Visita do Governador Geral português à FACIM no inicio dos anos 70 (1/2)

O Eng Arantes e Oliveira foi Governador-Geral português de Moçambique entre Março de 1970 e 1972. Estas são imagens duma sua visita à feira de exposições FACIM, portanto dentro desse periodo de dois ou três anos, que seleccionei por mostrarem algumas firmas locais. 
Alguns pontos que quero notar em complemento aos pavilhões e firmas:
a. Comparando com os politicos actuais muito "pepsodent" este senhor Governador - que ainda usava chapéu - era mais um técnico muito experimentado e competente na sua área do que um político, por isso estas imagens tristonhas seriam impossíveis na era actual. Óbviamente que estávamos num regime autoritário mas por exemplo o Governador anterior Rebello de Sousa procurava ser (ou era mesmo) popular, talvez por noção do dever ou talvez por saber que o regime não seria eterno;
b. Há uma única foto neste conjunto com senhores africanos a ter participação activa. Passando-se isto já nos anos 70, quer dizer quase 10 anos depois do fim oficial das colónias, claramente a aplicação da ideia do regime português de que Moçambique era uma província de Portugal como as outras e que até podia vir a ser um estado português, estava a progedir muitíssimo devagar;
c. Vê-se nestas imagens que mesmo sendo a sociedade da altura "colonial/provincial" nada era oferecido e que os empresários se queriam fazer pela vida, tinham de participar na feira mostrando os seus produtos e serviços ao público, tinham de ser simpáticos com o governador e com os adjuntos, etc, etc. Por isso registo com amargura não terem estes empresários podido adivinhar que três ou quatro anos depois os novos senhores do destino do povo Moçambicano iam achar, na turbulência e erros económicos do pós independência, que eles eram todos uns irrecuperáveis exploradores e que seria melhor substitui-los por "cooperantes" sem raízes em Moçambique, por grupos dinamizadores marxistas-leninistas e por empresas estatais, tudo isso tendo como resultado final um redondo ZEROPor isso o esforço destes empresários privados (aqui na FACIM mas principalmente nas actividades comerciais e industriais representadas), foi totalmente inútil tanto para eles pessoalmente como até para o novo país que disso podia ter beneficiado. Quer dizer em vez de estarem aqui a trabalhar podiam ter ido para a praia que sempre tinham ficado mais saudáveis. Estas cenas fazem-me de novo lembrar o célebre  "Tanta pomba assassinada ...." com as pombas do poeta neste caso a terem sido os empresários e as suas famílias
BNU: os bancos e os seus pavilhões individuais de gama alta
Expositor mais modesto da Solgal, loja de modas
Uma empresária na moda (à boca de sino): Boutique 2N
Os únicos senhores africanos em todas estas fotos que tinham uma participação activa. Não sei que actividade explicavam ao Governador neste stand, seria do estado, seria privado?
Amostras duma indústria metalúrgica - CIFEL
Mais umas explicações ao Governador e comitiva.
Aqui viam-se expositores locais e da "metrópole"
que queriam exportar para Moçambique
Mais indústrias locais, muitas de simples montagem mas outras de raíz.
Fábrica de aparelhagem eléctrica
Maquinaria alemã
Continua em próxima mensagem.

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