Complexo do Desportivo na Baixa de Lourenço Marques - triste conclusão

A introdução ao tema GDLM foi feita nas mensagens sobre o complexo da sede (12 e 3) e campo de futebol.
Grupo Desportivo de Maputo,
antigo Grupo Desportivo (de) Lourenço Marques (GDLM)
Apesar das adaptações requeridas o Desportivo foi dos poucos clubes a que não foi imposta a mudança radical de nome e de cores após a independência de Moçambique. Se isso foi bom para a identidade do clube e adeptos, talvez tenha acabado por ser mau para a sua perenidade (veremos se teria sido melhor se tivesse ficado um Dínamo).
Continuamos a mensagem com outra foto de relativa normalidade de há alguns anos:
A piscina funcional com a sede antiga ao fundo e mais para cima a barreira
Mas damos agora um pequeno salto no tempo e as últimas imagens mostram a piscina vazia e vê-se pelo Google Earth que está assim há mais de dois anos.

Piscina do Desportivo vazia: voltará a ser o que foi?
Prancha de saltos inutilisada
mesmo antes da piscina ficar vazia
E noutro ponto do recinto, parte das instalações do Desportivo estão actualmente mais próprias de uma favela ou musseque do que de um clube que foi num período de cinco anos consecutivos três vezes campeão de Portugal de hóquei em patins, de que muitos dos seus atletas foram campeões e recordistas de Moçambique e de Portugal de natação e de atletismo, que foi múltiplas vezes campeão de Moçambique por equipas de várias modalidades antes e depois da independência, de que o seu antigo futebolista Mário Coluna foi depois capitão da selecção de Portugal de futebol, etc.
Na parede do edifício uma placa de 1971 para a construção 
do pavilhão gimnodesportivo que nunca se concretizou.
Vista para ?
E se no recinto da sede e piscina as imagens eram deprimentes, passando para as imagens do Campo Paulino dos Santos Gil (PSG) do Desportivo o choque é brutal. Temos à esquerda o campo do antigo Sporting sempre utilizável e à direita o Campo do Desportivo. 

Sequência de imagens do Google Earth de 2011 a 2015
clique na imagem para aumentar
Após derrocada da barreira em 2013, a metade norte 
do campo de futebol do Desportivo tornou-se mato. 
Em 2016 parece ter havido algum trabalho na barreira mas o campo continua na mesma. Acho que como o senhor PSG construiu o campo em menos de dois meses, se fosse vivo era capaz de resolver o problema em três dias. Mas como marquei a amarelo na parte inferior da sequência de cima, vê-se bem a pressão imobiliária nas proximidades. Sendo assim ou os poderes públicos têm coragem para manter estes terrenos como campos de jogos como foram idealizados pelo menos desde os anos 40 do século passado ou qualquer dia temos no antigo campo de futebol e atletismo do Desportivo mais um mamarracho que podia estar noutro lado qualquer da cidade ou dos antigos subúrbios e a juventude da cidade vai ter de jogar futebol ou praticar atletismo nos terraços em cimento.

Estas mensagens em princípio seriam o meu agradecimento aos dirigentes, funcionários e atletas que criaram e brilhantemente conduziram o Desportivo até aos anos da minha adolescência quando me tornei adepto. A partir daí vibrei com as vitórias e sofri com as derrotas, acreditando que os atletas do Desportivo eram os melhores mesmo contra todas as evidências, que julgava possivel que um extremo esquerdo chamado Simões passasse por todos os defesas, que achasse que o Alfredo fosse melhor goleador que o Eusébio (bem, quase!), que acreditava que o Luis Cossa era melhor fundista que o José Silveira, que o Manuel Lima era melhor pivot que o Geoge Sing ou encestador que o Rui Pinheiro, que o Rousseau era o melhor médio de hóquei do mundo. E não sendo eu sócio nem atleta sempre pude entrar e sair das instalações sem ser importunado pelo que estou reconhecido. Passados quase 50 anos quando vejo classificações de provas desportivas em Moçambique a minha primeira reacção ainda é procurar a posição das equipas ou atletas do Desportivo. Assim estas mensagens seriam uma lembrança dos feitos e pessoas do passado do GDLM e esperava eu seriam também um sinal de esperança para mim para o futuro do GDM. Mas pelo que fui vendo e mostrando aqui, será fácil constatar que pelo estado a que as instalações chegaram a gestão do clube não parece justificar essa esperança ou confiança e por isso estas mensagens acabam por fazer o meu luto a uma entidade que realmente já não existe no aspecto patrimonial e até no desportivo. É pena, mas é a vida.

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