Esta é capa dum livro datado de Dezembro de 2015 escrito por Sua Excelência o na altura senhor Embaixador da Alemanha em Moçambique Dr. Philipp Schauer. Como se diz na contracapa, foca-se principalmente na arquitectura de Maputo mas conta "estórias" dos seus habitantes e dá ideias sobre a História da cidade. A organização interna dos assuntos e o formato do livro são para guia em percursos a pé com a consequência negativa de as fotos serem muito pequenas.
Há bastantes semelhanças entre os temas do livro e do HoM, entre o que interessa aos respectivos autores (sair dos circuitos turisticos conhecidos, admiração pelas arquitecturas "low profile" dos anos 40 a 60) e ao facto de terem formação académica e percurso profissional noutras áreas e terem esta actividade como passatempo (muito absorvente, como o Dr. Schauer indicia).
No cômputo geral, tendo em conta que o livro me trouxe muita informação inédita, cobre múltiplos aspectos da cidade e numa grande área dela e consegue um bom equilibrio entre ligeireza e profundidade na abordagem dos assuntos acho que o trabalho do Dr. Philipp Schauer é muito bom. Irá prender o interesse do leitor medianamente interessado e será importante para o conhecimento da cidade. Para o HoM com a devida vénia irei usar alguns pormenores para algumas mensagens antigas de que irei dar nota noutra mensagem. Fundamental é também ter conseguido identificar e localizar melhor alguns projectos de Pancho Guedes e que também poderei agora ilustrar e publicar.
Em pontos específicos, penso que os erros mais notórios no livro são:
A. Na parte relativa à zona da Av. 24 de Julho com o cinema S. Miguel / Associação Africana, o livro dizer que:
i. "Essa zona era a fronteira entre o cimento e o caniço" - O Dr. Shauer não teve em conta que pelo menos a partir dos anos 40/50 a cidade de cimento avançou muito para lá da circunvalação, como é o caso das Ruas Paiva Couceiro e do Lidemburgo à direita e do Bairro da Malanga à esquerda = sul e esse um pouco mais tarde, para além das próprias construções na descida da Av. 24 de Julho;
ii. "Que o Cinema S. Miguel (feito nos anos 60) era mais frequentado por africanos do que por europeus"- Embora em Lourenço Marques a partir dos anos 60 as linhas raciais estivessem esbatidas sinceramente disso nunca me apercebi.
Estes dois erros, que suponho tenham uma origem comum, distorcem a percepção passada e também actual dessa zona da cidade para o leitor "estrangeiro".
B. Na parte relativa à Ponta Vermelha, o livro diz que a área pertenceu à "The Eastern and South African Telegraph Ltd" que construiu o caminho de ferro para o Transvaal.
De facto uma parte da Ponta Vermelha (a que depois foi para o Liceu) pertencia à Eastern & South African Telegraph Co que era a companhia do Cabo Submarino e outra parte (a que depois foi para o Governo Geral) pertencia à "Delagoa Bay & East Africa Company" essa sim do Caminho de Ferro. Mas apesar dos "East Africa" comum nos nomes eram companhias distintas e ocupavam áreas separadas.
C. Na parte relativa à igreja da Munhuana também tem alguns "qui pro quos". O Dr. Schauer diz que uma pequena igreja foi construida por Pancho Guedes em 1965 como capela para a Casa de Educação mas que foi muito modificada depois. Diz também que a igreja original completada em 1911 "is long gone". A meu ver PG não construiu mas modificou a igreja antiga (que passou a ser capela quando se construiu a nova igreja na Av. Latino Coelho, actual Maguiguana) e essa modificação mais ou menos permanece.
D. O Dr. Shauer também confunde a família que fundou o Cinema Olimpia no Xipamanine, dizendo que foram os irmãos Roby. Esse é o nome da rua para o Xipamanine, os empresários do cinema eram da família Aly/Ally.
E. Encontrei também alguns pequenos erros de ortografia/nomenclatura.
i. "Essa zona era a fronteira entre o cimento e o caniço" - O Dr. Shauer não teve em conta que pelo menos a partir dos anos 40/50 a cidade de cimento avançou muito para lá da circunvalação, como é o caso das Ruas Paiva Couceiro e do Lidemburgo à direita e do Bairro da Malanga à esquerda = sul e esse um pouco mais tarde, para além das próprias construções na descida da Av. 24 de Julho;
ii. "Que o Cinema S. Miguel (feito nos anos 60) era mais frequentado por africanos do que por europeus"- Embora em Lourenço Marques a partir dos anos 60 as linhas raciais estivessem esbatidas sinceramente disso nunca me apercebi.
Estes dois erros, que suponho tenham uma origem comum, distorcem a percepção passada e também actual dessa zona da cidade para o leitor "estrangeiro".
B. Na parte relativa à Ponta Vermelha, o livro diz que a área pertenceu à "The Eastern and South African Telegraph Ltd" que construiu o caminho de ferro para o Transvaal.
De facto uma parte da Ponta Vermelha (a que depois foi para o Liceu) pertencia à Eastern & South African Telegraph Co que era a companhia do Cabo Submarino e outra parte (a que depois foi para o Governo Geral) pertencia à "Delagoa Bay & East Africa Company" essa sim do Caminho de Ferro. Mas apesar dos "East Africa" comum nos nomes eram companhias distintas e ocupavam áreas separadas.
C. Na parte relativa à igreja da Munhuana também tem alguns "qui pro quos". O Dr. Schauer diz que uma pequena igreja foi construida por Pancho Guedes em 1965 como capela para a Casa de Educação mas que foi muito modificada depois. Diz também que a igreja original completada em 1911 "is long gone". A meu ver PG não construiu mas modificou a igreja antiga (que passou a ser capela quando se construiu a nova igreja na Av. Latino Coelho, actual Maguiguana) e essa modificação mais ou menos permanece.
D. O Dr. Shauer também confunde a família que fundou o Cinema Olimpia no Xipamanine, dizendo que foram os irmãos Roby. Esse é o nome da rua para o Xipamanine, os empresários do cinema eram da família Aly/Ally.
E. Encontrei também alguns pequenos erros de ortografia/nomenclatura.
O livro cobre pontos de História e avaliação social de que comentarei dois pontos - maiores ou menores conforme o ponto de vista - na mensagem seguinte.
O livro pode ser comprado nas livrarias de Maputo e também com o distribuidor Kapicua, Rua Fernão Veloso no. 12, Tel.: 00258 823219950, kapicuacom@tdm.co.mz.
Existe também outro livro do mesmo tipo: "Mozambique, Arquitectural and Tourist Guide" sobre a arquitectura no resto do pais.
O livro pode ser comprado nas livrarias de Maputo e também com o distribuidor Kapicua, Rua Fernão Veloso no. 12, Tel.: 00258 823219950, kapicuacom@tdm.co.mz.
Existe também outro livro do mesmo tipo: "Mozambique, Arquitectural and Tourist Guide" sobre a arquitectura no resto do pais.
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