Stiloguedes - XXII - Casa do Frontão Quebrado de 1969 e evocação do Dr. Simões Ferreira (actualizado)

Projecto da Casa do Frontão Quebrado no seu estilo Palácio Euclidiano com formas geométricas complexas do Arquitecto Pancho Guedes para o Dr. Simões Ferreira. Era uma vivenda com vista para o mar na barreira da Polana junto ao Caracol.
PG dixit: "The House of the Broken Pediment is perched on the steep hillside overlooking the Caracol - the snail drive - a winding road that connects the Polana beach to the plateau above. It turns a broad low lying gutter to the roadside and a monumental broken pediment to the bay. It is a house of shelves sheltered under a very large roof. Some of the rooms are separated from others by wooden screens. Some of the beams are split to contain lights. I had worked at the idea of broken pediments before but in those other houses the pediments were most often just lying on the ground."

O frontão quebrado ao centro frente à baía - em construção
Traseiras viradas para a cidade
Avenida a subir para a Polana à direita
Detalhe das traseiras viradas para a a avenida e alto da cidade
Posição no Google Earth actual
Casa do Frontão Quebrado do Dr. Simões Ferreira
Uma das primeiras casas construídas na zona do declive
Foto do início dos anos 70, provávelmente

O Dr. Simões Ferreira era um reconhecido médico oncologista em Lourenço Marques actual Maputo. Foi também o pai de Teresa Heinz, a esposa do actual Secretário de Estado Americano John Kerry e que foi anteriormente casada com o falecido Senator John Heinz, herdeiro da familia do ketchup Heinz. Teresa Heinz é ainda a presidente da The Heinz Endowments e da Heinz Family Philanthropies fundações que financiam diversas causas sociais e ambientais. É estimado que Teresa Heinz tenha uma fortuna pessoal entre 750 milhões and 1 200 milhões de dólares. Nos últimos anos tem sofrido diversos problemas de saúde.
Teresa Simões Ferreira (nome de solteira)

Segue-se uma evocação do Dr. Simões Ferreira principalmente através de referências à sua filha Teresa.
A. Reportagem sobre Maria Teresa Thierstein Simões-Ferreira Heinz Kerry (Lourenço Marques, 5 de Outubro de 1938), “a child of Africa” onde se fala sobre o seu pai
http://www.newyorker.com/magazine/2004/09/27/the-candidates-wife
".... When the news from Lisbon reached Lourenço Marques, the capital of Mozambique, stunned and ecstatic people took to the streets. Teresa Heinz and her father attended the first open meeting of frelimo (Frente da Libertação de Moçambique), which had been waging a guerrilla war of liberation for more than ten years, and they JOINED the vast throng of celebrants marching through the “cement town.”  ..... Heinz Kerry’s father moved back to Portugal with his wife after the Socialist regime of Samora Machel came to power in Mozambique, in 1975, and the country became independent. Machel nationalized private property. “My father wanted to die there,” she told me with bitterness. “He didn’t come TO MAKE MONEY to take back to Portugal. He had nothing in Portugal.” But, as crime rose and the economy crumbled, white nationalists who had supported frelimo felt, she said, increasingly embattled and marginalized. “The Portuguese colonials were not bad people compared to the crooks who took over,” she told a reporter in Fort Lauderdale last March, and added that she could empathize with the Cuban exile community in South Florida because her parents had also “lost everything to the Communists.”

B. Perfil de Teresa Heinz onde se fala sobre o seu pai
http://www.motherjones.com/politics/2004/07/teresa-heinz-kerry-profile
"... As a girl, she served as her father's nurse when he saw patients on weekends in the bush. They would awaken in a cottage to a silent gathering of mothers crouched outside with their sick children. To this day, her view of that time and place is rosily nostalgic. "I learned that [even] if it had to be in a little rondavel"—a hut—"and I was caring for people, I would be supremely happy," she has said. ...."

C. Comentário por João de Abreu sobre o Dr. Simões Ferreira no site delagoabay
"... Passei muitos fins de semana com Dr. Simões Ferreira e sua esposa Balu no Bilene. Nunca mais esquecerei a primeira vez que fui com eles ao Bilene…. Ao chegarmos já havia uma fila de pessoas esperando pelo Dr. Simões Ferreira. Mal chegámos ele saiu do carro e foi conversar com as pessoas que o esperavam. Avisou que voltaria dentro de minutos. Bebeu algo, comeu um sanduiche e passou o resto do dia atendendo pacientes gratuitamente. No dia seguinte ao nascer do Sol já a fila era de mais de quilómetro. Ele impertubavel comecou novamente seu trabalho que só interrompia por meia hora para nos levar a fazer ski. Levavamos-lhe sanduiches feitas por Balu pois ele se recusava a parar para comer. Quando insistiamos …respondia “não posso, ainda tenho muitos para cuidar”.  Conforme ia atendendo, também ia distribuindo medicamentos que ele mesmo havia comprado entre seus pacientes… Fez isso durante anos, cobrava dos ricos e dava seu tempo e medicamentos para os pobres. Quantas vezes ajudei a fazer sanduiches e transportar bebidas para as pessoas esperando ao sol na fila…."

D. Contexto do que aconteceu ao Dr. Simões Ferreira e à medicina em Moçambique com a tomada do poder pela Frelimo:
Discurso das nacionalizações do Presidente da República Popular de Moçambique Samora Moisés Machel - parte relativa à medicina (NB: aparece aqui que o discurso foi proferido no dia em que o país se tornou independente mas não tenho a certeza)

Ideias mestras de Samora Machel sobre a saúde em 1975/76 
("e deu tudo um resultado bestial, pah!")

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