Associação da Comunidade Chinesa - pagode e actual edifício modernista na Baixa de Maputo

Pagode Chinês de Lourenço Marques
Foto de Santos Rufino publicada em 1929

Texto adaptado fundamentalmente de "Kuan Ti, o protector desprotegido" de Paola Rolletta/Artur Ferreira: "A Associação da Comunidade Chinesa em Moçambique (ACCM) foi formada por volta de 1890. Tinha como objectivos promover o bem-estar da comunidade através da educação, divertimento e assistência social. 
A ACCM construiu o Pagode Chinês e um templo dedicado a Kuan Ti, deus da guerra e protector das artes marciais. Pelo menos o templo foi construido em 1903. O Pagode foi mantido pelo menos em parte e à sua frente foi construido possivelmente por volta dos anos 40 (1938? parece muito cedo!) um novo edifício onde funcionava também a escola chinesa. 
Após a independência de Moçambique as instalações da ACCM foram nacionalizadas e passaram a ser a Escola de Artes Visuais. Por volta de 2005 as instalações foram devolvidas degradadas à ACCM que encetou a sua recuperação."
Outras fotos do Pagode Chinês de Lourenço Marques na origem
Fotos de António Leong

Podemos ver a localização do Pagode Chinês numa carta de LM de 1926, face à av Fernão de Magalhães que não passava para lá da av. que depois foi chamada Manuel de Arriaga, actual Marx:
Mapa de 1926 - Baixa
Vermelho: Pagode Chinês do lado sul da Av Fernão de Magalhães

Note-se na carta que onde pouco tempo depois, dado que em 1929 já exista, foi construído o edifício das Obras Públicas estava uma abegoaria, ou seja uma exploração agrícola e o pagode chinês ficava-lhe em frente.
De 1907 é esta foto duma construção que parece definitiva da Comunidade Chinesa e que foi visitada pelo Princípe Real D. Luis Filipe de Bragança. Presumo que ela tenha antecidido o pagode, se na mesma localização ou não não sei dizer.
Entrada para Salão Chinês em 1907

Lembro também que a Comunidade Chinesa foi responsável por um dos maiores arcos comemorativos na cidade instalados para essa visita do Príncipe Real (ver FOTOS 4 a 7).
Passamos para tempos relativamente recentes:
Prédio da ACCM, entre o da Ateneia (aqui nas 5a e 6a fotos) e o da Garagem Pronto

Ao fundo da foto de cima via-se a esquina sul-poente da Av. Fernão de Magalhães com a Av. Marx, antiga Manuel de Arriaga, do lado oposto para oeste ao do da garagem.
Vê-se melhor aqui o prédio modernista da ACCM:
Enquanto Escola de Artes Visuais, depois da independência, 

O edifício da ACCM foi construído entre a frente do Pagode (que estava um pouco recuada em relação à rua como se vê aqui) e da qual foi demolido a colunada e a rua. Na terceira foto pode-se ver o pátio (onde estava a tabela de basquetebol) e a profundidade da colunada até à parede do edifício do pagode e que serviu para a construção do novo edifício que de qualquer modo não deve ser muito largo.
Em baixo suponho que seja a grande estátua do guerreiro Kuan Tin dum altar que esteve colocado no palco da Escola Chinesa. Foi posta desde as nacionalizações (1975) na cave do Museu de Arte de Maputo e não sei se já foi devolvida à ACCM conforme prometido. 
Kuan Ti

De indicar ainda que segundo a brochura turística "Lourenço Marques Golden Mornings Silver Nights" que foi publicada pelos Portos e Caminhos de Ferro Sul-Africanos antes de 1936 (o texto refere que os carros eléctricos ainda circulavam) o pagode de LM era o único centro chinês no sul de em África com um  sacerdote residente.
Textos interessantes usados como fontes desta mensagem sobre a comunidade chinesa 
de Moçambique e ex Lourenço Marques:

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