O arquitecto Pancho Guedes (PG) numa entrevista disse que a Câmara (agora Conselho) Municipal (CM) de Lourenço Marques, actual Maputo era muito rígida no licenciamento de obras pois o estilo arquitectónico tinha que respeitar certos parâmetros. Por isso PG tinha grandes dificuldades na aprovação dos seus arrojados projectos, o que só melhorou quando o arq. Fernando Mesquita (FM) que era menos tradicionalista que os colegas (projectos dele próprio ver e ver) passou a ter mais peso no processo decisório da Comissão Técnica ou orgão similar da CM (FM era das Obras Públicas que deviam fazer parte da CT da CM).
PG não se refere a nenhum caso particular mas imediatamente me lembrei deste seu projecto para a zona do Jardim 28 de Maio que não se coaduna com o circundante e aqui entre nós mais valia que se tivesse coadunado.
Já falámos desta zona e dissemos que os prédios têm arcadas, o que não é usual na cidade mas parece-me ser uma boa ideia dada a utilisação comercial do rés do chão e o clima com bastante chuva e calor. Vamos agora ver que as arcadas não se limitam aos prédios em redor do Jardim mas que se espalham pelas redondezas. Outro aspecto interessante é que a zona se especializou no comércio de acessórios para automóveis, não se sei já vem de antes da independência de Moçambique.
Com a ajuda de fotos de Orlando Rodrigues (https://www.facebook.com/ofrodrigues.55/) vamos dar uma volta visual pela Av. Luthuli, antiga ex Luciano Cordeiro que delimita o Jardim pelo seu topo nascente = leste. Começamos do ponto mais alto, descemos até ao Jardim e voltamos a subir do outro lado da Av. Luthuli.
FOTO 1
Inicio do quarteirão Prédios no lado poente (oeste) da Av. Luthuli à direita: cruzamento da Av. Luthuli com a Av Mondlane, antiga Pinheiro Chagas (do outro lado da qual está o dispensário da Tuberculose) |
Como se vê na FOTO 1 o prédio da esquina com a Av. Mondlane é novo e respeita as arcadas dos prédios antigos. Pode ser que o município exija esta continuidade ou talvez sejam os proprietários que achem conveniente.
FOTO 2
Descendo (para sul) no quarteirão Ao centro, vivenda antiga adaptada ao comércio de peças. |
FOTO 3
Descendo ainda mais para baixo (sul) |
FOTO 4 |
Chegando ao fim do quarteirão. Todo com arcadas com excepção da vivenda laranja. Cruzamento da Av. Luthuli com a Av Touré, antiga Afonso de Albuquerque à esquerda: Jardim 28 de Maio (com comércio de sapatos) |
FOTO 5
Na FOTO 5 vê-se ao centro direita (por trás do prédio alto com cartaz laranja) o topo do prédio acastanhado que faz a esquina das Avs. Luthuli e Touré junto ao Jardim, e que está ao centro da FOTO 4.
Depois de confirmarmos na FOTO 5 a origem das arcadas na praça do Jardim (ver em frente o rés do chão do prédio alto ao centro) vamos ver que do lado nascente = leste da Av. Luthuli que acabámos de descer também há arcadas (e lojas de peças sobressalentes!)
FOTO 6
Na FOTO 6 vêm-se duas vivendas modernistas à direita e que impediram a continuidade prevista às arcadas. Não se vê na FOTO 6 mas para baixo da vivenda cortada mais à direita fica uma loja antiga que faz a esquina da Av. Luthuli com a Av. 24 de Julho que delimita o Jardim no topo sul.
FOTO 7
Pormenor do prédio mais próximo da FOTO 6. Chama-se Prédio Celeste e vê-se melhor as arcadas |
Para tirar dúvidas o prédio da FOTO 7 nesta altura estava sem publicidade na empena sul. Na FOTO 6 tinha a publicidade preta e na FOTO 5 (onde se via também a sua traseira) tinha a publicidade laranja, as duas no tema automóvel como as lojas da zona.
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