O arrabalde em vistas para a Rua da Imprensa e estuário entre 1895 e c. 1920

Teremos aqui vistas para a Rua da Imprensa e para o estuário entre 1895 e 1920 duma zona de que já falei aqui a propósito da fundição e aqui da sua evolução, aqui da evolução do Baptista e também aqui dum seu período mais recente.
Segundo Alexandre Lobato (AL) esta zona mais oriental da "ilha" de Lourenço Marques que ia da fortaleza até ao almoxarifado (da fazenda = finanças) era conhecida por arrabalde (fora do centro) e foi inicialmente ocupada por indústrias e armazéns. 
Na FOTO 1 essa situação estava já um tanto ultrapassada pois apareciam por exemplo hotéis e lojas comerciais. Ela é inédita no HoM e original da colecção do ARPAC - Instituto de Investigação Sócio-Cultural de Moçambique (página de facebook) onde pertence à pasta “Maputo Cidade XI, Monumentos e Locais Históricos”. Os agradecimentos do HoM à instituição e a quem a cedeu para esta publicação. 
A FOTO 1 será de cerca de 1920 pois no topo para sul da Rua da Imprensa o edifício da capitania do porto estava já construido mas a zona em torno dele, também resultante de aterro feito a partir da "ilha inicial" para o estuário numa distância de cerca de duzentos metros, parecia ser muito recente. Lembro que foi este aterro, que veio do lado da enseada da Maxaquene que permitiu fechar a doca da capitania do lado nascente = leste e que se vê na foto abrindo-se para o estuário.


FOTO 1
Vista do "arrabalde" para sul a partir da torre dos bombeiros.
À direita o quarteirão do actual Hotel Tivoli

A mesma foto com marcas:


FOTO 1 com marcas
linha rosa: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro
linha laranja claro: Rua Condutor (Eng. Técnico)  Joaquim Lapa,
 actual Slovo, do lado oriental = leste
linha verde claro: Rua da Imprensa (Nacional)
linha azul claro: Rua Nossa Senhora da Conceição, actual de Timor Leste
castanho claro (à esquerda)armazém da capitania
azul normal: capitania do porto
branco: prédio do Baptista
preto: Grande Hotel, depois Casa Pfaff, actual BCI
laranja escuro: prédio antigo com grande respiro 
na esquina da Travessa do Baptista com a Rua Lapa
castanho escuro: Hugh le May, depois Pendray e Sousa com a chaminé
vermelho: doca seca
verde escuro: Allen Wack, um dos primeiros armazéns
carmesim: Bank of Africa visto pelas traseiras
azul escuro: Capitania Buildings
roxo (frente à capitania): perto donde seria a praia inicial 
e onde parece passar uma linha férrea

Agora um detalhe da foto panorâmica de 1895 que vimos aqui (Arquivo Histórico de Moçambique - Icon 7 - Baixa de Lourenço Marques) para mostrar a zona do arrabalde anteriormente à FOTO 1 e dum ângulo um pouco diferente (esta foto foi tirada mais para leste = oriente = nascente). 

FOTO 2 (clique para aumentar)
seta preta e creme (ao centro direita da foto)passadiço 
branco: telhado do prédio do Baptista de Carvalho
linha laranja claro: início a leste da Rua Eng. Joaquim Lapa, actual Slovo
linha verde claro: Rua da Imprensa (Nacional)
linha rosa: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro

Como a FOTO 2 será cerca de vinte e cinco anos anterior à FOTO 1 pode-se formar uma ideia geral da evolução da zona nesse período. Constata-se que a maior parte das ruas estavam traçadas e pode-se usar o prédio do Baptista como referência comum. 
No entanto interessa-me particularmente um pormenor na FOTO 2 à esquerda = para sul do prédio do Baptista:
Passadiço sobre?

Vê-se aí um passadiço da Rua da Imprensa para oeste mas não se compreende o seu fim pois esse sector está na sombra do prédio. Entre esse ponto e a praia do Albasini que estava ainda em estado próximo do natural (o aterro foi feito a partir de 1915) e que se vê para a esquerda na FOTO 2 havia espaço livre. Por isso ponho a hipótese de estar ainda nessa altura a passar no topo a leste da Rua Lapa um remanescente dos drenos do pântano o qual fosse a explicação para o passadiço.
Lembro que onde estava o prédio do Baptista sempre foi terra firme mas grande parte da Av. D. Carlos nessa zona foi construída sobre aterro do pântano. O canal de drenagem principal da zona seguia o eixo do que viria a ser essa avenida até encontrar o estuário perto donde está agora o prédio do Teatro Avenida mas podia ter havido um dreno secundário mais directo entre o pântano e para a praia a sul. Teria havido esse dreno na direcção da Rua da Imprensa ou não? O que é certo é que ao tempo da FOTO 1, uns vinte e cinco anos depois, já nada disso restava na esquina das Ruas da Imprensa e Condutor (Eng. Técnico) Joaquim Lapa.

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