No Documentário Trimestral (DT) de Janeiro de 1936 o na altura director do porto e caminhos de ferro Eng. Pinto Teixeira escreveu sobre os progressos dessa infraestrutura fundadora de Lourenço Marques, actual Maputo. Um ponto que aborda são os guindastes e como afortunadamente o HoM tem uma foto exclusiva desse periodo, para além de outras reproduzidas do DT e da Ilustração Portuguesa, podemos fazer um resumo do texto e ilustrá-lo.
Para manusear as mercadorias entre os navios e o cais, em 1935/36 o porto tinha 38 guindastes, um de 80 toneladas, um de 20, dois de 10, um de 8, vinte e dois de 5 e onze de 3 toneladas. A maioria era da marca MAN mas havia alguns Stottert and Pitt. Nos últimos seis anos tinham sido adquiridos dezasseis, em 1930 dois de 5 ton. e em 1935 seis de 5 ton. e oito de 3 ton. Eram todos eléctricos e com excepção dos seis mais antigos tinham gabarit duplo o que significa que se deslocavam em via de 8.6 metros de bitola e que por baixo deles passavam 2 linhas férreas. Havia 3 vias férreas paralelas no cais que com 23 metros de largura era mais largo que os dos concorrentes na costa oriental de África, o que facilitava o movimento das mercadorias. A capacidade dos guindastes era escolhida em função do seu preço e dos volumes a manusear. Os guindastes podiam operar dois a dois para as cargas mais pesadas mas em geral elas não ultrapassavam as 2 toneladas. Era possível por até oito guindastes a trabalhar simultâneamente num navio, que quanto mais rápido fosse desembaraçado da carga melhor era para o armador e para o porto.
Os guindastes mais modernos da marca MAN tinham lança (o chamado braço, telescopic boom en inglês) com mais mobilidade e raio de acção, que chegava a 18 metros nos últimos a ser adquiridos.
Os guindastes de cima deviam ser os oito recentemente adquiridos de 3 toneladas. Têm lança móvel (o braço tem uma dobra) e movimento de rotação. Não se vê muito bem na foto mas por baixo passam duas vias férreas, quer dizer podiam aí circular duas composições ferroviárias. Em contraste, ao fundo vê-se guindastes com lança fixa e com abertura na base só para passar uma composição ferroviária (só havia seis desses).
Guindastes MAN em 1937 próximos da ponta do cais mais junto à cidade, com os navios à direita da foto |
Porto em 1935 vendo-se guindastes com gabarit duplo mas lança fixa |
Porto em 1938 com vagão da África do Sul, trabalhadores e guindastes de lança móvel ao fundo. |
Pare além dos guindastes que se moviam junto aos navios, outros mais pequenos podiam-se mover ao longo do recinto para outro tipo de trabalhos. Havia também tratores para rebocar vagões mas ainda era necessário trabalho manual por exemplo na foto de cima para descarregar os vagões para as redes com que os guindastes iam pegar vários sacos juntos. Era também com trabalho manual que se descarregavam os vagões para os armazéns quando as mercadorias não seguiam directamente para os navios.
Entre cada dois armazéns junto ao cais havia o espaço livre correspondente a mais um, pois nem todas mercadorias precisavam de ficar cobertas e podiam esperar nesses terreiros.
Havia um armazém grande formado por dois onde passavam linhas pelo interior para o tráfego da cidade para a África do Sul.
Entre cada dois armazéns junto ao cais havia o espaço livre correspondente a mais um, pois nem todas mercadorias precisavam de ficar cobertas e podiam esperar nesses terreiros.
Havia um armazém grande formado por dois onde passavam linhas pelo interior para o tráfego da cidade para a África do Sul.
Porto em 1938, ao fundo guindastes de lança móvel aparentemente a trabalhar aos pares |
Porto em 1913 com vagão dos CFLM. |
Eng. Pinto Teixeira à direita entregando as chaves da cidade a Carmona na tribuna de honra da Praça 7 de Março em 1939 |
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