Continuamos a falar de grelhas e lâminas utilizadas para protecção solar e ventilação em edifícios da antiga Lourenço Marques, actual Maputo.
Prédio do Montepio TAP Fachada para a Av. Machel, ex D. Luis |
Em cima é a fachada do prédio mais virada para nascente, em princípio sem grande problema térmico. De facto é afachada que se vê na foto em baixo do lado esquerdo da de cima que bate o sol poente. Por isso os arquitectos providenciaram lâminas verticais e colocaram-nas bastante próximas.
Prédio do Montepio Fachada para a Av. Fernão de Magalhães |
Noto que no Montepio original o primeiro piso que agora está ocupado (onde predomina a cor azul clara) estava livre favorecendo a circulação de ar no resto dos pisos. Virado ao sol poente e em vidro é natural que haja aí tantos ar condicionados.
Uma coisa interessante de notar é que os prédios dos anos 40 e anteriores não tinham grelhas e a sua cobertura era cobertura plana (só a placa). Dá ideia que os habitantes de origem europeia assumiam que tinham que viver com o calor e humidade e não se preocupavam com "mariquices". Mesmo já nos anos 70 com pessoas menos tolerantes a sacrifícios pessoais e daí a proliferação destas grelhas para protecção digamos passiva, os aparelhos de ar condicionado ainda não eram normais em casas particulares.
Residência - Grelhas em betão |
Actual embaixada da Alemanha na Sommerschield. Residência construída em que ano? Placas horizontais em xadrez, reforçando um plano recuado de lâminas verticais. Foto de Cornelius Kibelka |
Jessica Marques Bonito, trabalho citado na primeira mensagem com algumas adaptações:
No que diz respeito ao clima, os factores de maior influência no conforto humano são: a temperatura, a humidade e o regime de ventos local. A temperatura e a humidade complementam-se, na medida em que, a noção sensível de temperatura depende do grau de humidade. Assim, quanto mais elevada é a humidade maior será a sensação de calor.
O conforto no interior dos edifícios depende de quatro factores: a temperatura do ar interior, o grau de humidade do ar interior, a velocidade do ar interior e a temperatura irradiante média das paredes e tecto.
O método encontrado para optimizar as condições de habitabilidade de um edifício nos climas quentes e húmidos é favorecer o máximo de ventilação. Nesses climas verificam-se pequenas amplitudes térmicas, sendo necessário manter o edifício a uma temperatura absoluta interior igual à do exterior e a solução é ter o ar interior em constante movimentação e renovação o que diminui também a humidade e a sensação de calor.
Existem dois métodos de proporcionar um ambiente interior mais agradável. O primeiro é proteger o edifício das radiações solares, directa e por reflexão, sobre as paredes, coberturas e vãos de maneira a evitar que estes se tornem irradiadores de calor. Isto é conseguido através da correcta orientação da construção, ou seja, de forma a que as paredes recebam a menor quantidade de sol possível, e através da colocação de dispositivos capazes de parar e reflectir os raios solares. O segundo método relaciona-se com a escolha dos materiais, na medida em que é necessário ter em conta o seu comportamento térmico, nomeadamente a capacidade de transmissão do calor e a capacidade de acumulação térmica.
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