O edifício do Liceu António Enes de Lourenço Marques (LM), actual Escola Secundária Manyanga de Maputo foi concluido em 1961 e inaugurado em 1962. A wikipedia em alemão diz que os trabalhos duraram quatro anos e que foram acompanhados pelo arquitecto Fernando Mesquita das Obras Públicas, ele próprio projectista ou orientador da maior parte das escolas construidas em Moçambique nos anos 60/70.
O Liceu tem página de facebook e wiki com muitos detalhes sobre as instalações, alunos e professores e há também sites geocities sobre professores e alunos. Como aluno durante 5 anos (finalista em 1972/73), quanto à geografia este é um dos textos mais fáceis no HoM. Dada a muita informação disponível fui procurar o que não sabia, relembrar o principal e juntar aos "standards" dos sites mencionados algumas fotos pouco conhecidas.
O Liceu tem página de facebook e wiki com muitos detalhes sobre as instalações, alunos e professores e há também sites geocities sobre professores e alunos. Como aluno durante 5 anos (finalista em 1972/73), quanto à geografia este é um dos textos mais fáceis no HoM. Dada a muita informação disponível fui procurar o que não sabia, relembrar o principal e juntar aos "standards" dos sites mencionados algumas fotos pouco conhecidas.
Segundo o facebook acima referido e confirmado por comentários no facebook Alto-Maé, o liceu já funcionava em 1955/56 instalado a uns 400 metros de distância do que seria o local definitivo. Era nas instalações da Escola Especial e em parte do prédio do Clube 1o de Maio (edifícios de que se fala aqui) na Av. 24 de Julho frente ao jardim. Nessa altura o terreno para o liceu, no quarteirão ao lado do quartel do Alto-Maé, tinha árvores e em parte era usado como picadeiro de cavalos. Por esses tempos a parte norte desse quarteirão estava ocupada pela Escola Paiva Manso (e ainda!) e pela estação de incêndio do Alto-Maé (agora local de bomba da BP).
Agora ideias simplificadas da dissertação de mestrado do Arq. Renga Faria Ferreira - OBRAS PÚBLICAS EM MOÇAMBIQUE e do texto do HPIP por Ana Vaz Milheiro com alguns acrescentos: Planos para servir várias novas escolas do Ultramar com ligeiras variantes foram preparados pelo Gabinete de Urbanização do Ultramar em Lisboa. Com o aumento do número de estudantes, no início dos anos 50 foi criado o segundo liceu de LM e aos arquitectos Eurico Pinto Lopes e Lucínio Cruz foi atribuido o projecto, ainda sem se saber onde iria ser implantado. Sugeriram que o terreno fosse o mais plano possível e com envolvente para espaços verdes e campos de jogos e que o edifício pudesse ser orientado ao comprido na direcção nascente (leste) – poente (oeste) para que as salas de aula, gabinetes e ginásios recebessem ventilação transversal e iluminação bilateral voltada a norte e a sul.
Mas para as dimensões e configuração do lote que o Estado tinha disponível na zona ocidental da cidade (a que nos referimos em cima) o edifício teve de ser implantado na orientação nordeste - sudoeste. Esperavam os arquitectos na altura que isso acabaria por ser benéfico para ventilação pois os ventos dominantes frescos sopram de leste (da Polana para o Alto Maé). Na prática eu lembro-me que no verão havia salas muito quentes e outras relativamente frescas, o que estava relacionado principalmente com a exposição ao sol e com as aulas serem de manhã ou de tarde. Talvez porque nas ruas perpendiculares à Av. 24 de Julho ao nível do liceu se foram construindo torres que a paravam, de brisa fresca vinda da baía não me recordo.
Mas para as dimensões e configuração do lote que o Estado tinha disponível na zona ocidental da cidade (a que nos referimos em cima) o edifício teve de ser implantado na orientação nordeste - sudoeste. Esperavam os arquitectos na altura que isso acabaria por ser benéfico para ventilação pois os ventos dominantes frescos sopram de leste (da Polana para o Alto Maé). Na prática eu lembro-me que no verão havia salas muito quentes e outras relativamente frescas, o que estava relacionado principalmente com a exposição ao sol e com as aulas serem de manhã ou de tarde. Talvez porque nas ruas perpendiculares à Av. 24 de Julho ao nível do liceu se foram construindo torres que a paravam, de brisa fresca vinda da baía não me recordo.
