Tinhamos já falado do Cais Holandês (CH), Ponte Holandesa ou Ponte Neherlandeza mas temos novos dados sobre essa infraestrutura e relacionados com a construção do caminho de ferro entre Lourenço Marques (LM) e Pretória.
Como dissemos aqui a Transvaal (República Boer ZAR) concessionou a linha em território sul africano a uma companhia holandesa, a NZASM ou ZASM. E como dissemos aqui foi a ZASM que construiu em LM em 1890 o CH visto não querer usar a ponte para barcaças construida por McMurdo em 1886/87 e que vimos aqui.
Este novo cais foi nos primeiros dois ou três anos da construção da linha a única possibilidade para desembarcar o material (fixo, circulante) adquirido pela ZASM aos fabricantes internacionais e que seria encaminhado até à fronteira de Ressano Garcia / Komatipoort pela via férrea concluída do lado português em 1890/91.
Temos também novas fotos dos arquivos holandeses (Memory of the Netherlands), pelo que penso o assunto ficará agora mais esclarecido.
Vista da BEREA (zona alta para os ingleses) do Alto-Maé para a borda do estuário
onde estava o Cais Holandês
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Mesma foto com mais detalhe ao centro onde estava o CH e suponho os armazéns e depósitos de materiais da ZASM. Vê-se também muitos combóios pois teriam de transportar as mercadorias descarregadas no CH e por aqui passava a linha principal de caminho de ferro da estação de Lourenço Marques (para a esquerda) para o vale do Infulene e Ressano Garcia.
Preto: Cais Holandês (CH) Roxo: armazém das abas largas que já nos apareceu aqui Amarelo: draga junto ao CH |
Outra foto com mais pormenor do cais e das construções (casas, armazém e depósitos) a montante. É o zoom duma foto tirada da barreira:
Branco: sobre a linha de caminho de ferro da estação de LM, para a esquerda à estação de Ressano Garcia, para a direita |
Na foto seguinte podemos ver o CH de perto. A presença da mesma draga que marcamos na foto de cima com a seta amarela não deixa dúvidas:
Vê-se que o CH tinha uma ponte com a primeira parte maciça e a parte final feita de estacas com tabuleiro e os guindastes em cima. Coimo dissemos antes Alfredo Pereira de Lima na obra História dos Caminhos de Ferro diz que o CH era metálico (suponho que se referia às estacas) com tabuleiro de madeira mas não referiu a primeira parte em alvenaria..
Via-se pelo menos dois guindastes a vapor a operar no CH. A draga andava a limpar o fundo do estuário para permitir às barcaças com maior calado acostar ao cais, os navios ainda fundeavam em frente ao cais para o centro do estuário. A areia dragada devia ser aproveitada para fazer aterros da zona pantanosa que estava em primeiro plano na foto.
Para finalizar um das locomotivas da ZASM que possivelmente foi desembarcada neste cais:
Locomotiva Driekleur (três cores como na bandeira da Holanda) da ZASM de 32 toneladas com o número 992 |
Esta foi a segunda das quatro locomotivas que fazia a passagem do lowveld para o highveld na zona de Waterval na África do Sul, uma zona de forte declive (ver aqui o perfil nessa zona, do site delagoabay) e onde se colocou uma linha com tracção adicional por cremalheira num carril central. Foi fabricada pela Emil Kessler's Maschinenfabrik Esslingen e chegou a África em 1894. Nas descidas estas locomotivas eram colocadas à frente dos combóios para os travar, nas subidas eram colocadas atrás para os empurrar, enquanto que as locomotivas normais das zonas planas eram colocadas nas posições opostas.
Alfredo Pereira de Lima na obra História dos Caminhos de Ferro diz também que o Cais Holandês emm 1895 foi alugado pelo governo português. Esse ano corresponde ao fim da construção da linha pela NZASM do lado sul-africano e por isso ao fim da necessidade premente da companhia para ter um cais próprio, não se pondo de lado de poder continuar a utilzá-lo só que sendo operado peloas portugueses.
Voltaremos à zona do Cais Holandês e pântano do Maé para mais dados interessantes.
Voltaremos à zona do Cais Holandês e pântano do Maé para mais dados interessantes.
Série completa sobre o cais holandês aqui.
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