Tramways/eléctricos de LM - carro especial e os do Cairo

Vamos nesta mensagem continuar com o tema dos carros eléctricos de Lourenço Marques (LM). 

I. Carro especial de LM
A foto em baixo parece ter sido descoberta recentemente. A informação dada com ela é: "LM ELÉCTRICOS CARRO DE REGAS Rara fotografia tirada nas instalações da United Electric em Preston (Inglaterra) com um carro de regas para a rede de eléctricos de Lourenço Marques. As iniciais do lado D.B.E.T. significam Delagoa Bay Electric Tramways. A companhia Delagoa Bay era a proprietária dos carros eléctricos."
O especialista de eléctricos de LM Emídio Gardé indicava dois construtores para o sistema de LM: a Electric Railway & Tram Carriage Works de Preston e a G. F. MilnesAqui diz-se que em 1905 o primeiro desses construtores comprou o segundo e que o nome da firma unida mudou para United Electric Car. Por isso na informação da foto o nome da firma e o local mencionado Preston parecem relacionados com quem forneceu pelo menos em parte o material circulante para LM (ver em baixo sobre o Cairo).
Por sua vez Salomâo Vieira num artigo no Boletim do AHM de 1991 escrevia baeasdo num artigo de 1915 que os carros haviam sido fornecidos pelas casas Dick, Kerr & Co. (grande fabricante localizado em Preston, tal como a United Electric da fábrica de baixo) e pela Milne Car Company de que não encontro traço.

Quanto ao cliente do carro da foto, seria plausível que D.B.E.T. marcado no carro quisesse mesmo dizer Delagoa Bay Electric Tramways como diz a informação da foto dado que esse foi um dos muitos nomes usados pela companhia mãe DBDC (The Delagoa Bay Development Corporation Limited . Como se vê na foto em baixo de 1929 a marca em LM por essa altura era "Tramways Eléctricos de Lourenço Marques" como se comprova também pelos bilhetes e vales mais antigos o que teria como sigla T.E.L.M. A companhia proprietária era a inglesa "The Delagoa Bay Development Corporation Limited (DB DC L)". De qualquer maneira "se non è vero è bene trovato" ou "era bom que fosse verdade" que esta elegante carripana da foto tivesse sido mesmo feita para e ido parar a LM. 
Carro especial fotografado na fábrica
A plausível explicação técnica para a sua necessidade é dada no blog Terra MãeEléctrico com depósito de água provávelmente para arrefecer as linhas devido ao calor africano e evitar a dilatação do aço. 
Num à parte, acho que os senhores ingleses ainda deviam estar a afinar os jactos de água porque estes desta maneira iriam molhar mais a rua e os passantes do que os carris. 

II. Carros do Cairo e de LM
Os ingleses de Preston podem não ter sido os únicos fornecedores de carros para LM pois, passados o espanto e contentamento iniciais, correu o rumor na cidade de que os eléctricos eram velhos e que tinham vindo em segunda mão da cidade do Cairo. 
Fui verificar se havia eléctricos no Cairo nessa altura e de facto havia (e até ainda há, mas de nova geração ...) e como tinham aí começado a circular nos finais do século 19 podia bem ter acontecido em 1904 serem despachados para LM.
Vamos tentar comparar:

Cairo na Belle Époque (penso eu)
Carros no Cairo parece que dum fornecedor belga.
O Cairo era uma grande cidade por isso com linhas duplas e cruzamentos entre elas. A legenda da foto dizia século XIX mas deve ser  para aí em 1910 ou 1920 porque havia automóveis (táxis?) embora poucos se é o que vejo à direita ao fundo.

LM cerca de 1929
"Tramways Eléctricos de Lourenço Marques" em foto de Santos Rufino


Este eléctrico duplo (ou triplo?) foi o primeiro "machimbombo" e estava parado na Praça 7 de Março com destino à Polana. 
Concluindo, como os desenhadores de eléctricos eram pouco imaginativos do facto destes carros de LM e do Cairo serem parecidos não se pode concluir nada.
E para sorrirmos mais um pouco

Eléctricos no Cairo nos anos 40 a 60
Cairo (letra dos Táxi)
Aaah, tudo é diferente - Aaah, no Cairo quente ....
Isto é o CairoDistante, Cairo - Excitante, CairoApaixonante.
Mas se no Cairo a sobrelotação ainda tem uma dimensão humana, na India é estratosférica ou sideral ou ...:  
Moral da história para os caros clientes dos chapas/my lovesde Maputo:
"Nem sempre a relva do meu vizinho é mais verde que a minha"

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