Porto de LM - Gare marítima e de triagem, vias férreas e situação em 1936 e nos anos 60

As FOTOS  2 a 5 em que esta mensagem se baseia são origináriamente do Facebook de Humberto da Silva Almeida e aqui corrigidas e reproduzidas com a devida vénia. Devem ser duma revista publicada no final dos anos 60, início dos 70.

FOTO 1 de Santos Rufino de cerca de 1929
Linhas vistas para oeste cerca de 1929 (foto já vista parcialmente)
Na FOTO 1 que é a mais antiga nesta mensagem vemos o recinto do porto de Lourenço Marques, actual Maputo para ocidente, ficando para o fundo o vale do Infulene. Foi por esse lado oposto à Baixa da cidade que se fez a via férrea inicial para Ressano Garcia e se foram depois acrescentando as outras ligações. Penso que a tudo isto se chamava técnicamente gare marítima pois era usada para os vagões que serviam o porto, sendo a chamada gare de passageiros a que se vê a começar no canto inferior direito.
Mais ou menos a meio do recinto do porto ficava o grande complexo oficinal dos CFM (Caminhos de Ferro  Moçambique (CFM). Ver também esta mensagem e esta sobre o porto em 1972.

FOTO 2
Oficinas dos CFM em primeiro plano. 
verde: terminal do açúcar, em direcção à estação dos caminhos de ferro
As linhas de caminho de ferro principais no recinto passam do lado esquerdo, ou seja para norte das oficinas e entre elas e estrada das estâncias que ficava já no exterior. À direita vê-se a parte final a ocidente = oeste da ponte-cais Gorjão que se estendia por três quilómetros daí para a entrada do estuário. Ao fundo vê-se o terminal do açúcar que foi construido em 1967-68 e que servirá de referência para as fotos seguintes.
A FOTO 3 é mais para ocidente do que a FOTO 2 e oferece uma vista muito completa da das instalações portuárias vistas do extremo a oeste e com a gare de triagem digamos dos anos 30 a 50 em primeiro plano:
FOTO 3
Vista para leste = nascente das instalações portuárias  
com grande número de feixes de linha em primeiro plano
verde: terminal do açúcar ao fundo perto da pone-vais
Nota-se que as oficinas ficavam aproximadamente a meio do comprimento total do recinto, partindo do limite inferior desta foto que seria perto do seu limite a ocidente. Como o vale do Infulene mais a ocidente ainda era atravessado por poucas linhas pode-se ver que os feixes se começam a concentrar. A zona um pouco adiante à direita com um grande pavilhão ao centro antes do depósito de máquinas semi-circular é da gare de triagem. 
Agora uma foto mais junto ao estuário e para leste = nascente da posição da FOTO 3 e mais ou menos ao lado para sul da posição da FOTO 2. Nela vê-se na zona destinada ao terminal dos contentores que estava em construção, que o novo cais estava já a funcionar mas que para o interior o aterro feito sobre o estuário não estava ainda enxuto e por isso não tinha sido pavimentado.

FOTO 4
verde: terminal do açúcar, continuando a servir de referência
Na FOTO 5 vemos instalações dos CFM que deviam ser modernas na altura e que por isso penso serem na zona da Machava, para o interior da zona do cais de minério.

 FOTO 5
Gare de mercadorias dos CFM
 para o porto de Lourenço Marques, actual Maputo
Como dissemos as FOTOS de 2 a 6 são do final dos anos 60, início dos 70. O Eng Pinto Teixeira explicava em 1936 os seus serviços de que era director. Fisicamente a situação a que se referia devia ser ainda relativamente próxima da que se vê na FOTO 1 de cerca de 1929 e muito diferente da das FOTOS 2 a 5. Mas o desenvolvimento deu-se em torno da infraestrutura original que deve em grande parte ter permanecido e as funções principais do porto e CFM deviam ser mais ou menos as mesmas, por isso é interessante ver a sua descrição olhando para as imagens muito posteriores. 
Dizia o Eng Pinto Teixeira que para serviço privativo do porto havia uma gare marítima com 85 km de via assente e tendo feixes de entrada e saída de combóios, feixes de triagem de material conforme o seu destino para os navios ou as estações a que se destinavam. Tinha também feixes de linha para estacionamento do material carregado e vazio para ocorrer aos pedidos que apareciam conforme a entrada de navios no porto, o que deve ser o que se via na FOTO 3 talvez depois de expansão para ocidente. 
Em 1936 as necessidades maiores para o porto eram adquirir mais um rebocador de alto-mar apto a segurar os maiores navios e dragar o canal da Polana até aos 10 metros para que os navios mais modernos, normalmente a atingirem acima das 20 000 toneladas de arqueação, pudessem entrar sem demoras (sem ter de esperar pela maré alta?) para o que possívelmente seria necessário outra draga. Seria então preciso preparar uma porção do cais com a profundidade necessária a navios com 40 pés de calado. Na linha de caminho de ferro para a África do Sul era necessário substituir o carril por outro mais pesado para suportar locomotivas mais potentes, reforçar a sinalização para aumentar a velocidade e densidade da circulação.

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