Temos fotos do site casacomum duma missa campal com a presença do Governador Geral de Moçambique, o General Bettencourt, em 1940. As duas primeiras fotos mostram a cerimónia a decorrer:
Benção das bandeiras da Mocidade Portuguesa (MP) |
Durante a missa com edifícios desconhecidos ao fundo |
Chegada do Governador recebido pela MP |
Mas que local era este? Primeira dica na foto seguinte:
MP desfilava frente ao General fazendo a guarda de honra |
O que se observa na foto de cima eram carris da linha do eléctrico no chão mas sem linha de alimentação por cima. Isso era normal sendo a foto de 1940 e tendo os carros eléctricos parado de circular em 1936. A linha de alimentação tinha sido retirada, para mais em zona tão elegante como veremos, mas para os carris era muito mais trabalhoso e na maioria dos casos ficaram no sítio tendo sido simplesmente sido cobertos por asfalto (ver aqui na foto 5).
Podia não ser, mas ao fundo da foto de cima vê-se um prédio com uma torre prismática de que nos faz lembrar qualquer coisa na zona da Ponta Vermelha e ao lado do qual passava uma das linhas de eléctrico (Secretaria do Governo).
Mas a foto seguinte tira as dúvidas:
À direita a parte triangular da platibanda do Quartel General na Ponta Vermelha |
A linha do eléctrico estaria aqui do lado direito e tapada pelos jovens da MP. O palácio do Governador ficava então para o fundo à direita a uns 400-500 m de distância do local desta parada.
É de crer então que a missa campal se tenha realizado nos terrenos arborizados que se vêm para a esquerda e que ficavam entre o Quartel General e a barreira da Ponta Vermelha, onde foi o farol e a sala de jantar de oficiais depois grémio militar. Essa foi zona de quartéis no início do século XX e houve por aí no tempo de Mousinho uma missa campal (ver na foto 5). Na sequência dessa missa pode o local ter-se tornado o palco para a realização deste tipo de cerimónias oficiais/religiosas mas para o confirmar seriam precisos mais exemplos.
O espólio do General Bettencourt que incluía estas fotos mas também muitos documentos escritos pessoais e oficiais foi comprado pelo Estado Português. Eu como pagador de impostos a esse Estado estou de acordo com a aquisição mas gostaria de perceber porque é que de seguida foi entregue ao Arquivo Histórico de Moçambique. O General Bettencourt foi um alto militar português que exerceu funções como cidadão português em Moçambique e o seu espólio estava em Portugal. O Estado Moçambicano não tem grande respeito, e apreço não tem nenhum, pelo tempo de administração portuguesa em Moçambique nem pela herança cultural recebida por essa via. Por exemplo o nome Sá de Miranda, um influente escritor do século XVI da língua portuguesa que afinal é a língua oficial de Moçambique e que tinha resistido até há pouco na toponímia de Maputo numa micro rua, foi mudado na derradeira leva de mudanças para Metical e o mesmo aconteceu aos nomes dos escritores portugueses também "eminentemente histórico/culturais" do Bairro dos Cronistas. Óbvio que Moçambique tem o direito de mudar os nomes das ruas as vezes que quiser (e seria ainda melhor se não fosse também à custa do dinheiro dos meus impostos), mas perante factos como esse em relação à cultura portuguesa, não teria bastado que fosse dado a Moçambique uma cópia dos arquivos do General Bettencourt, se Moçambique os quisesse? Habia mexmo nexexidade de xerem uj originaix?
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