Já tinha falado da Rua ou Travessa da Fonte (RdF) em muitas mensagens e esta era a mais específica. Mas volto ao assunto porque não tinha sido aprofundado.
FOTO 1 de cerca de 1922
Linhas de eléctrico na Rua da Fonte que era ponto crucial dos trajectos. |
Em baixo está a mesma imagem na versão a cores e com marcas indicativas. Nestas fotos teremos quase sempre as ruas marcadas assim:
Carmesim: Av. Aguiar, depois D. Luis, agora Samora Machel, Azul: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro, e
Roxo: Rua da Fonte.
Vista da RdF para sul
Vermelho: Prédio da esquina da RdF que vamos seguir nesta mensagem Verde: Árvore na esquina nordeste da Praça 7 de Março, actual 25 de Junho.
Castanho: Capitania Building, próximo do estuário
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FOTO 2
Vista da RdF para norte em 1900 - clique na foto para aumentar
Vermelho: Prédio da esquina da FOTO 1, em princípio o do advogado/notário.
Tinha 3 "sobrancelhas" na fachada para a RdF.
Laranja: Prédio do friso em cima que o faz parecer mais alto do que os que
o rodeiam mas não é. Tinha vasos nos cantos nesta data e em princípio é o do fotógrafo.
Amarelo: Armazém comprido
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Segue-se a FOTO 3 da visita do Princípe Real D. Luis Filipe a Lourenço Marques em 1907 onde incrustei outra imagem do mesmo dia tirada ao alto da actual Av. Samora para precisar o local. Assim a FOTO 3 foi tirada mais ou menos em frente à Padaria Aziz na antiga Av. Aguiar e na continuação da RdF e daí vamos comparar o que se vê nas FOTOS 3, 2 e em parte na FOTO 1.
FOTO 3 de 1907
Os três primeiros prédios a partir da esquina "vermelha" da FOTO 3 eram os que também se viam na FOTO 2. O barracão marcado a verde claro na FOTO 3 não aparecia na FOTO 2 e embora não tenha a certeza devia ser a Fábrica de Limonadas do Forsythe que APL mencionava a propósito de José Onofre que foi o dono do primeiro cinema de Lourenço Marques e de quando estava em dificuldades no negócio "... Ainda chegou a pedir à Câmara Municipal autorização para mudar o seu cinematógrafo para o barracão onde esteve instalada a fábrica de limonadas do Forsythe, na Travessa da Fonte, n.15 mas acabou por desistir do empreendimento".
O prédio marcado a branco na esquina com a Praça 7 de Março suponho que era o que se via à esquerda da primeira imagem desta mensagem de 1895 onde tinha pregada a tabuleta da "Praça 7 de Março" e um cartaz de touradas.
Quando os visionários engenheiros militares vindos de Portugal projectaram Lourenço Marques (nomes conhecidos como o futuro General Joaquim José Machado, Joaquim Lapa, Major António José (ou Augusto) Araújo, etc) desenharam e depois construiram avenidas de 20 metros e de 40 metros de largura (com os passeios) e 2 quilómetros de comprimento para o que era na altura um burgo minúsculo e mal povoado no "cú de judas". Suponho que por ser na parte antiga e já haver aí construções a Rua da Fonte deve ter ficado com menos de 20 metros de largura (mas não era estreita) tendo a sua continuação para o alto chamada Av. Aguiar ficado com 40 metros. Assim na FOTO 3 vemos essa transição (do mais para o menos largo) mas a faixa de rodagem era contínua, porque na Av Aguiar os 40 metros eram ainda parcialmente ocupados por largos passeios laterais.
Recuamos agora para cerca de 1886 quando o pântano não estava ainda totalmente seco. Continuamos a ter marcado a Azul: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro e a Roxo: Rua da Fonte, que vamos observar com mais atenção.
Os mapas da altura mostram o seguinte:
Como se pode ver a esquina onde está o prédio marcado a vermelho nas FOTOs 1, 2 e 3 ficaria para dentro da faixa de rodagem lateral poente = oeste do que é agora a Av. Samora (ao lado do prédio novo do Banco de Moçambique) porque esta Avenida é mais larga do que a RdF foi (representaremos isso em próxima mensagem).
MAPAS de 1903 e de 1925/26
Recuamos agora para cerca de 1886 quando o pântano não estava ainda totalmente seco. Continuamos a ter marcado a Azul: Av. D. Carlos, depois da República, actual 25 de Setembro e a Roxo: Rua da Fonte, que vamos observar com mais atenção.
FOTO 4 de Fowler cerca de 1886
De cerca de quatro anos mais tarde é a FOTO 5 mostando naturalmente alguma evolução na zona. Marcado com a linha azul na horizontal temos o espaço aberto para a Av. da República vendo-se através duma abertura no muro o que tinha sido a Rua da Linha que passava frente ao edifício do bico (seta rosa) e para cá do muro o limite norte da ilha junto ao pântano e que foi também ocupado pela avenida.
FOTO 5 de cerca de 1890
A FOTO 6 em baixo deve ser cerca de dez anos posterior à FOTO 5 e oferece a vista ao longo da Av. D. Carlos com esta já bem traçada. O local é próximo do cruzamento das fotos de cima (ver aqui outras fotos tiradas um pouco mais para a frente dele, umas de 1890 por isso mais antigas que esta e outras com aspecto semelhante da avenida).
FOTO 6 cerca de 1900
Neste local a Av. D. Carlos englobava a antiga Rua da Linha do lado direito e do lado esquerdo estava em parte assente no limite norte da ilha mas começava a entrar para cima do antigo pântano (ver mapa sobreposto). Infelizmente na FOTO 6 não se vêm edifícios antes do cruzamento com a Rua da Fonte (nem as sombras deles!). Mais à frente do lado esquerdo estão edifícios recuados que serão dos da DB Water Works, Correios, Obras Públicas, etc. o que não se consegue confirmar na foto.
Em relação à Rua da Fonte (que só espreita à direita na FOTO 6) ela só deve ter sido alargada cerca de 1940. Como vimos em cima, no mapa de 1925/26 mantinha o desenho inicial que só aparece modificado no mapa de 1940.
MAPA de 1940
Carmesim: Av. Aguiar, depois D. Luis, agora Samora
Azul: Av. da República, actual 25 de Setembro
Roxo: antiga Rua da Fonte, já alargada e a fazer parte da Av. Aguiar
A RdF nesta FOTO 7 da visita do Marechal Carmona a Moçambique em 1939 parecia ter ainda o desenho inicial. Vemos aí, de cada lado da Av. da República, dois arcos de triunfo preparados para a visita presidencial e vamos compará-los.
FOTO 7 em 1939 - clique para aumentar
Para a RdF ter sido ser alargada pelo alinhamento da Av. D Luis (que no seu lado poente = oeste é a recta carmesim) o edifício das marcas vermelhas (ou parte dele) cuja esquina na RdF era mais ou menos onde está a vertical roxa do lado direito da FOTO 7, teve de ser demolido até à vertical carmesim, aproximadamente. O alargamento da RdF foi efectuado pouco depois da visita de Carmona registada na FOTO 7 porque se integrou nos trabalhos da criação da Praça Mousinho de Albuquerque, actual da Independência que foi inaugurada em 1940.
Em mensagens seguintes (primeira aqui) veremos fotos da antiga Rua da Fonte já integrada na extensão da Av. D. Luis, actual Samora para sul da Av. da República, actual 25 de Setembro que é a avenida marcada a azul na FOTO 7.
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