A baía do Espírito Santo tem largura máxima
de 26 milhas (no eixo norte - sul) e 21 milhas de comprimento (no eixo leste -
oeste) das Ilhas da Inhaca e dos Portugueses até à foz do
estuário do Espirito Santo.
Para possibilitar o desenvolvimento do porto
de Lourenço Marques (LM), a partir de 1875 começaram-se a colocar balizas,
bóias e faróis nos limites da baía. Na wikipedia diz-se que entre 1894 e 1900 à
entrada da baía naufragaram 9 navios e para resolver o problema tiveram de ser
construidos dois faróis, um na Ilha da Inhaca e outro para sinalizar o baixo de
Cockburn. Por seu lado Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras que já não falam" de 1972 apresenta uma lista de 19 naufrágios ocorridos na baía entre 1894 e 1917 em diversas posições e por diversos motivos.
Farol de Cockburn à entrada da baía tal como foi
construido. Assentava num banco de areia. |
Fase seguinte do farol de Cockburn nos anos 20 |
Diz o texto sobre faróis em Moçambique de António Sopa e Laura Chirindja que este farol foi inaugurado em 1901 e destruído em 1965 pela depressão "Claude". Em 1952 foi-lhe dado o nome do Eng. Vasconcelos e Sá (1862-1953) oficial de Engenharia que era director das obras do porto e que o construiu em oito meses depois de seis tentativas falhadas por dois empreiteiros especializados estrangeiros. A construção do farol parece ter sido um acontecimento marcante na engenharia portuguesa e nos mapas da cidade de Maputo ainda há uma rua com o nome do engenheiro. Se pensarmos que sem o farol o porto não se tinha desenvolvido ...
Podemos compreender na carta da baía em 1903 para que serviam esses dois faróis do lado do mar aberto. Os navios aproximavam-se orientando-se pelo farol na ponta norte da ilha da Inhaca. Depois alinhavam pelo farol de Cockburn para seguirem por um canal com 30 pés = 9.1 m na maré baixa e 44 pés = 13.4 m de profundidade que os conduzia na direcção do noroeste.
Como se vê o canal ficava entre dois baixos. No início do século essa profundidade chegava para todos os navios mas em 1936 devia ser necessário dragá-lo pois o canal da Polana quase a chegar à barra junto à Ponta Vermelha tinha de ser dragado para 10 metros de profundidade para os navios maiores.
Depois de contornarem o farol de Cockburn os navios dirigiam-se a LM orientando-se pelos faróis da Ponta Vermelha e da Catembe e devia haver uma baliza ou bóia onde flectiam para a direita.
Na carta seguinte (Bahia de LM de 1903) temos do lado direito as duas ilhas no limite do mar aberto e do lado esquerdo o estuário e a cidade (noto que o baixo Ribeiro é também conhecido por Leek).
Como se vê o canal ficava entre dois baixos. No início do século essa profundidade chegava para todos os navios mas em 1936 devia ser necessário dragá-lo pois o canal da Polana quase a chegar à barra junto à Ponta Vermelha tinha de ser dragado para 10 metros de profundidade para os navios maiores.
Depois de contornarem o farol de Cockburn os navios dirigiam-se a LM orientando-se pelos faróis da Ponta Vermelha e da Catembe e devia haver uma baliza ou bóia onde flectiam para a direita.
Na carta seguinte (Bahia de LM de 1903) temos do lado direito as duas ilhas no limite do mar aberto e do lado esquerdo o estuário e a cidade (noto que o baixo Ribeiro é também conhecido por Leek).
