Sabemos daqui e daqui que no terreno da Baixa de Lourenço Marques, actual Maputo que fazia esquina entre a Av Álvares Cabral, actual Manganhela e a Av. Central, depois Manuel de Arriaga e actual Marx foi instalada a primeira central geradora de electricidade da cidade. Foi construida em 1898 e operou até 1912 e era a movida a vapor usando como combustível carvão.
A foto seguinte é de de Santos Rufino e foi publicada em 1929. Mostra o quarteirão dessa central geradora visto de sul e onde, mesmo tendo ela sido desactivada há talvez quinze, anos se viam ainda os seus pavilhões e chaminé.
A foto seguinte é de de Santos Rufino e foi publicada em 1929. Mostra o quarteirão dessa central geradora visto de sul e onde, mesmo tendo ela sido desactivada há talvez quinze, anos se viam ainda os seus pavilhões e chaminé.
FOTO 1
Branco: o vagão -- Verde: o mercado municipal -- Azul: antiga central eixo vermelho: antiga Av Álvares Cabral, actual Manganhela eixos amarelos: antiga Av. Manuel de Arriaga/Central, actual Marx |
Foco no vagão |
O vagão estava não numa linha férrea principal mas num ramal que saía da zona dos caminhos de ferro para o centro da Baixa da cidade e que está representado no mapa de 1925/26:
Vê-se no mapa que esse ramal terminava na esquina entre as Avs. Álvares Cabral e Central/Manuel de Arriaga, ponto esse onde como dissemos a central geradora que se via na FOTO 1 esteve instalada (pelo que o vagão da FOTO 1 estava no fim desse ramal). Podemos estimar que sendo a central grande consumidora de carvão teria sido ela que motivou a instalação do ramal na Av. Álvares Cabral mais ou menos expressamente para lhe trazer carvão. De facto esse seria o melhor meio para transportar carvão para a central enquanto ela funcionou entre 1898 e 1912 pois a alternativa teriam sido carroças puxadas por animais.
Na FOTO 1 de c. 1929 o vagão não estava a trazer carvão para a central porque ela tinha fechado em 1912. Estaria a trazer outras mercadorias para as actividades que a DBDC estivesse aí a exercer nessa altura. Mas deu-se a coincidência desse vagão nos ter alertado para a existência do ramal que foi confirmada pelo mapa e a partir daí penso que pudemos compreender a forma pela qual a central era abastecida em carvão enquanto esteve em funcionamento. Devo no entanto notar que no que vi escrito sobre a central não havia menção ao transporte do carvão pelo que não posso confirmar ou rejeitar estas minhas deduções.
O DBDC marcado no mapa no terreno da central significa Delagoa Bay Development Corporation e era a companhia que em 1925/26 tinha a concessão de produção de electricidade, primeiramente outorgada à CGd'E. O carvão mineral usado como combustível pela central até 1912 devia vir das minas do Transvaal e até podia chegar-lhe directamente por este ramal. Junto à central devia haver um espaço onde se armazenasse uma quantidade de carvão suficiente para poder suportar alguns dias em que falhasse o fornecimento sem causar a sua paragem.
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