Estilo "Português Suave" em Lourenço Marques

Este é o exemplo dum moradia no estilo NacionalistaTradicionalista ou Estado Novo também chamado de "Português Suave" dos anos 40/50 em Maputo.

Foto original do HoM - clique para aumentar
O regime do Estado Novo português por volta de 1940 começou a controlar a arquitectura que até aí tinha estado aberta ao Movimento Moderno internacional e a usá-la como instrumento de propaganda política (texto baseado na dissertação ARQUITECTURA MODERNA NA ÁFRICA LUSÓFONA de Jessica Marques Bonito). Foi então defendido um estilo revivalista e nacionalista português a que os arquitectos da oposição chamaram irónicamente «Português Suave*».  
De facto em Lourenço Marques (actual Maputo) não terá sido necessário reviver o estilo porque ele esteve sempre presente por exemplo através do destacado Casal de S. Vicente que tem todos os seus elementos e que deve ter influenciado os gostos arquitectónicos nos finais da decada de 20 e na de 30. 
No entanto na cidade este estilo nunca foi dominante provávelmente pela influência Sul Africana e pela menor pressão política em comparação com Portugal Continental, mas no fim dos anos 40 e anos 50 foi aplicado em muitas moradias e pequenos prédios de habitação. A Matola Rio, uma zona vasta de moradias construida durante os anos 50, foi muito baseada neste estilo. 

WikipediaAs moradias (unifamiliares) em «português suave» são tipicamente constituídas por uma ampla cobertura em telha com beirais, alpendres cobertos ou avarandados com cobertura em telha (HoM: as telhas são usadas profusamente como elementos de decoração). 
Em Portugal Continental eram também caracteristicos a fachada pintada de branco ou cores claras, a utilização de pedra nas molduras do vão e as portadas de madeira normalmente pintadas de verde. 
Por vezes utilizaram-se trabalhos em azulejos ou cerâmica com motivos tradicionais e peças em ferro forjado para floreiras, cata-ventos e portões.

Mas como sempre e já dissemos no HoM, há muitas variações resultantes do gosto dos arquitectos, dos proprietários, etc. Por isso em Maputo aparecem por exemplo hibridos de modernismo com "português suave".
Após esta simplificada introdução teórica iremos publicando no HoM mais algumas fotos de "Portugueses Suaves" em Maputo.

* Evocando uma conhecida marca de cigarros económicos de Portugal


Talvez o edifício percursor deste estilo na cidade
Casal de S. Vicente (lado poente)

Comentários

Anónimo disse…
Nunca compreendi a hostilidade em relação ao Português Suave. Foi das coisas melhores do Estado Novo. É um estilo lindíssimo, muito melhor que o internacional, impessoal e frio brutalismo, que tanto encanta as esquerdas.
Rogério Gens disse…
Obrigado pelo comentário. Pessoalmente prefiro o modernista dos anos 40 ou 50 ou o art deco (rico). O que a esquerda queria é que os portugueses fossem outro povo ou seja não acreditam que os 3Fs (movimento social digamos que este estilo se integra) fazem parte do povo. Não sou grande estudioso do tema mas o que quis notar é que o estilo não foi criado por Antonio Ferro nos anos 40, em LM apesar da influência inglesa ele já exista antes de Salazar chegar ao poder e pensar-se em propagandas "à Mussolini".