Nesta série de artigos falaremos da biografia e das casas relacionadas com o Comandante Augusto Cardoso, uma personalidade ilustre na história de Moçambique e da cidade de Lourenço Marques (LM), actual Maputo.
Os dados principais do texto seguinte vêm do que Alfredo Pereira de Lima escreveu no livro "Edifícios Históricos de Lourenço Marques". Resumindo, o primeiro feito do
jovem oficial da Marinha de Guerra Portuguesa Augusto Cardoso foi em 1885.
Tendo o lider da expedição geográfica ao Niassa, o experiente explorador do continente africano Serpa
Pinto adoecido, Cardoso completou sózinho a expedição sem atrasar o cumprimento do
objectivo. Nesse período as margens do lago Niassa estavam em disputa entre
Portugal e a Inglaterra e o assunto não ficou concluído aí, mas foram essas
expedições de reconhecimento portuguesas e as negociações com os chefes
tradicionais locais em que o Comandante participou que fizeram com que Moçambique tenha as fronteiras actuals em redor do lago Niassa por exemplo.
Depois de ser
homenageado pelo Rei de Portugal D. Luís em Lisboa por essa missão, Cardoso regressou a
Moçambique e em 1886 estava de novo no Niassa. Dois anos depois, em 1888, foi colocado
em LM como capitão do porto tendo balizado a baía e construído o farol e intervido no saneamento da cidade
(será que quer dizer secar o pântano ou os esgotos?). Devido à sua função (HoM:
suponho que para lhe permitir controlar à distância o funcionamento do estuário/porto) o governo delimitou um
terreno junto à barreira da Ponta Vermelha e aí construiu-lhe uma casa. Cardoso
habitou-a e em 1892/94 o governo reconhecendo os seus trabalhos para desbravar o
que fora antes "mato" bravio e cerrado, vendeu-lhe a casa e o terreno
pelo justo preço. É essa casa na zona da Ponta Vermelha de
LM, actualmente entre a Escola Josina e o Hotel Cardoso
que vemos em baixo:
Casa do Comandante Cardoso cerca de 1890
Como podemos observar a casa era bastante rústica se pensarmos na vida de privilegiado que o Com. Cardoso poderia ter levado na Europa. Suponho que era da cabine mais elevada com a balustrada que ele olhava para o estuário e o porto, por isso seria aí a parte virada para sul ou para a barreira.
Foi depois em parte desse terreno que lhe passou a pertencer junto à barreira (HoM: não tenho a certeza se foi exactamente no lugar dessa primeira casa) que o Comandante Cardoso construiu o que viria a ser o primeiro Hotel Cardoso mas alugou-o de seguida porque foi nomeado administrador do distrito de Inhambane.
Primeiro hotel construido por Cardoso (postal dos balões)
De facto Cardoso nunca explorou o hotel que levou o seu nome tendo sido sempre alugado a empresários do ramo e Cardoso acabou por vendê-lo em 1920. O postal de cima é de cerca de 1905/06 como as outras fotos de Peters mas não sei em que data precisa o edifício foi construído.
Dado ser um fervoroso monárquico, depois de 1910 Cardoso abandonou a função pública mas continuou a ser personalidade muito influente em LM, fazendo por exemplo nos anos 20 parte da Comissão de Turismo que discutiu a construção do Hotel Polana.
Em baixo vê-se outra casa do Comandante Cardoso de foto publicada por Santos Rufino em 1929, por isso em data próxima do seu falecimento em 1930. Nota-se um salto no conforto relativamente à primeira pois certamente estava a beneficiar das suas actividades privadas e acompanhando o progresso da cidade e das condições de vida nela.
