Kiosks Garnier e de Fornasini na Praça 7 de Março de Lourenço Marques

FOTO 1
Kiosk Garnier, um restaurante com mesas postas
Um anúncio com este kiosk = quiosque que desconheciamos até agora foi encontrado por David Bayly e localizava-o na Praça da Banda de Lourenço Marques, actual Maputo. Isso indicava ser na actual Praça 25 de Junho, antiga 7 de Março mas conseguimos uma localização mais precisa. 
Pode-se ver que o kiosk tinha um edifício central relativamente pequeno e que parecia ser de alvenaria dado o telhado convencional em quatro águas, mas era rodeado de ampla cobertura pelo menos em três das faces e que abrigavam uma esplanada.
Já nos tinhamos referido a propósito da FOTO 2 com vista para sulque aparecia na posição que veio a ser a do Restaurante Pavilion um kiosk anterior. De facto ele parece corresponder ao da FOTO 1.

FOTO 2
Amarelo: coreto, daí a Praça da Banda dada para localização do kiosk Garnier
Azul: estuário
Vermelho: vê-se o telhado e uma cobertura como a do Garnier,
mas com extensão adicional para o lado esquerdo = nascente = leste
Castanho: barracão da alfândega
Roxo: kiosk Levy depois Ideal, ABC e Rialto
Laranja escuro: Alfândega antiga

Laranja claro: prolongamento da Rua Araújo, actual Bagamoyo
para leste = nascente que dividia a Praça
Essa provável localização do kiosk Garnier parece confirmar-se com outra foto da zona datada de entre cerca de 1904 e 1910. Essa FOTO 3 foi tirada do Capitania Buildings olhando para noroeste e no canto diametralmente oposto da Praça por isso rodando-se no sentido dos ponteiros do relógio uns 50 minutos em relação à posição da FOTO 2. Na posição que veio a ser a do Pavilion, vê-se um kiosk com telhado em quatro águas e rodeado de ampla cobertura tal como no Garnier.

FOTO 3 
Vermelho: semelhante ao kiosk Garnier da FOTO 1
Roxo: kiosk Levy depois ABC
Laranja escuro: Alfândega antiga
Laranja claro: prolongamento da Rua Araújo que dividia a Praça
e que foi absorvido por esta nos anos 40.
Penso assim ter localizado o kiosk Garnier. Parece-me que os historiadores luso-moçambicanos Alexandre Lobato e Alfredo Pereira de Lima não lhe fizeram referência ou pelos menos não lhe deram destaque nos seus escritos sobre o passado da cidade. 
A respeito de kiosks na Baixa de Lourenço Marques, o estudioso de fotografia em Moçambique Paulo Azevedo informa que em 1889 tinha sido atribuida a concessão para um kiosk para venda de refrescos, tabacos, papel, etc a um senhor Fornasini. Estaria para ser o único kiosk na Praça mas como sabemos essa exclusividade no início do século XX (20) já tinha sido revogada. Há uma boa foto do primeiro kiosk que mostramos aqui e ele talvez esteja numa das fotos de Manuel Romão Pereira de cerca de 1890, uma data que se coaduna com da nova informação. Parece ter estado na posição que foi depois do kiosk Levy por isso do lado norte do prolongamento da Rua Araújo e em frente ao Garnier/Pavilion. Teremos ficado agora a saber que terá sido Fornasini o seu primeiro proprietário, um personagem que parece ter ocupado lugar de relevo nos primórdios da vida comercial e social da urbe pois aparecem muitas referências ao seu nome. 

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