Porto de LM - Guindastes de várias gerações e memória

Nesta mensagem tinhamos falado principalmente dos guindastes de bitola dupla e lança móvel, que na altura em que o Eng. Pinto Teixeira escreveu o artigo eram os de última geração. Podemos ver agora imagens da geração precedente, com bitola dupla mas lança fixa.
A FOTO 1 é de 1937 e mostra a ponte-cais para nascente ou seja com vista para a ligação entre o estuário e a baía e por onde chegam os navios. Ao nível do guindaste número 15 estão vagões que permitem ver-se bem as três linhas de caminho de ferro no cais e o que significava a bitola dupla. Este ponto do cais era bastante longe da entrada como se pode ver pela posição do mastro dos sinais luminosos

FOTO 1
Guindastes 14 e 15 com outros de bitola dupla e lança fixa (braços sem dobra)
Recuando para cerca de 1929, em três fotos de Santos Rufino vemos o mesmo tipo de guindaste em operação:
FOTO 2
Guindastes 16 e 18 também de bitola dupla e lança fixa
FOTO 3
Guindaste 14 de bitola dupla e lança fixa descarregando mercadorias para o Rand
A FOTO 4 que já tinhamos visto com menos detalhe na mensagem do porto na origem de tudo é da zona perto da doca da capitania, à entrada do cais:


FOTO 4
De novo os guindastes 16 e 18.
Podemos ver que FOTO 4 esses dois guindastes estão na ponta oriental e que na FOTO 3 estavam mais para o centro do cais. Torna-se assim claro que podiam mudar de posição, quer dizer podiam sair dos carris junto ao cais e reentrar noutra posição onde fossem mais necessários. Devia haver por isso pontos ao longo do cais onde os carris dos guindastes tinham derivações, caminhos alternativos e finalmente junções.
Estes guindastes de bitola dupla e lança fixa talvez fossem os que estavam a ser montados em 1912 como se viu em algumas das fotos aqui.
Registei a FOTO 5 como se fosse do porto de Maputo mas não o consigo reconfirmar. Mostra um guindaste muito bem reabilitado e colocado ao centro duma rotunda aparentemente com o intuito de servir de museu ao ar livre.

FOTO 5
Guindaste número 6 recuperado junto a tanques de combustível
Não se consegue ver pormenores mas o guindaste é diferente dos de bitola dupla e lança fixa que vimos acima e tem desenho mais antiquado do que os de bitola dupla e lança móvel vistos na mensagem precedente. 
Comparando o guindaste da FOTO 5 com os guindastes mais antigos que se vêm na montagem de baixo e que são de bitola (gabarit) simples e lança fixa também parecem diferentes em alguns pormenores.
O Eng. Pinto Teixeira dizia em 1936 que os guindastes mais antigos com bitola (gabarit) simples e lança fixa eram seis e talvez o número 6, que não se vê muito bem em baixo, fosse diferente dos outros pois de facto tem um "xadrez" na estrutura de suporte da cabine que não se entende bem o que fosse. 


MONTAGEM 1
Ponte-cais no porto de Lourenço Marques cerca de 1910
Guindastes de bitola simples e lança fixa com números 4, 5 e 6, 
dois pares e um individual sem número 
Duma maneira ou de outra, a confirmar-se ser a FOTO 5 de Maputo e dum guindaste do porto, esse esforço de preservação e transmissão da memória técnica e industrial do início do século XX (20) para o futuro seria de louvar mas tenho pena que não tivesse sido também feito para o guindaste de 60/80 toneladas. 
Quanto às carvoeiras também desapareceram e suspeito que vemos em baixo imagens do desmantelamento da Mac Miller que sobreviveu mais tempo, pois as duas torres da carvoeira Provay foram desmanteladas em 1968 ainda durante a presença portuguesa em Moçambique.

MONTAGEM 2  
Mesma estrutura metálica dos dois lados ou não?
quadro à esquerda: desmantelamento de estruturas aparentemente no porto de Maputo
quadro à direita: carvoeira Mac Miller no porto, em cima imagens históricas, 
e em baixo a mais recente antes do desaparecimento.
Sobre os primeiros guindastes eléctricos do porto ver aí. 

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