Mais sobre a reconstituição da fortaleza que foi descrita em pormenor na mensagem anterior desta série que se tinha iniciado aqui.
Resumo de Alfredo Pereira de Lima (APL) do livro "Edifícios Históricos de Lourenço Marques" sobre a fortaleza de Nossa Senhora da Conceição: Os portugueses restauraram a soberania nestas terras em 1781 depois dos austríacos e dos holandeses terem partido. Durante um certo tempo não foi construído forte e a guarnição era protegida por um navio de guerra. Em 1789 havia, onde os holandeses tinham tido o seu forte e em mau estado, um forte português com paredes exteriores de madeira que tinha sido iniciado em 1781 e concluido em 1787. Em 1799 continuava com vedação de caniço e algumas casas no interior. A primeira referência a construção em pedra/alvenaria surge em 1811 mas mesmo a partir daí o seu estado foi variando ao longo do tempo.
Como vimos na mensagem anterior o Arquitecto Areal (e) Silva que foi o responsável pelo projecto de reconstituição escreveu no relatório de 1945 que a fortaleza de pedra era de 1787, mas a diferença de cerca de 25 anos para os 1811 de APL não é muito significativa. Desse relatório o que mais se relaciona com as imagens desta mensagem é o seguinte:
- o acesso aos dois baluartes para fazer subir as peças de artilharia fazia-se por rampas a partir da parada. Vê-se que existem agora duas, tendo a do lado leste sido reconstruida devido a alterações que tinha sofrido;
- as duas rampas com degraus nos topos sul das muralhas laterais para acesso dos soldados não existiam em 1945 e foram refeitas baseando-se em sondagens no local ou em estudos de casos semelhantes;
- as aberturas na muralha sul para os canhões foram feitas de acordo com estudos sobre como teriam sido inicialmente.
Agora várias fotos do interior da antiga Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição da antiga Lourenço Marques, actual Maputo. As belíssimas fotos a cores são mais ou menos recentes e as a preto e branco são de cerca de 1968, sete anos antes da independência de Moçambique.
Vista do pátio (parada) da fortaleza para leste a partir da esquina entre
a muralha oeste e a muralha sul, de que se vê o caminho da muralha à direita |
Na foto, olhando na diagonal do pátio ao lado da âncora mas estando muito tapada pelo arbusto (palmeira jovem) está a rampa para o baluarte nordeste. À direita da muralha da face leste está uma das rampas para soldados que ficam do lado sul.
Na foto de baixo que é semelhan mas mais recente vê-se melhor a rampa para o baluarte leste.
Quanto às casernas, que estão viradas para a antiga parada da fortaleza e de costas para as muralhas, da esquerda para a direita vêm-se as que estão encostadas às muralhas norte e leste (a muralha sul não tem caserna).
Na foto de baixo que é semelhan mas mais recente vê-se melhor a rampa para o baluarte leste.
Vista do pátio (parada) da fortaleza para leste |
A fortaleza é museu histórico por isso ao fundo do pátio/parada podem ver-se as estátuas portuguesas que foram apeadas dos monumentos a António Enes e a Mousinho.
Cores equivalentes às usadas na primeira mensagem e na foto de cima:
Laranja: baluarte leste = nascente
Rosa: baluarte oeste = poente
Roxo: muralha face oeste = poente, virada para a praça actual 25 de Junho
Vermelho: muralha face sul, virada para o estuário
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Relembro que o estuário chegava à muralha sul antes dos aterros da Baixa como representei a azul no modelo de cima. Noto que o arquitecto no pré-projecto em 1945 considerava que essa muralha nunca esteve à altura das outras mas agora estão as quatro à mesma altura de cerca de 4-5 metros, por motivos que desconheço.
Note-se que dos baluartes havia posições (aberturas no parapeito) para canhões protegerem as faces oeste, norte e leste. Na muralha da face sul inicialmente não houve baluartes (houve um construído cerca de 1864 mas que foi demolido para se construir o Capitania Buildings e a reconstituição era para a situação do início não para as ocorridas depois) por isso teria de ter haver nessa face da muralha ameias para os canhões. Como em 1945 ela tinha perdido a parte superior, o arquitecto teve de estudar e desenhar como teriam sido as suas ameias inicialmente. Pode-se ver no modelo que na configuração actual na muralha sul e nos cantos mais próximos ficam nove posições de disparo.
Continuamos com duas vistas para oeste mais ou menos recentes.
Continuamos com duas vistas para oeste mais ou menos recentes.
Por trás da caserna e da muralha da face oeste fica a Praça 25 de Junho, antiga 7 de Março e ao centro esquerda vê-se o prédio da JCE |
E a foto seguinte oferece a mesma vista do pátio/parada da fortaleza para poente = oeste. Na parede que é a parte interior da muralha da face sul, vê-se o painel de bronze Chaimite que foi o do lado oeste do plinto da estátua de Mousinho. O painel Macontene parece que está colocado para o lado esquerdo deste.
Para o fundo à esquerda vê-se a outra rampas para soldados do lado sul. Por cima da parede com os dois painéis vê-se o caminho da muralha e no seu extremo intui-se as ameias da muralha sul. |
Agora duas fotos provávelmente de 1968 do pátio da fortaleza (antiga parada militar):
Subindo essa rampa de acesso ao baluarte noroeste, que fica no ângulo entre as casernas do lado oeste e do lado norte, tirou-se esta foto:
De cima do baluarte noroeste ou da bandeira (ver FOTO 3 aqui),
uma vista para noroeste. Canhões posicionados nas
diversas ameias do baluarte com cobertura de quase 270 graus.
Na foto de cima vê-se da esquerda para a direita o prédio da Estatística de 1960, depois o do Lar Moderno, mais para a direita o do BNU de cerca 1955 (na fachada para a Rua Consiglieri Pedroso) e mais próxima à direita está a fachada sul do Fonte Azul de 1944.
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