Bahia de LM de 1903
Castanho: limite da terra em torno da baía Azul: rota do mar aberto para o estuário = porto passando pelo canal Cockburn até se contornar o farol Branco: Ilha da Inhaca com um farol a norte Laranja claro: Ilha dos Portugueses, também chamada dos Elefantes Vermelho: farol na Ponta Vermelha de Lourenço Marques Roxo: farol na Catembe Rosa: ponta da Macaneta Verde: Ilha Xefina grande |
POdemos ver os desenhos do farol e da marca da Catembe que lhe ficava ao lado cerca de 1903:
Farol com torre metálica cerca de 1929. Poderia ser ou o da Catembe ou um na Ilha Xefina? |
Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras que já não falam" de 1972 dá muitos mais dados sobre os sistemas de navegação na baía para o final do século XIX (19). Em 1877 foi instalado o farol da Ponta Vermelha e em 1878 uma baliza na Inhaca, outra na Ilha dos Elefantes (ou dos Portugueses marcada a "laranja claro" na carta) com bóias iluminadas tipo Pintch parece que substituindo a primeira e fundeou-se um barco-farol no canal de Cockburn que se veio a afundar em 1880. Em 1882 um relatório considerava indispensável marcar os baixios de Cockburn, Hope, Cutfield e a ilha da Xefina. Em 1884 levantou-se uma baliza na ponta oeste da Ilha dos Elefantes que dava o alinhamento do canal de Cockburn (pode-se ver na carta que a ilha e o baixo ficam quase no mesmo meridiano) e um farol no baixo Fawn que aparece no mapa de cima para a esquerda do farol de Cockburn. Em 1888 foram compradas seis bóias luminosas com reservatórios para gás à "Societé Internationale d'Eclairage par le gaz de l'huile" e neste artigo fala-se desse tipo de gás, desta firma e dos seus equipamentos e do term Pintch mencionado em cima.
Passamos para tempos recentes com a foto dum farolim na baía que o autor localizou a cerca de 1/4 da distância entre a ponta da Macaneta e a Ilha dos Portugueses. A torre parece moderna mas a base em betão deve ser antiga:
Passamos para tempos recentes com a foto dum farolim na baía que o autor localizou a cerca de 1/4 da distância entre a ponta da Macaneta e a Ilha dos Portugueses. A torre parece moderna mas a base em betão deve ser antiga:
Farol à entrada da baía de Maputo
|
E para completar as tecnologias de ajuda à navegação que estavam disponíveis no início do século XX (20), uma bóia que tal como a torre do farol de cima deve ser moderna e mostrámos balizas na mensagem anterior. Acho a baliza e o farol é são fixos mas o farol tem feixe de luz rotativo e na baliza a luz é fixa e mais fraca, e a bóia e a baliza tem o mesmo tipo de luz mas a bóia está ancorada por isso sem fundação até ao leito do mar.
Bóia n. 5 a meio da entrada na baía de Maputo
|
"Logo para fora da ponta da baixo, encontram-se fundos de 20 m a 26 m, perto do ponto de concorrência dos três canaes mais importantes que dão accesso á bahia. Foi attendendo a esta excepcional circumstancia que, apezar do despacho ministerial de 3 de dezembro de 1893, a commissão dos melhoramentos do porto insistiu pela collocação duma luz na ponta N. do baixo da Inhaca, conseguindo em 1896 auctorisação do Commissario Régio para adjudicar em concurso publico a construcção do almejado pharol.
A lanterna do pharol, casa de habitação dos guardas e suas dependências deviam ser montadas sobre pilares de ferro com fundações do systema Mitchell, e a luz devia ser branca, fixa, com o alcance de 10 milhas.
Quatro tentativas infructiferas se fizeram para começar a construcção do pharol; as três primeiras por conta do adjudicatário, que á terceira abandonou os trabalhos, e a quarta por conta d'uns empreiteiros ingleses, que, em principio de 1899, chegaram a ter um grande andaime de ferro armado e prompto a assentar, em Porto Melville, onde foi derrubado por um temporal, ficando os pobres homens sem recursos para recomeçar os trabalhos.
Ainda d'esta vez a commissão não desistiu do seu intento e confiando a direcção da obra ao distincto engenheiro Vasconcellos e Sá, conseguiu ao cabo dè quatro annos e meio de persistência, em 1 de janeiro de 1901, accender uma luz no baixo da Inhaca nas condições exigidas, e com a cota de 13 m d'altura acima do máximo preamar. A posição approximada do pharol é: Latitude 25°,51',30" S. e longitude 32°,53',30" E. GW." o que é aqui 25°51'30"S 32°53'30"E.
Comentários