Este edifício foi construído na última década do século XIX em Lourenço Marques (LM), actual Maputo e aparece na foto seguinte que foi incluida no álbum "A Souvenir of Lourenço Marques" dos irmãos Lazarus publicado em 1901 (africainthephotobook).
FOTO 1
The Bank of Africa / Banco Africano /African Bank / National Bank |
Segue-se uma foto posterior, do editor Santos Rufino e publicada em 1929, notando-se algumas alterações na varanda alpendrada de ferro fundido, pelo menos:
FOTO 2
National Bank (Barclays Bank) |
A FOTO 2 é posterior à FOTO 1 tendo em conta para além do resto a presença dos automóveis mas para a direita parece estar um descampado em vez da casa térrea que teria então sido demolida nos cerca de 30 anos decorridos entre as duas.
A localização deste edifício não era precisada por Santos Rufino mas ele aparecia visto de lado junto à Casa Holandesa abordada no artigo recente sobre uma foto publicada em 1901 e que foi tirada olhando da praça 7 de março, actual 25 de junho para nascente = leste. Note-se que a Casa Holandesa tinha içada nesse momento a bandeira real portuguesa, azul e branca.
FOTO 3
Para o fundo o edifício do The Bank of Africa em 1901 com as varandas alpendradas à frente |
A FOTO 3 permite assim dizer que o banco ficava na rua Alexandre Herculano, actual de Timor Leste na continuação da rua Araújo, actual Bagamoyo logo depois da praça 7 de março, actual 25 de junho por isso perto da Fortaleza. Como nas nas FOTOS 1 e 2 se vê que entre e Banco e o prédio do seu lado direito (à esquerda nessas duas fotos, na primeira ele parece compatível com a Casa Holandesa nessa extremidade) há uma rua que seria a Travessa da Maxaquene.
Vejamos como está agora e como eu suponho que tenha sido essa zona em foto tirada da Fortaleza para a actual Rua de Timor Leste:
FOTO 4
à esquerda: prédio FONTE AZUL que foi erguido onde era a CASA HOLANDESA à direita: actual banco BIM que foi construído nos anos 50 para ser Barclays. ao centro: entre os dois prédios está a Travessa do Maxaquene. Para além a ideia geral da localização dada pela FOTO 3, vimos então primeiro que em 1929 o Bank of Africa tinha passado a ser do Barclays Bank. Como o edifício do actual BIM localizado nessa zona pertenceu ao Barclays o mais lógico é que tenha sido construído no terreno do banco original, o que quer dizer que esse do seu lado direito fazia esquina com a travessa do Maxaquene. Em relação à FOTO 1 essa travessa deve ter sido alargada mas isso já parecia ter acontecido na FOTO 2 de 1929. Por isso suponho que já na FOTO 3 havia esta separação pela Travessa só que não se via bem aí
Posição do que falámos numa carta antiga:
CARTA de 1926 e continua actual para a zona (salvo os nomes)
Este é um exemplo de que a cidade do cimento actual Maputo deriva ainda em grande parte de decisões tomadas há muito tempo atrás. a. Mesmo que fisicamente já não lá esteja nada doutros tempos, o banco BIM está nesse local pois antes de 1900 tinha lá sido instalado um Banco; b. Trata-se dum local agradável da cidade pois alguém decidiu que a travessa da Maxaquene não devia continuar um beco e foi alargada. c. o espaço em frente ao prédio está livre até à Fortaleza pois alguém decidiu demolir umas casas antigas que estavam encostadas por fora à fortaleza até à rua.
O que aqui aconteceu mostra que o que é feito numa cidade terá impacto directo ou indirecto a muito longo prazo, por isso o planeamento urbano deve ser decidido com visão, estratégia e responsabilidade. E por curiosidade o que tinha sido esta zona uns anos antes, pois nas fotos antigas via-se que parecia de urbanização recente?
CARTA de 1876
Vê-se então desta carta que mesmo já dentro no último quartel do século XIX (19) nem a praia do estuário (a sul) nem o pantâno (a norte) tinham estado/sido longe do local que aqui vimos.
Lembro que no HoM já publiquei mensagens sobre o Prédio Fonte Azul e sobre o Barclays da Baixa, um projecto de Pancho Guedes que implicou a demolição do histórico edifício do banco. O arquitecto referiu mesmo numa entrevista que tinha guardado uma parte da notória varanda da frente em ferro fundido do final do século XIX, que por isso é capaz de ainda "andar por aí" ou ter ido para a sucata não há muito tempo. Tema continuará em próximo artigo. |
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