Livraria Minerva Central com homenagem ao fundador (de artigo de 2011) |
JAC chegou a Lourenço Marques aos 16 anos para trabalhar num estabelecimento de comércio geral. Para atender pedidos de fregueses começou a importar livros e em 1908 fundou a livraria, com 29 anos de idade. O primeiro estabelecimento foi na Rua Consiglieri Pedroso e ficava quase em frente à Rua António Furtado, a cerca de
cinquenta metros para a direita = oeste dos que aparecem nas fotos de Santos Rufino publicadas em 1929 (essa zona desapareceu cerca de 1940 para se fazer o prolongamento da Av. Manuel de Arriaga actual Marx) e a seguir juntou-lhe uma oficina
de tipografia. JAC enviava para todo o território de
Moçambique livros, revistas e jornais (pelo correio, acho eu) e fornecia gratuitamente livros de ensino a estudantes sem recursos.
Para desenvolver na população a leitura e facultar-lhe a aquisição de livros por preços mínimos, instituiu em 1936 uma Feira do Livro anual no seu estabelecimento. As obras eram importadas de Portugal europeu e do Brasil e havia-as também em espanhol, francês, italiano e inglês.
Para desenvolver na população a leitura e facultar-lhe a aquisição de livros por preços mínimos, instituiu em 1936 uma Feira do Livro anual no seu estabelecimento. As obras eram importadas de Portugal europeu e do Brasil e havia-as também em espanhol, francês, italiano e inglês.
É assim duma das primeiras edições da Feira do Livro da Minerva Central a foto seguinte:
Em 1940: João António de Carvalho com o General Bettencourt de chapéu na mão |
A foto de cima é da CasaComum.org e mostra a visita do Governador-Geral de Moçambique à Feira do Livro da Minerva Central e onde era dado destaque a autores portugueses do final do século XIX. Nas prateleiras envidraçadas vê-se também artigos de papelaria (tintas). Daqui aprendi que colocar os livros à venda em cima de mesas não é moda recente e outra reminiscência é que o Estado Novo não era contra toda a cultura ou educação, era só contra uma certa parte dela. Pois ...
Seguem-se duas fotos do Livro de Ouro (Douro):
Retrato de João António de Carvalho |
Livraria e papelaria MC no edifício moderno de cinco andares cerca de 1966 |
Agora imagens hollywoodianas de cerca de 1952 retiradas do filme Aspectos duma Capital realizado por Carlos Marques e disponibilizado pela Cinemateca Portuguesa, mostrando o interior da livraria, o seu pessoal e penso eu alguns clientes (como as imagens indicam isto passa-se de cerca do minuto 4:16 ao 4:40 e deduzo que aparecem juntas também imagens da tipografia). Dá ideia que se preparava na altura a feira do livro:
A MC também vendia equipamento para salas de aulas. |
Grande estátua da deusa Minerva no interior da loja |
O título a que MInerva apadrinhou a firma terá sido o ser a deusa das artes, do comércio e da sabedoria. Mas este artigo da wikipedia fala de muitas outras especialidades da deusa nas variantes grega e romana como sejam a magia, medicina, poesia, tecelagem, estratégia de guerra, excelência, misericórdia e a pátria.
Os primeiros anúncios da MC mostram que o logo da deusa romana com armadura e vista de perfil não foi adoptado logo no início. Os anúncios descrevem também com bastante detalhe a actividade da firma:
Em 1915, firma com cerca de sete anos de existência já com tipografia |
Texto de dois anúncios combinados |
Deusa Minerva na medalha da comemoração dos 100 anos
|
A firma Minerva Central permaneceu activa e de propriedade familiar depois da independência de Moçambique. Mas na senda das modernidades passou nos últimos tempos a ter um novo logo sem nenhuma ligação ao passado, apesar de na primeira foto desta mensagem e que é de 2011 o logo anterior estar ainda presente:
Minerva no logo mais recente. |
Nota-se também a junção da informática aos ramos iniciais de actividade e, pelo menos aqui, o desaparecimento da tipografia, à qual a certa altura tinha sido associada edição própria pela Minerva Central.
Comentários