Célebre foto com o senhor africano que não queria aparecer (com um olho) mas que queria olhar para a câmara (com o outro) |
Legendas originais: ponte metálica e muda de água |
Na segunda foto vê-se a locomotiva a abastecer de água dum tanque com nome Delagoa Bay, uma ponte metálica e ao fundo edifício que seria um depósito ou oficina num local que me é desconhecido da linha entre LM e Incomáti.
Já dissemos que são de C.S. Fowler as fotos tiradas (deixou de estar acessível na BNP!) entre 1886 e 1887 da construção do caminho de ferro que chegaram até nós num álbum e de que mostramos três brilhantes exemplos em cima. A investigadora Inês Vieira Gomes tinha referido num artigo sobre fotografia em Moçambique o seguinte: Pouco se sabe sobre C. S. Fowler, o responsável pelas fotografias do álbum. No entanto, pensa-se que este seria um engenheiro envolvido na construção da linha do caminho de ferro.
Já dissemos que são de C.S. Fowler as fotos tiradas (deixou de estar acessível na BNP!) entre 1886 e 1887 da construção do caminho de ferro que chegaram até nós num álbum e de que mostramos três brilhantes exemplos em cima. A investigadora Inês Vieira Gomes tinha referido num artigo sobre fotografia em Moçambique o seguinte: Pouco se sabe sobre C. S. Fowler, o responsável pelas fotografias do álbum. No entanto, pensa-se que este seria um engenheiro envolvido na construção da linha do caminho de ferro.
Confirmo agora através dum relatório dos trabalhos feito pós inauguração da linha que muito provávelmente Fowler não era exclusivamente fotógrafo. Não sei se esta foi a mesma fonte de Inês Vieira Gomes mas elaboro o assunto:
Entre 1888 e 89 um certo Fowler tinha feito uma "survey" da linha pelo que devia ser um agrimensor |
Se o C.S. Fowler autor das fotos fosse o agrimensor aqui mencionado seria um daqueles senhores ou senhoras que se vê com uns aparelhos tipo binóculo montados sobre tripés a tirar medidas nos terrenos antes de se fazerem estradas ou urbanizações. É também possível que Inês Vieira Gomes esteja certa ou seja que Fowler fosse um engenheiro e que a "survey" tivesse sido parte dessa competência.
Num caso ou noutro, com esse tipo de trabalho não seria de admirar que no decorrer da sua actividade principal esse Fowler fosse tirando as fotos. Se era já com objectivo de documentar os trabalhos, de apresentar um álbum ou se era por iniciativa pessoal depois aproveitada pela companhia não sei, mas acho que era usual esse registo profissional e as legendas detalhadas que aparecem nas fotos do ACTD indicam isso. É também de notar que na altura a fotografia requeria capacidades técnicas que me parecem relacionar-se com as da agrimensura.
Uma das questões que penso ser também agora respondida pela possibilidade de Fowler não ser exclusivamente fotógrafo tem a ver com datas. O empreiteiro do concessionário McMurdo só chegou a LM em Maio de 1887 mas as fotos de Fowler acompanharam os trabalhos preparatórios feitos pelo Estado desde Junho de 1886 (ver aqui porque foram esses trabalhos necessários). A questão é porque teria McMurdo colocado um fotógrafo (que até ver nos parecia profissional pela qualidade do seu trabalho) com tanta antecedência em Moçambique em relação à chegada do seu empreiteiro?
Uma das questões que penso ser também agora respondida pela possibilidade de Fowler não ser exclusivamente fotógrafo tem a ver com datas. O empreiteiro do concessionário McMurdo só chegou a LM em Maio de 1887 mas as fotos de Fowler acompanharam os trabalhos preparatórios feitos pelo Estado desde Junho de 1886 (ver aqui porque foram esses trabalhos necessários). A questão é porque teria McMurdo colocado um fotógrafo (que até ver nos parecia profissional pela qualidade do seu trabalho) com tanta antecedência em Moçambique em relação à chegada do seu empreiteiro?
A resposta provável à questão é que seria normal o concessionário (e seria até de esperar que o Estado o requeresse) ter algum pessoal especializado presente desde o início dos trabalhos para resolver eventuais problemas ou dúvidas sobre os planos. Para essa função a agrimensura seria uma das especialidades indicadas (embora pudesse haver também por exemplo engenheiros civis e mecânicos/ferroviários) e assim a presença do Fowler que fosse ao mesmo tempo fotógrafo e agrimensor estaria justificada.
Passando para o campo da psicologia, o facto de Fowler fazer parte das equipas que fotografa em principio devia ter tornado as suas fotografias com pessoas mais naturais. Será que se pode notar nestas fotos essa familiaridade entre a câmara e os fotografados? Questão para os especialistas.
Aproveito a oportunidade para dizer "a quem de direito" que uma parte destas fotos estão no ACTD mal identificadas pois é aí dito que são dum certo "C.S. Flower" e estão datadas de "1911?". Um benefício das fotos no ACTD são as legendas que são muito úteis e não estão no album da BNP, pena é serem só de parte das fotos.
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