Esta era a Aerogare de Mavalane tal como foi inaugurada em 17.11.1940 faz este ano 75 anos. A sua evolução para o edifício actualmente no mesmo local é explicada nesta mensagem.
Vista quase de frente |
Foto delagoabayworld com a devida vénia |
Detalhe do mapa em material cerâmico
Foto original do HoM - clique para aumentar |
A frente central é a parte mais intacta do edifício original. O mapa tem grande valor histórico pois podemos ver como eram chamados os países vizinhos de Moçambique e ver as ligações aérea internas da altura. Isto quando a Europa estava a ferro e fogo na segunda Guerra Mundial e para continuarmos ligados à aviação decorria a derradeira fase da primeira campanha de bombardeamento aéreo maciço da história com a Inglaterra a ser atacada (sem sucesso no final) pela Alemanha nazi. Por tudo isso seria importante incluir pelo menos esta parte do edifício na lista do património edificado de Moçambique neste seu 75o aniversário.
Outra vista da fachada e da praça fronteira |
Vista para sudeste da fachada para a placa e pista fonte: voandoemmozambique.blogspot.com |
Quanto à arquitectura da aerogare esta parece ser de transição. O primeiro andar tem influências modernas como por exemplo o volume redondo na traseira suportando a torre de controlo em forma de mastaba, janelas à vigia de navio na frente, lâminas horizontais curtas em redor do mapa (escada central?) e longas coberturas de entrada. No entanto o rés do chão em arcadas tem marcada influência revivalista e nacionalista portuguesa, sendo por isso um hibrido de moderno com "Português Suave".
O autor do desenho da Aerogare for o arquitecto Carlos Santos também autor em 1944 do edifício original dos Organismos de Coordenação Económica na Praça 25 de Junho (André Ferreira - OBRAS PÚBLICAS EM MOÇAMBIQUE, já citado) e em 1947 do projecto do edifício do actual Conselho Municipal na Praça da Independência. Era um arquitecto português que tinha vivido muitos anos no Brasil e depois deve ter estado pelo menos tempos largos em Moçambique.
Foto da aerogare na última fase antes da ampliação lateral e de um avião DC-3 da companhia aérea DETA duma brochura dos CFM em 1954
Mais uma foto da aerogare de Mavalane nessa fase:
Foto da aerogare na última fase antes da ampliação lateral e de um avião DC-3 da companhia aérea DETA duma brochura dos CFM em 1954
A DETA era uma divisão dos Caminhos de Ferro de Moçambique, CFM |
Fachada principal da aerogare de Mavalane em Lourenço Marques |
Sobre o primeiro aeródromo de Lourenço Marques na Carreira de Tiro ver aqui.
Detalhes sobre
Construção e Planificação do Aeroporto de Mavalane de HPIP:
O texto do HPIP é
confuso em termos de calendarização mas tentei cortar o que me parece relativo
à construção da aerogare Gago Coutinho. Noto no entanto que relativamente às
pistas não há diferença entre as de Mavalane e as do Gago Coutinho ou do
aeroporto actual - todas tiveram origem no que foi feito para Mavalane e depois
sucessivamente ampliadas. A mesma evolução se passou para os hangares que
ficaram entre as 2 aerogares e que continuaram a ser usados depois da aerogare
de Mavalane ter deixado de servir como terminal.
A principal
conclusão da sua leitura é que a aerogare de Mavalane foi inaugurada em
(Novembro de) 1940 e o primeiro hangar e as pistas eram pelo menos usados desde
Abril de 1938. De 1938 a 1940 deve ter decorrido a construção da aerogare e
outros trabalhos (construção de edifícios auxiliares, ligação à rede eléctrica,
iluminação das pistas e farol) e o conjunto pode só ter sido concluido em 1940,
mas também pode ter acontecido que antes da inauguração oficial já esses
edifícios e equipamentos estivessem a ser utilizados em pleno.
Eis então o
original do HPIP adaptado:
"Construção: ....Um outro passo importante viria a
ocorrer, dois anos mais tarde, com a criação de um novo aeroporto na capital
moçambicana, situado ao quilómetro 7 da linha de Marracuene (Mavalane), em 6 de
Abril de 1938. O novo aeroporto viria a ser edificado em terrenos pertencentes
a Eilen Eimett Fragoso, adquiridos por Esc. 250.000$00, estando ligado à cidade
pela antiga estrada do forno crematório, tendo-se prolongado a Avenida de
Angola em cerca de dois quilómetros. Posteriormente, a área do aeroporto viria
a ser expandida, com a aquisição de novos terrenos. Se, em 1936 a área do
aeroporto compreendia cerca de 1 milhão de metros quadrados .... Até fins de
Março de 1938 foi ainda utilizado o antigo aeródromo militar da Carreira do
Tiro, por não se terem ainda as pistas preparadas do novo para os aviões
poderem aterrar e descolar com carga (NB HoM: suponho que carga principal nesta altura eram
pessoas e correio). Porém, no final do
dia, os aviões eram recolhidos no hangar de Mavalane, para onde vinham
descarregados (HoM NB: sem pessoas). A partir de Abril desse ano (1938), todo o
serviço passou a ser feito no atual aeroporto, encontrando-se funcionais apenas
duas pistas N-S e E-O, tendo as duas restantes ficado concluídas apenas três
meses depois.
O terreno do
novo aeródromo era arenoso. Foi primeiro necessário limpar e nivelar, tendo-se
semeado erva rasteira local, que era regada diáriamente. Posteriormente, quando
a erva pegou foi o terreno cilindrado, primeiro com um cilindro de 2 toneladas
e depois com outro de cinco.
....
Planeamento:
Desde Novembro de 1936 que se pensava na construção da aerogare do novo
aeródromo internacional. O primeiro projeto aproximava-se das instalações
existentes em Durban, mas o seu custo, calculado em 6.000 ou 7.000 contos, não
mereceu aprovação do Governo Geral da colónia. Foi então elaborado novo
projeto, que apareceu depois como o projeto-tipo para os aeroportos principais,
como era o caso de Lourenço Marques, Inhambane, Quelimane e Lumbo, mas o
orçamento de 2.200 a 2.300 contos foi ainda considerado despropositado.
Finalmente, a estação aérea aprovada, da autoria do engenheiro praticante da
Direcção de Estudos e Construção, Tito Lívio da Cruz Esteves, com fachada do
arquitecto Carlos Santos, estava orçada em apenas Esc. 861.500$00, tendo sido
feita por administração direta. A nova aerogare viria a ser inaugurada em 17 de
Novembro de 1940, no decorrer das comemorações do Duplo Centenário da
Independência e Restauração de Portugal.
Posteriormente as
maiores exigências das aeronaves e da evolução dos próprios serviços levaram à
ampliação da superfície ocupada e à execução de obras e instalações realizadas
a coberto dos Planos de Fomento."
Artigo sobre aeroportos de LM / Maputo de António Sopa no HPIP
Artigo sobre aeroportos de LM / Maputo de António Sopa no HPIP
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