela de alavanca. Mas aqui em cima a FOTO 3 também já dá a entender que para lá da torre estava o edifício da FOTO 1 pelo que a sequência de construção foi:
A. edifício da FOTO 1 (acastanhada), foi o primeiro do conjunto e era o que ficava mais a norte = do lado da esquina com a continuação da Av. Álvares Cabral, actual Manganhela;
B. edifício da FOTO 2 que ficava mais a sul = do centro para a esquina com a Av. da República, actual 25 de Setembro. Veio ocupar o lugar duma construção antiga (telhado listado) com cobertura saliente que se vê à direita da FOTO 1 acastanhada. Se ela também esteve ligada aos bombeiros não sei, pela localização é provável que sim mas parecia mais ser uma loja comercial;
C. a torre a partir da parte mais à esquerda do edifício de dois pisos da FOTO 2 e que acabou por ficar em posição central no conjunto..Veremos no entanto em baixo, que como "esperado", já tinha antes havido uma torre mas recuada.
No terceiro artigo desta série visualizaremos um pouco melhor essa sequência.
Esta é mais uma foto dos anos 60 onde se vê a torre dos bombeiros e a estação de Incêndios.
Esta é mais uma foto dos anos 60 onde se vê a torre dos bombeiros e a estação de Incêndios.
FOTO 4
Vermelho: Bombeiros (estação de incêndio) com a torre Verde: Av. da República, actual 25 de Setembro Amarelo: Rua da Imprensa, na continuação da Av. Augusto de Castilho actual Lenine |
Como vimos em cima já estavam construidos edifícios de alvenaria e não havia uma torre bem visível pelo menos à frente do conjunto até que ela apareceu na FOTO 3. Mas como em princípio as estações de incêndio tem uma torre, vejamos as fotos antigas dessa zona, por exemplo que estão neste artigo:
Nesta FOTO 5 o lado centro esquerdo representa a zona do actual Prédio 33:
FOTO 5, posterior a 1891 ou 1892
Vermelho: uma estrutura na zona que veio a ser da estação de incêndios
Rosa: cadeia civil da Baixa, e os edificios públicos ao lado.
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E nesta outra foto que suponho ser posterior à FOTO 5, ainda com a mesma Alfândega (amarelo) ao fundo temos:
FOTO 6
E na foto seguinte que suponho ser posterior à FOTO 6 e por isso à FOTO 5 e que é posterior a 1904 pois já existia a Fazenda (actual Biblioteca) marcada a azul claro
FOTO 7
Conclusão: nestas 3 últimas fotos aparecem na zona da estação dos bombeiros torre(s) recuada(s) em relação à rua da Imprensa, aquela para onde ficou a fachada principal do conjunto. Isso explicará que a torre de alvenaria não tenha sido construida logo de início com as construções das FOTOS 1 e 2 pois existia uma torre anterior nas suas traseiras e que foi sendo usada.
De facto, olhando para a FOTO 7 com mais detalhe vemos para a direita da torre (frente à Rua da Imprensa a azul e perto da esquina com a actual Av. 25 de Setembro a verde) que havia aí três edifícios. Mais próximo do observador estava um mais alto e largo (laranja claro) e para sul desse um outro mais baixo (verde claro) e podemos comparar essas marcações da FOTO 7 com as equivalentes que faço na FOTO 1:
FOTO 1 com marcas
Azul: Rua da Imprensa outras marcas: ver explicações a seguir: |
Quanto às marcas laranja e verde claros, na FOTO 1 com marcas se compararmos os topos dos telhados vemos que há equivalência com as da FOTO 7. Quanto à marca vermelha, por cima (quer dizer por trás do edifício e mais ao alto) está o topo duma torre. À primeira vista parecia qualquer coisa do telhado mas agora compreende-se que não é. Infelizmente não se consegue ver bem se é igual à torre da FOTO 7 (ou da 5 ou da 6) porque estas fotos têm muito pouca resolução mas presumo que fosse e que se tivesse mantido aí durante mais tempo que o edifício da marca "verde clara" que, repito, foi demolido para se construir o de dois pisos das FOTOS 2 e 3.
A conclusão principal é que, com uma ou outra torre já havia neste local um serviço de bombeiros há muito tempo. Como não sabemos as datas das FOTOS 5 ou 6 não podemos dizer a partir de que data foi instalada a torre e daí a data da primeira estação de incêndio mas sabemos que foi depois de 1890 e que em 1905 já existia. Provávelmente essa deve ter sido a primeira estação na cidade pelo menos fora da "ilha" inicial e manteve-se aí (onde está actualmente o Prédio 33) até aos anos 50 ou 60 do século XX, data em que mudou para junto da RONIL.
Ainda sobre a evolução da torre da estação ver este artigo. Série completa sobre a estação de incêndio de LM aqui.
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