Casa do Com. Cardoso cerca de 1929, suponho que ainda na Ponta Vermelha
Segue-se o busto do "distinto oficial de Marinha Comandante Augusto Cardoso" em 1888:
Augusto Cardoso em escultura de Simões de Almeida
Aqui um excerto de livro sobre as explorações político/geográficas de Portugal em África nos finais do século XIX com referência à expedição de Serpa Pinto e Augusto Cardoso:
Expedição portuguesa no Niassa, Chire e Zambeze
Em Portugal continua a haver muitas ruas com o nome do Comandante Cardoso porque na Europa dos finais do século XIX os exploradores da África desconhecida do ocidente eram considerados heróis O nome do Comandante Cardoso foi também dado a uma rua na Polana em Lourenço Marques que se foi mantendo após a independência mas que parece ter sido substituído recentemente (embora ainda apareça em muitos mapas). Isto seria paradoxal num mundo racional porque se há um país que beneficiou do esforço do Comandante Cardoso como servidor público, tanto na definição do seu território particulamente nas fronteiras do noroeste com o Malawi como no estabelecimento do porto de LM, finalmente esse país foi Moçambique e não Portugal, mas ...
Wikipedia: O Comandante Augusto de Melo Pinto Cardoso (1859-1930) foi capitão de
fragata da Marinha Portuguesa, explorador e administrador colonial. Foi um dos
vários exploradores portugueses que ao longo do século XIX viajaram por regiões
africanas praticamente desconhecidas. Frequentou o Colégio Militar e participou
na chamada Expedição Científica "Pinheiro Chagas" (de 1884 a 1886)
destacando-se na exploração geográfica do Niassa.
LOBATO, Alexandre escreveu o
livro Augusto Cardoso e o Lago Niassa. In: Stvdia / Centro
de Estudos Históricos Ultramarinos. - Nº19 (Dezembro 1966), p. 7-91.
Próximo artigo da série aqui.
Casa do Comandante Cardoso cerca de 1890 |
Como podemos observar a casa era bastante rústica se pensarmos na vida de privilegiado que o Com. Cardoso poderia ter levado na Europa. Suponho que era da cabine mais elevada com a balustrada que ele olhava para o estuário e o porto, por isso seria aí a parte virada para sul ou para a barreira.
Foi depois em parte desse terreno que lhe passou a pertencer junto à barreira (HoM: não tenho a certeza se foi exactamente no lugar dessa primeira casa) que o Comandante Cardoso construiu o que viria a ser o primeiro Hotel Cardoso mas alugou-o de seguida porque foi nomeado administrador do distrito de Inhambane.
De facto Cardoso nunca explorou o hotel que levou o seu nome tendo sido sempre alugado a empresários do ramo e Cardoso acabou por vendê-lo em 1920. O postal de cima é de cerca de 1905/06 como as outras fotos de Peters mas não sei em que data precisa o edifício foi construído.
Dado ser um fervoroso monárquico, depois de 1910 Cardoso abandonou a função pública mas continuou a ser personalidade muito influente em LM, fazendo por exemplo nos anos 20 parte da Comissão de Turismo que discutiu a construção do Hotel Polana.
Em baixo vê-se outra casa do Comandante Cardoso de foto publicada por Santos Rufino em 1929, por isso em data próxima do seu falecimento em 1930. Nota-se um salto no conforto relativamente à primeira pois certamente estava a beneficiar das suas actividades privadas e acompanhando o progresso da cidade e das condições de vida nela.
Segue-se o busto do "distinto oficial de Marinha Comandante Augusto Cardoso" em 1888:
Aqui um excerto de livro sobre as explorações político/geográficas de Portugal em África nos finais do século XIX com referência à expedição de Serpa Pinto e Augusto Cardoso:
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Wikipedia: O Comandante Augusto de Melo Pinto Cardoso (1859-1930) foi capitão de fragata da Marinha Portuguesa, explorador e administrador colonial. Foi um dos vários exploradores portugueses que ao longo do século XIX viajaram por regiões africanas praticamente desconhecidas. Frequentou o Colégio Militar e participou na chamada Expedição Científica "Pinheiro Chagas" (de 1884 a 1886) destacando-se na exploração geográfica do Niassa.
LOBATO, Alexandre escreveu o
livro Augusto Cardoso e o Lago Niassa. In: Stvdia / Centro
de Estudos Históricos Ultramarinos. - Nº19 (Dezembro 1966), p. 7-91.
Próximo artigo da série aqui.
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