A Ponta Vermelha (PV) parece agora perto da Baixa da cidade de Maputo, antiga Lourenço Marques (LM), mas foi assim que o Comissário Régio António Enes (AE) descreveu a sua primeira viagem de LM à PV em 1895, quase como, segundo diz, estivesse no entranhado do sertão: Pelas 9 horas da noite montámos a cavalo - o capitão Freire de Andrade, o tenente (Paiva) Couceiro e eu - na Praça 7 de Março e pusemo-nos a caminho...Tinhamos que percorrer cerca de quatro quilómetros. A princípio o caminho é civilizado e policiado; sobe-se a Av. de D. Carlos (HoM: agora Av. Machel), larga como as esperanças e ambições da cidade e do porto. À direita, o arvoredo oscilante do Jardim Botânico cobre como um biombo recortado as estrelas baixas do céu, e exalam-se de lá baforadas de humidade e vozearia monótona de rãs. Depois ainda se vê bruxulearem as lamparinas dolentes das enfermarias e hospital, mas pouco passos andados, sai-se de toda a luz e toda a sociedade passa, sobre areia solta, desta que recua com os pés que a pisam, e por entre fímbrias de arvoredo e mato, costear primeiro as altas dunas escalvadas, e seguir depois a aresta das ribanceiras, cada vez mais altas e aprumadas, que marginam a entrada do porto (HoM: AE queria dizer do estuário). Durante largos trechos está-se ali tão só como no entranhado do sertão: de dia vêm os macacos do Maxaquene fazer gaifonas aos transeuntes do alto das mafurreiras; de noite, só dá fé que está à beira de uma cidade quem repara que as luzinhas acesas lá em baixo, estão muito alinhadas para serem estrelas nascentes".
Relativamente ao "costear primeiro as altas dunas escalvadas, e seguir depois a aresta das ribanceiras, cada vez mais altas e aprumadas" com a FOTO 1 que é anterior a 1911 (pois o postal foi enviado nesse ano) pode-se ver que a barreira tinha brechas profundas e pelo menos na coloração que aqui lhe deram via-se areia.
FOTO 1
Segue-se a FOTO 2 e que foi publicada em 1912 com os senhores sujando os fatos de linho segundo o que é dito na barreira de Lourenço Marques.Grande ravina aberta na barreira. |
Em baixo da ravina está uma orla entre a barreira e o estuário cuja reentrância é a que foi aterrada a partir de 1915. As casas ao fundo estão na posição onde foi depois construído o Clube de Pesca.
FOTO 2
Foto na barreira de LM cerca de 1912. Uma ravina!
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Na FOTO 3 vê-se, do estuário para terra em sentido oposto ao da FOTO 1, a barreira da Maxaquene com uma parte aberta entre dois montes e mais para poente = oeste com uma faixa de areia. Um desses elementos naturais podia corresponder ao que se via nas FOTOS 1 e 2.
FOTO 3
Estuário à esquerda e Barreira da Maxaquene à direita. Ao longe os Paços do Concelho junto e ao nível do estuário e o Paiol (cor de laranja) mais elevado num monte para a direita. |
FOTO 4 |
Vista do alto da barreira para a baixa da cidade com o paiol para o fundo à esquerda. Havia areia clara de praia no alto da barreira (vê-se o precipício para a esquerda) |
Ver também primeiros caminhos para a Ponta Vermelha.
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