Depois de ter falado da Travessa da Palmeira (TP) aqui, recupero uma parte do tema e completo-o em volta dum dos mais famosos postais da cidade de Lourenço Marques (dos irmãos Lazarus) e pelo menos para mim um dos seus símbolos pelo bucolismo patente doutra era.
FOTO 1a
Travessa da Palmeira cerca de 1900, parte do presídio (urbe inicial) |
FOTO 1 b
Travessa da Palmeira (TP) - foto mais completa. |
Da primeira casa à esquerda vê-se os algerozes (Alexandre Lobato). À direita vemos o que seria uma das outras casas de alvenaria iniciais da cidade. Estava numa esquina e podemos agora localizá-la através da FOTO 2 dos anos 50/60 mostrando a TP antes do cruzamento com a Rua da Gávea que se vê a passar na transversal e é por onde vai o jovem empurrando o carrinho de mão.
FOTO 2Casa histórica na esquina da TP com a Rua da Gávea a passar na transversal Na sua porta pequena era Casa das Chaves |
Podemos ver na FOTO 2, à esquerda da esquina da casa as mesmas duas portas que se viam nas FOTOS 1 na casa à direita e a seguir ao senhor vestino à indiano. Ele estaria então no cruzamento da TP, de que se vê a parte mais a norte, com a Rua da Gávea em cuja parte mais a leste entrava o trabalhador levando o carrinho de mão.
A casa histórica na esquina que na FOTO 2 dos anos 50/60 tinha a loja CENTRO de LOUçAS como se vê no reclame luminoso pode ser reencontrda na FOTO 3 seguinte dos anos 60 do Arquivo Histórico de Moçambique, Colecção Iconográfica da Câmara Municipal de Lourenço Marques (Icon 115) e que foi tirada aprox. para NW (o sul à esquerda e o norte à direita):
FOTO 3
Localizamos assim a casa da esquina das FOTOS 1 no miolo deste quarteirão histórico de vias estreitas. O resto das casas eram mais pequenas e arcaicas e terão sido demolidas até aos anos 50 e 60 pelo que já não aparecem nas FOTOS 2 e 3.
Voltando às FOTOS 1 podemos então dizer que uns 12 metros para a frente donde ela foi tirada ficava o cruzamento com a Rua da Gávea (vê-se a sua abertura do lado direito antes da esquina). Então nas FOTOS 1 para o fundo da Travessa a uns 70 metros de distância seria a sua intersecção com a Rua da Linha que ficava no limite do burgo antes da linha de defesa e do pântano. A palmeira, que deve ter dado o nome à travessa, ficava então entre a rua da Gávea e a Consiglieri Pedroso, no quarteirão do Buccellato, actual Casa Hillman.
Podemos ver na FOTO 4 dum ponto alto o estado da casa da esquina há uns anos. É uma vista para poente = oeste em que aparece a TP a passar na transversal (direcção norte - sul) depois dos telhados em primeiro plano (foto tirada do Hotel Turismo).
FOTO 4
Seta rosa (canto inferior esquerdo): casa histórica da esquina já sem telhado, o que já era mau sinal. |
E casa histõrica da esquina estava já sem telhado o que era mau sinal do que estaria a acontecer. DE facto podemos ver ao nível da rua o que restava dela cerca de 2010, aparentemente só parte da fachadas:
FOTO 5
Do lado da Travessa da Palmeira, a esquina da casa tinha sido destruida e substituída pelo muro do lado direito. Parecia não ter miolo. |
Da casa histórica das FOTOS 1 restava a fachada mais para norte, a parte da porta pequena e onde penso esteve uma Casa da Chaves. Esta FOTO 5 permite-nos também ver como era o método de construção das primeiras casas em alvenaria da cidade.
A FOTO 6 seguinte mostra a TP para sul e é mais ou menos recente. À esquerda por trás do e para lá do poste metálico vê-se um monte de materiais de construção que deve ter resultado da demolição completa da casa histórica da esquina, já nem o que se via na FOTO 5 restava.
A FOTO 6 seguinte mostra a TP para sul e é mais ou menos recente. À esquerda por trás do e para lá do poste metálico vê-se um monte de materiais de construção que deve ter resultado da demolição completa da casa histórica da esquina, já nem o que se via na FOTO 5 restava.
FOTO 6
Vista para sul da TP vendo-se o cruzamento da Rua da Gávea antes do prédio com barra preta em baixo |
A casa histórica parece entâo ter sido demolida mas Google Maps em 2023 parece mostrar na sua posição uma construção que deve ser competamente nova, falta saber se respeita a traça e volume da inicial ou não. Mas com um pouco de esforço a cidade poderia ter continuado a dizer com orgulho que a casa que está espalhada por todo o mundo no postal das FOTOS 1 e 2 ainda existia. Porque se deixou chegar ao estado de ruína? Ouvi dizer que haveria um projecto de regeneração urbana da baixa de Maputo mas pelos vistos perdeu-se uma oportunidade de o começar sem ser no papel, já depois de se ter perdido esta oportunidade. É mesmo pena.
Outros pontos de interesse na zona:
Ao centro direita da FOTO 3 vê-se de frente um prédio modernista (art-deco) com o centro da fachada mais elevado aparecendo nas costas dele a mesquita antiga. Veja-se que na FOTO 4 vê-se o mesmo prédio art deco (o seu lado mais a norte pintado a azul claro) e numa altura em que a mesquita antiga estava quase demolida em preparação da construção da nova.
Na foto seguinte já se vê a nova mesquita por trás do referido prédio modernista (art-deco) e por isso a FOTO 7 é mais recente que a FOTO 6. Noto que na FOTO 7 não se consegue ver à esquerda a Rua da Gávea e também não se consegue ver o pavimento da TP, só a sua abertura.
FOTO 7
Vista para nascente = oeste ao longo da Av 25 de Setembro. |
Boa notícia da FOTO 7 é então que prédio art modernista (art-deco) estava com aspecto mais reabilitado que na FOTO 4 (parte central e mais à esquerda) e que as suas lojas no rés do chão pareciam recuperadas. Pode-se confirmar isso nesta imagem retirada do video à Procura de Pancho mostrando uma vista para sul da TP.
FOTO 8
Prédio art modernista (art-deco) em três partes visto nas FOTOS 3, 4 e 7 aqui aparecendo à direita |
Esta FOTO 7 mostra então a Travessa da Palmeira na parte a norte da Rua da Gávea e com o
quarteirão da mesquita à direita = para poente = oeste deste local.
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