Esta histórica fábrica de óleos alimentares e sabão da cidade de Lourenço Marques (LM), actual Maputo fica na Av. Barre, antiga Paiva de Andrade no cruzamento com a Av. Manganhela, antiga Álvares Cabral.
Segundo o Livro d'Ouro a familia Ginwala era indiana de origem persa e religião zoroastriana (ver ao fim daqui o cemitério parsi em LM) e chegou a Moçambique no século XIX. No século XX foi muito activa na indústria de transformaçâo de oleaginosas e associou-se a Paulino dos Santos Gil para o relacionado fabrico de sabão.
Começamos com três fotos do site da companhia.
Esquina do edifício do escritório |
Torre de fabrico entre o escritório à esquerda e um pavilhão à direita |
Torre de fabrico e pavilhão da fábrica, à direita do escritório |
Passamos para o exterior da fábrica e a sua fachada com letras permite localizá-la na cidade:
Localizando tudo isto em imagem do Google Earth:
Passamos a uma foto antiga, talvez dos anos 50 acompanhada dum desenho reproduzido do antigo site da companhia:
Sabemos que houve um ramal de combóio nesta zona ocidental da Av. Álvares Cabral. Na foto de cima quem ia pela Av. Paiva de Andrade antes de chegar ao cruzamento com Av. Álvares Cabral via uns sinais à esquerda que devem estar relacionados com a linha como mostramos no exemplo seguinte:
E numa foto que presumo ser de 1937 aparece uma fábrica que não tenho a certeza ser a do Ginwala pois não se viam os tanques cilindricos depois existentes mas cujas instalações eram em geral semelhantes ao que agora existe. Pode o Ginwala ter sido criado em 1945 com base em instalações ou mesmo maquinaria existente anteriormente:
Extrato de MAPA EMPRESARIAL DE MOÇAMBIQUE de John Sutton (2014)
à esquerda: fachada da fábrica para a Av. Paiva de Andrade à direita: fachada para a Av. Álvares Cabral. |
Sinal de railroad crossing em Chicago Foto original LIFE |
Marcas como na imagem Google Earth em cima, mais: Preto: vagões de combóio na antiga Álvares Cabral Carmesim: antiga Av. da República frente à moageira |
A empresa foi criada em 1945 como uma empresa familiar de propriedade privada, pela família Ginwala, que residiam em Moçambique na época. O negócio da empresa envolvia a prensagem de oleaginosas para a produção de óleos alimentares brutos, que eram posteriormente exportados, principalmente para empresas estrangeiras que os utilizavam como inputs para a produção de óleos alimentares refinados. As pesadas máquinas de prensagem da Ginwala, provenientes da Alemanha, ainda estão atualmente em atividade, apesar de representarem uma pequena porção das operações da empresa. Uma pequena quantidade de produto não refinado pela Ginwala era vendido no mercado interno.
A Ginwala continuou a ser uma empresa privada durante o período de 1974–94, quando muitas empresas industriais do país foram nacionalizadas.
O Governo tomou posse das fábricas e instalações da empresa, mas alugava-as de volta à Ginwala, o que permitiu que o negócio continuasse como de costume. Logo após a independência, em 1975, uma parte da empresa foi comprada à família Ginwala pela empresa portuguesa Entreposto, que tinha interesses substanciais em Moçambique, particularmente em óleos alimentares e concessionários de veículos. Sob os seus novos proprietários, aempresa expandiu as suas atividades para o refino de óleos alimentares e iniciou a fabricação de sabonetes.
Foi no início de 1990 que as atividades da empresa assumiram a sua forma atual, uma vez que houve um investimento em novas fábricas e equipamentos que apoiaram a sua atividade principal de refino de óleos alimentares e sabonetes: produção de garrafas de plástico, processo de enchimento automático e a linha de produção contínua de sabonetes.
Em 2004, a Entreposto decidiu sair do sector dos óleos alimentares, com o objetivo de concentrar a sua atenção na sua principal atividade, concessionários de veículos. Esta vendeu a empresa Ginwala ao seu então Diretor-Geral, Carlos Oliveira, e a empresa tem sido uma empresa familiar de propriedade privada desde essa altura.
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