Prédio Valente, Av. Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique

O Prédio Valente era um dos maiores prédios da cidade de Lourenço Marques (actual Maputo) em extensão horizontal. Talvez seja dos anos 50 e como é "cor de burro quando foge" o passar dos anos não se nota muito. A sua arquitectura é modernista com linhas direitas muito simples. Tem o reboco a estalar em muitos pontos e algumas janelas partidas. Tem umas marquises ad hoc mas em termos de preservação mais nada a notar.
Fica localizado na esquina Sul-Poente da Av. Mondlane, antiga Pinheiro Chagas com a Guerra Popular, antiga General Machado precisamente onde esta acaba a subida da Baixa. 
Esta sempre foi uma zona de grande movimento de acesso aos subúrbios próximos (Mafalala), de paragem de autocarros para os bairros distantes (Jardim, Benfica, etc), de passagem para o Aeroporto e de ligação para o resto da cidade de cimento em redor. 
Para além disso esta era uma importante zona comercial, sendo precisamente no Prédio Valente de interesse particular ao escrevinhador do HoM a Papelaria Folques. Outra conhecida loja era um estúdio de fotografia (Foto Coimbra?). Agora tem um grande agência do Barclays na esquina que antes foi do Banco Austral.
Prédio Valente na esquina em frente
para a esquerda a descer:
 antiga General Machado
para o fundo: antiga Pinheiro Chagas
Foto carregada da net. Autor: Miguel Cintra Machado
Prédio Valente à esquerda
Vista na Av. Mondlane, antiga Pinheiro Chagas
Vista da Av 24 de Julho para Nordeste
Castanho: Prédio Valente visto pelas traseiras
Vermelho: Direcção da Av. Mondlane, antiga Pinheiro Chagas
Verde: Direcção da Av. Touré, antiga Afonso Albuquerque
Laranja: Direcção Av Guerra Popular, antiga General Machado

Onde está o prédio branco de 5 andares foi durante muito tempo um terreno vazio.
foto www.sulafrica.blogspot.com, com marcas adicionadas
Prédio Valente ao fundo, no centro-esquerda desta imagem
Vista na Av Guerra Popular a subir para o cruzamento com a Av. Mondlane. 

Foto tirada no cruzamento com a Av 24 de Julho. 

Sobre o Prédio Valente, esta é uma crónica sociológicamente interessante do blogue Novo Mundo da polémica Isabella Figueiredo, que tomo a liberdade de replicar aqui em grande parte.

Nós éramos do Alto-Maé

Ontem à noite........
- Por exemplo, falou-se na forma como a Avenida Pinheiro Chagas estava dividida: do nosso lado era gente mais pobre, havia mais mistura de raças; do lado onde morava o padrinho, para lá do hospital, era gente com mais posses. Tu sabias disso?
- Sabia.
- Tinhas consciência disso, lá?
- Tinha. Havia essa diferença, havia. Quando tu nasceste morávamos no prédio Valente, e no prédio Valente havia uma grande mistura. Era a renda que o teu pai podia pagar na altura. Havia gente vinda de todo o lado, mas davamo-nos todos bem, como se fosse uma aldeia. ..
- Mas nunca me contaste isso. Essa diferença que havia entre os dois lados da Pinheiro Chagas.
- Mas ia contar-te isso para quê, rapariga?
- Eu gosto que me contem essas coisas, e nunca me tinha apercebido muito bem da distinção entre brancos de um lado e brancos do outro.
...

- Quando ias passear com o teu pai para a Polana, aos sábados à tarde, ias sempre bem vestida e penteada. Eu nunca te deixei ir de calções e chinelos para a Polana.
- Pensei que era por ser sábado à tarde, não porque era a Polana, embora tivesse a noção que era zona de casas ricas. Nem me lembro muito bem da Polana, para te dizer a verdade.
- Não te lembras da Polana?! Então, era onde íamos dar o passeio dos tristes, ao domingo à tarde.
- Lembro-me bem é do Alto-Maé. Do cinema Infante. Da esquina dos SMAE. Da papelaria que ficava por debaixo do prédio Valente. Da casa de frescos que era do china. De uma cigana que passava junto ao Jardim 28 de Maio e que tu tinhas medo que me roubasse... Nós éramos do Alto-Maé....

Sobre o tema Alto-Maé e um certo bairrismo ver no HoM

Comentários

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.