Pavilhão de Chá na Praia da Polana, antiga Lourenço Marques

Este é um dos edifícios de que tenho memória de muito jovem, não sei se de ir para a praia perto ou se de passar por aí na "volta dos tristes" com os meus familiares. O Pavilhão de Chá deve ter sido construido nos início dos anos 20 e custou mais de 20 000 libras e era era um dos orgulhos da cidade na época.
Há inúmeras imagens dele pelo que apresento aqui uma selecção com as de melhor qualidade e evitando repetições. Servia de apoio aos banhistas estando a aí praia protegida por uma rede contra tubarões que tinha também de lado uma ponte para pescadores, e como o nome indica era também explorado como salão de chá suponho que preferido pelos clientes por causa da brisa do mar.
Construido no início dos anos 20 e é dito ter sido demolido em 1968 
mas em minha opinião terá sido bastante antes. Aqui talvez nos anos 50

O pavilhão foi demolido porque afunilava a estrada marginal que tinha de passar entre ele e a barreira. Esse espaço pode-se ver na foto seguinte de ciclistas preparando-se para o tradicional contra-relógio da Rampa do Caracol.
Anos 50-60? Pavilhão à esquerda e a barreira à direita.

Comparando as duas fotos de cima pode ver-se também que havia agora janelas encerrando o que antes era espaço aberto na parte exterior da estrutura inicial.
E agora duas fotos de Santos Rufino de 1929
Vista do lado norte do Pavilhão na imagem principal

No medalhão, vista de cima da barreira para o lado sul do Pavilhão vendo-se à sua frente o pontão fazendo parte da rede de protecção contra tubarões e ao centro uma prancha de saltos.
Vista do lado sul em dia de festa (do lado do Clube Naval)

Vista para sul provávelmente nos anos 40 ou 50:
(Madame elegante mas) Parece que estava frio

O Pavilhão de Chá para o fim tornou-se Restaurante Oceânia, também salão de dança.
Vista para norte aguardando a demolição. Néon Oceânia visto de trás.
O posto de observação central estava fechado

Nesta foto não havia os vestiários (barracas para mudar a roupa no exterior) que se viam ao fundo de algumas das anteriores e dois dos lados da rede de protecção.
O primeiro mapa onde aparece representado o Pavilhão de Chá é de 1925/26 reforçando a ideia de que foi construido no início dos anos 20. 
Vermelho: Pavilhão de Chá e Recinto de Banhos
Verde: A rampa do caracol de 1910/11 que permitiu 
o acesso automóvel a esta Praia da Polana
Azul: o actual Clube Naval

No mapa a traço-ponto vê-se que o Pavilhão de Chá era servido por linha de eléctrico vindo da Baixa. Perto (tinha de se descer/subir o Caracol a pé) havia também a linha de eléctrico na Av. Duquesa de Connaught (a avenida mais à esquerda, actual Nyerere) que seguia para o Hotel Polana.

Na transição das décadas de 1920-1930, floresceu a chamada “arquitetura do betão armado” e o sequente Modernismo, dentro da arquitetura art déco. Em Lourenço Marques podem assinalar-se o Palácio Maçónico, depois Escola Industrial 1.º de Maio, o Grémio Náutico (atual Clube Naval), obra de desenho entre art nouveau e art déco; e o Pavilhão de Chá, uma típica arquitetura de betão em varandas e consolas. 

Revista Colonial em 1915
Planos compreendiam uma piscina que parece não foi feita

Comentários

A F Mendes disse…
Obrigado pelo resumo.Também me recordo bem dele bem como do.ciclone de 1951 (?) Que cobriu as casas ao lado nascente do Pavilhão ..
Rogério Gens disse…
AFM: Veja sff este artigo https://housesofmaputo.blogspot.com/2017/03/mais-sobre-barreira-da-polana-temporais.html O que relata deve ser o que aí descrevo até pela proximidade da época e terá então sido em 1953 e de 31 de janeiro para 1 de fevereiro. Quanto à localização essas casas (chalés) estavam um pouco para norte do Pavilhão de Chá, mais próximo deste ainda ficava um grande edifício de Balneário que também deve ter sido afectado pelo desabamento da barreira. Um par de anos depois tudo isso foi removido para se abrir a nova estrada marginal.
Rogério Gens disse…
AFM: Do tal Balneário Infantil e que ficava junto à praia e mais ou menos na direcção do Hotel Polana falo aqui: https://housesofmaputo.blogspot.com/2016/05/grande-edificio-e-estrada-marginal-na.html