Rua Canto e Castro na Baixa de Maputo

FOTO 1 - LAZARUS (1899-1908, talvez de 1907)
Legenda: Rua Canto e Castro
Esta Rua Canto e Castro não se via nos mapas correspondentes ao tempo dessa foto de Lazarus. No entanto no livro Xilunguíne de Alexandre Lobato (AL) aparece esta foto da mesma rua e com a localização detalhada da legenda está o enigma da Rua Canto e Castro resolvido.


FOTO 2 - Anónima
Legenda de AL: Aspecto da Rua Canto e Castro, que foi Rua Nova da Alfândega, entre a Consiglieri Pedroso e a Rampa da Alfândega (HoM, devia ser relacionado com o cais), marginando o lado ocidental da Praça. Distinguem-se pela esquerda as aberturas da Rua Araújo e Travessa da Botica (hoje Valadim - HoM: vê-se mal na FOTO por isso mais detalhe em baixo), "Casa Amarela", e etc.
Vamos agora tentar ver outras coisas. Podemos observar que o edifício de esquina à esquerda em primeiro plano das FOTOS 1 e 2 é o mesmo nas duas e podemos ver que o edifício ao fundo da rua também é o mesmo, as "caleches" estacionadas à sombra são também do mesmo tipo pelo que as FOTOS 1 e 2 devem ser quase simultâneas. Podemos comparar esse edifício da esuina com o de outras fotos do mesmo local mostradas em baixo. São as FOTOS da mensagem sobre o "Robert Hudson" que tinham sido tiradas rodando-se uns 90 graus para a esquerda = poente = oeste em relação à direcção em que foram tiradas as FOTOS 1 e 2, e apanhando-se assim a mesma esquina mas com visão da Rua Major Araújo com o Hotel Carlton visto mais para a frente. 

                 FOTO A - sem data                            FOTO B - Santos Rufino c. 1929    
 Roxo: Rua Canto e Castro = Rua Nova da Alfândega
no lado poente = oeste = ocidental da Praça 7 de Março.
Laranja: Rua Major Araújo, 
estação de caminhos de ferro de 1910 ao fundo na FOTO B


A FOTO A é mais antiga do que a FOTO B pois o Hotel Carlton ainda tinha a pirâmide na torre, sendo por isso a FOTO A mais contemporânea da FOTO 1 (de entre 1889 e 1908) do que a FOTO B. 
A comparação da FOTO A com as FOTOS 1 e 2 para o edifício da esquina resulta no seguinte: 
Formato geral dos edifícios semelhante, colunas de suporte da varanda iguais com uns "dedos" abrindo-se em cima, a "rendinha" metálica no telhado da varanda igual. 
A diferença é no gradeamento da varanda: nas FOTOS A (e B) era com placas I XX I XX I enquanto que nas FOTOS 1 (e 2) era com I X I X I. 
Mas a grade não é estrutural e deve ter sido alterada entre o tempo das FOTOS 1 e 2 e o tempo da FOTO A (e depois continuou sendo a mesma até ao tempo da FOTO B), pelo que se deve tratar do mesmo edifício em todas estas fotos do mesmo local.


Vamos posicionar o edifício no MAPA de 1925/26 para se ter uma visão mais completa.

                                                                MAPA de 1925/26
Quadrado castanho: o edifício da esquina das FOTOS
Roxo: Rua (Nova) da Alfândega = Canto e Castro,
 no lado poente da Praça 7 de Março
Laranja:  Rua Major Araújo, actual Bagamoyo
Azul: Travessa Tenente Valadim, parece não ter nome actualmente
Amarelo: Casa Amarela 
Rectângulos de edifícios a ver depois:
Verde Claro e Cinzento
Vamos ver na FOTO 1 se como dito por Alexandre Lobato na legenda da FOTO 2 (em que se vê isso mal) está uma Travessa (que seria a do Tenente Valadim) e uma Casa (que seria a Amarela).                           
Pormenor da FOTO 1 do lado esquerdo (clique para aumentar)
Azul: Travessa depois de um edifício mais baixo (*) 
ao lado do edifício de 2 pisos da esquina norte
Amarelo: Casa Amarela

(*) O edifício mais baixo (que está marcado pelo rectângulo verde claro no MAPA de 1925)  que faz esquina com a travessa, ocupava a posição do que viria a ser a Casa Bayly. Como se vê mal na FOTO 1 não se pode confirmar se esse edifício já seria o que podemos ver nesta FOTO 3 de cerca de 1929, pelo menos parece que não se vêm as mesmas montras. Pode-se também confirmar nesta FOTO 3 que do lado esquerdo da Casa Bayly parecia estar o tal Robert Hudson da esquina da FOTO B (os dois pisos, a grade, a renda). 

FOTO 3, c. 1929
Casa Bayly no HoM
Então em termos da cidade actual, na FOTO 1 estaríamos no lado poente = oeste e ao meio entre o norte e o sul da Praça 25 de Junho frente à Geologia e como indicamos com mais precisâo na legenda:
À esquerda onde está o militar: esquina com a actual Bagamoyo. 
Ao fundo: cruzamento com a Rua Consiglieri Pedroso,
 com a Casa Amarela na esquina esquerda-sul do cruzamento
Do lado direito: Árvores na actual Praça 25 de Junho, onde cerca de 1929

 tinha passado a haver uma praça de táxis)
Presumo que as pessoas vistas de frente na rua e que caminhavam em direcção do estuário seriam ou trabalhadores do porto ou que iam apanhar o barco ou almadia para a Catembe. Ao fundo da FOTO 1 estava o Restaurant Paris ou Gambrinus como se explicava para a mesma foto na FOTO 5 deste artigo
O Canto e Castro homenageado no nome da rua pode ter sido M. António do Canto e Castro que foi governador geral de Moçambique de abril de 1864 a outubro de 1867 ou João do Canto e Castro, oficial da Marinha de Guerra, Governador de Moçambique no tempo da Monarquia e mais tarde Ministro e Presidente da República de Portugal.

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