Voltamos a falar do prédio "Baptista de Carvalho" de Lourenço Marques (LM) actual Maputo numa primeira parte resumindo o que Alfredo Pereira de Lima (APL) expôs no seu livro Edifícios Históricos.
Diz APL que Baptista de Carvalho, que foi construtor e proprietário deste prédio chegou a Moçambique como operário da expedição das Obras Públicas (ou dos Engenheiros) de 1877 e depois estabeleceu-se por conta própria com uma firma comercial. Dedicou-se também ao serviço público e foi durante muitos anos vogal da Câmara Municipal.
Estava assim o prédio nos anos 60 e rodeado de outros muito mais modernos:
Diz APL que Baptista de Carvalho, que foi construtor e proprietário deste prédio chegou a Moçambique como operário da expedição das Obras Públicas (ou dos Engenheiros) de 1877 e depois estabeleceu-se por conta própria com uma firma comercial. Dedicou-se também ao serviço público e foi durante muitos anos vogal da Câmara Municipal.
Estava assim o prédio nos anos 60 e rodeado de outros muito mais modernos:
FOTO 1
Prédio Baptista na esquina da Rua Lapa com a Rua da Imprensa
Reprodução do original de Alfredo Pereira de Lima
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Para se ter a noção da rápida evolução da zona, o ponto donde se tirou a FOTO 1 era praia quando o prédio foi construido em 1890. Em 1894 (ou 1892, há discrepância nas fontes) o seu primeiro andar foi alugado à Câmara Municipal que vinha do Palacete dos Azulejos. Foi neste prédio que em 1894 se organisou a defesa da cidade até o ataque dos rebeldes ter sido parado junto ao Quartel do Alto-Maé. O Tribunal Judicial, que foi a segunda utilização prevista para a Casa de Ferro mas que esteve lá pouco tempo instalado, veio em 1895 veio para o rés-do-chão do prédio Baptista enquanto no primeiro andar continuava a Câmara. Esta saiu do prédio em 1901 quando passou para o edifício próprio a cerca de 300 metros deste local.
Aqui um anúncio da Casa Baptista em 1910:
Em 1914 houve um grande incêndio no prédio Baptista de Carvalho, onde ele na altura residia (segundo APL mas pelo anúnciio devia já ser o filho) e tinha o comércio. Só os armazéns que eram separados (mas não é explicado onde) se salvaram. No prédio encostado ao Baptista como se vê na FOTO 2 e antes do de depois veio a ser o prédio Nauticus havia o restaurante e pensão de Serafim Pombal que também foi afectado pelo incêndio. Depois disso o prédio Baptista foi restaurado e passou a ser o Restaurante e Hotel (de baixa gama) Cruzeiro do Sul. Na segunda metade dos anos 60 foi demolido para dar lugar à ampliação do Hotel Tivoli.
Aqui um anúncio da Casa Baptista em 1910:
Grandes armazéns fundados em 1877 |
A FOTO 2 tal como a FOTO 1 deve ser do início dos anos 60 pois nelas já se via o prédio do Hotel Tivoli à direita do Baptista (para norte) em vez das casas térreas da FOTO 4 e do que havia na FOTO 3 apontado com a seta azul. Mas como se pode ver o Hotel Tivoli estava numa primeira fase de construção ainda só junto à Av. da República, actual 25 de Setembro.
FOTO 2
Laranja: Rua da Imprensa
Rosa: Rua Joaquim Lapa, actual Slovo
Amarelo: Prédio Baptista de CarvalhoVerde: Casa Pfaff, antes Grand Hotel Azul: Hotel Tivoli na primeira fase Castanho: Av. da República, actual 25 de Setembro Roxo: Travessa Baptista de Carvalho/do Baluarte, actual do Notícias |
Recuemos para os anos 40/50 com a conhecida foto aérea da zona:
FOTO 3
Mesma legenda que na FOTO 2,
excepto haver casas térreas em vez do Hotel Tivoli
na esquina da Rua da Imprensa com a Av. da República.
Na FOTO 3 a zona não edifícada foi parte do antigo aterro. mas a da capitania também foi.
Dando um salto para o passado eis o prédio do Baptista mais ou menos no ano em que foi construido, 1890. É (mais uma) vista da barreira da Maxaquene para o lado oriental = leste da Baixa da cidade que era inicialmente conhecido por "arrabalde".
Dando um salto para o passado eis o prédio do Baptista mais ou menos no ano em que foi construido, 1890. É (mais uma) vista da barreira da Maxaquene para o lado oriental = leste da Baixa da cidade que era inicialmente conhecido por "arrabalde".
FOTO 4
Prédio do Baptista pintado de branco ao centro, cerca de 1890. Para lá dele, depois das feitorias e cais temos o estuário e ao fundo a Catembe. |
Na foto de Santos Rufino publicada em 1929 da estação de incêndio, os veículos estão numerados e naturalmente os primeiros de tracção animal já tinham sido abandonados. Assim o número 1 era da Merryweather que podemos ver à esquerda na MONTAGEM 1 confirmando-se pela inscrição no radiador. A foto só dá a uma vista parcial mas usando-a para comparar com os modelos dessa marca de 1912 e de 1913 parece ser mais semelhante com o modelo de 1912, embora não seja igual. Noto que estes veículos deviam ser feitos por encomenda para cada cliente por isso, apesar da base comum, raramente deviam ser idênticos em todos os pormenores do desenho.
MONTAGEM
Modelos Merryweather entre 1912 e 1913 |
O de LM à esquerda é mais parecido com o de 1913 mas não é igual. O modelo Princess Alice é de 1912 como é dito ser o ano da bomba automóvel de LM mas podia ser uma variante do modelo normal.
Comentários
Os meus cumprimentos.
Ao ver a fotografía nº 1 tive a surpresa de verificar que ao redor da prisao existía o que me paresse ser um muro! Nao é que seja estranho um muro ao redor do edificio de uma prisao, é que, realmente, nunca tinha visto um muro na de L.Marques.
Agradeço me confirme, se possivel, esta minha surpresa.
Um abraço, Kanimambo.
Os meus cumprimentos
Muito obrigado pela aclaraçao do "misterio" do muro da Cadeia Civil.
Depois de a ter lido fui repassar as fotografías antigas que tenho arquivadas, e, realmente, existiam as construcçoes a que se refere.
Mas, tambem constatei, que, n'uma fotografía de 1893, o que existía no lado orientado a Av Augusto Castilho era um murete que sustentava uma vedaçao de rede; ¿Possivel substituiçao do muro? é muito provavel que sim.
Grato pelo seu interesse, e a satisfaçao por verificar que, a pesar dos anos transcurridos,a nossa querida Cidade continua a despertar o interesse de uns cuantos "Kokuanas".
Un abraçao.