A lotação do liceu devia ter sido de 720 alunos (divididos por 20 turmas com 36 alunos em média) mas foi ampliada durante a obra, por ajustes na divisão interior, para ser superior a 1 000. Como havia pelo menos dois turnos diários, 2 000 alunos do primeiro ao sétimo ano lectivos utilisariam diáriamente as instalações.
A descrição física do edifício continuará na próxima mensagem mas veremos agora um conjunto de fotos antigas. As fotos 1, 4 e 5 são conhecidas de muitos sites e as 2 e 3 devem ser novidade.
FOTO 1
Foto de Carlos Alberto Vieira do álbum "Recordações de Lourenço Marques" Vista para norte. Um ginásio, depois o corpo principal rectangular e o outro ginásio. |
Como o terreno tinha alguma inclinação pode ver-se na FOTO 1 que foi necessário fazer aterro a sul (baixo da foto) mas a maior parte foram escavações a norte (cima da foto) e a oeste (esquerda da foto). Mas quanto a isso e principalmente quando ao espaço envolvente acho que foi concedido aos arquitectos o que pretendiam do lote.
Na FOTO 2 à esquerda em primeiro plano vê-se o Prédio Louro. O prédio de que se vê as traseiras fica na Av. 24 de Julho é o que estava pintado de verde nesta mensagem.
FOTO 3
Em 1964 o Presidente Américo Tomás chega à entrada do Liceu de que se vê a ala sul. |
FOTO 4
Vista do Alto-Maé para poente no início dos anos 60. |
Na FOTO 4 temos o liceu visto de frente, o quartel para o fundo e a Escola Paiva Manso à direita com uma extensão moderna construída. Em frente ao liceu onde termina na perpendicular a Av. Andrade Corvo actual Min, do lado sul dela ainda não havia o prédio na esquina que se vê nesta mensagem. Nota-se que na zona ainda havia muitas casas de telhado de zinco. No limite superior da foto não havia ainda os grandes bairros construídos entre o quartel e o cinema S. Miguel.
FOTO 5
Como na FOTO 1, vista do ginásio (masculino) e da fachada principal
a partir do lado leste = nascente da Av. Paiva de Andrade, actual Barre.
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Veremos agora a implantação começando com uma imagem do projecto reproduzida do trabalho de Renga Faria.
O projecto com algumas indicações extra - clique na imagem para aumentar |
Repare-se que o pátio (interior) do lado masculino à esquerda era maior que o do lado feminino. Dos campos de vólei junto à Escola Paiva Manso e como se pode ver na FOTO 1 só um foi executado. Por esse canto noroeste foram plantadas árvores ou talvez já existissem (ver aqui a FOTO 4 um pouco ao longe na Av. actual Luali). Havia aí um portão para o exterior mas em certas alturas estava fechado. Os outros campos de jogos foram distribuidos mais para o centro e sul do recinto e o campo de jogos 1 (futebol de salão) actualmente está coberto. Pode ver-se que do nivel da entrada do ginásio masculino para a direita o terreno foi escavado, na parte mais a norte (ver direcções na foto de baixo), a altura pode ter sido de uns 3 metros.
Para completar/comparar, uma imagem recente de Google Earth da escola e sua implantação:
Para completar/comparar, uma imagem recente de Google Earth da escola e sua implantação:
Verde claro: Av. Josina, antiga 5 de Outubro Laranja claro: Av. 24 de Julho Vermelho: Av. Barre, antiga Paiva de Andrade Carmesim: Av. Luali, antiga Diogo Cão |
Podemos confirmar que o local foi atribuido sem muito tempo de antecipação pois o quarteirão que veio a ser do Liceu (e já era da Escola Paiva Manso) no mapa de 1940 aparecia dividido pela Av. Andrade Corvo, actual Min (que no final ficou mais curta um quarteirão) e o terreno do lado sul estava previsto ser um Largo (Tenente Aparício?):
Av. Andrade Corvo, actual Min na vertical ao centro. Resto da legenda como em cima |
Filme da RTP da inauguração em 1962 aqui (com montagem deficiente).
Comentários
Um afectuoso abraço. Para aclarar duvidas, a Av Siad Barre, antes, chamava-se 'Freire de Andrade' ou 'Paiva de Andrade' ?
Cumprimentos.